sábado, 21 de abril de 2007

Mordomia

Notícia que a imprensa levou quinze anos para publicar

O jornal Folha de São Paulo de hoje publicou uma matéria, que talvez pouquíssimos brasileiros saibam algo a respeito, pelo fato de a imprensa nunca ter divulgado.

Você sabia que a Câmara dos Deputados dá assistência médica gratuita aos mais de 470 jornalistas ali credenciados e às suas famílias?

A Folha de hoje mostrou. Com um detalhe:

O benefício existe há pelo menos quinze anos – e, aparentemente, nunca ninguém publicou uma palavra sobre a mordomia. Segundo o jornal, o privilégio custou ao contribuinte no ano passado cerca de R$ 190 mil por 1.874 consultas ambulatoriais.

A revelação faz lembrar que até meados dos anos 1960 jornalista brasileiro tinha desconto de 50% em vôos domésticos e internacionais – presente de Getúlio Vargas aos meios de comunicação para baratear os custos de suas reportagens. Mas, para obter a meia passagem, o profissional nem precisava provar que estava a serviço: bastava dar a carteirada.

Resquício disso continuou a existir na Câmara até a década passada, informa também a Folha:

”Era comum a Casa bancar viagens internacionais de repórteres qpara que eles acompanhassem deputados ou participassem de eventos. Além das passagens, a Câmara pagava uma diária de US$ 200.”

”Acompanhar deputados” é uma expressão vergonhosa. Porque eles viajam quase sempre a passeio, sob a aparência de viagens de estudos, e os coleguinhas compartilhavam com eles do seu dolce far niente.

Opinião

Como qualquer assalariado, jornalista só deve ter os direitos trabalhistas assegurados na legislação. Receber qualquer benefício direto ou indireto, além daqueles, é passar uma rasteira na ética do ofício.

Como já dizia o economista Milton Friedman, não existe essa coisa chamada almoço grátis. Alguém sempre estará pagando a conta.

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