domingo, 8 de abril de 2007

Mudanças na gramática normativa

O fim do trema é só uma das mudanças que vão acontecer até o fim do ano com a língua portuguesa




Do site aprender


"A frequência com que eles leem no voo é heroica!". Ao que tudo indica, a frase inicial desse texto possui pelo menos quatro erros de ortografia. Mas até o final do ano, quando deve entrar em vigor o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela estará corretíssima.


Os países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única forma de escrever.


As mudanças só vão acontecer porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais do documento proposto em 1990.


Brasil e Cabo Verde já haviam assinado o acordo e esperavam a terceira adesão, que veio no final de 2006, em novembro, por São Tomé e Príncipe.


Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, inicia-se o período de transição no qual ministérios da educação, associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos recebem as novas regras ortográficas para, gradativamente, reimprimir livros, dicionários, etc.


O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais.


Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.


Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada.
Mas apesar as mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.


O que muda


As novas normas ortográficas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever "herva" e "húmido" para escrever "erva" e "úmido".


Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".


Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças que, a priori, parecem estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiro terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".


Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".


O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.


O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do "k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).


Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".


Houaiss


A escrita padronizada para todos os usuários do português foi um estandarte de Antônio Houaiss, um dos grandes homens de letras do Brasil contemporâneo, falecido em março de 1999.


O filólogo considerava importante que todos os países lusófonos tivessem uma mesma ortografia. No seu livro "Sugestões para uma política da língua", Antônio Houaiss defendia a essência de embasamentos comuns na variedade do português falado no Brasil e em Portugal.

12 comentários:

Heloísa Barbosa

Já existe alguma gramática que detalhe essas novas regras?

Trabalho com redação e tenho procurado.

Anônimo

Inadmissíveis estas mudanças.

Sílvia Líryo

Mais uma vez enfrentaremos uma mudança. Sinceramente, desejo que venha simplificar a vida de todos nós que, infelizmente, não conseguimos aprender até hoje as últimas modificações ocorridas e lá vem as mais novas. Tenho um carinho muito grande pela nossa gramática, sou realmente uma "normativista", amo as regras gramaticais, apesar das dificuldades enfrentadas, entretanto, a cada dificuldade que aparece, surge também a chance de aprender um pouco mais e isso é fantástico. Enfim, espero que seja um sucesso e que venhamos internalizar todos os conceitos com mais facilidade a fim de podermos falar e escrever com mais clareza e elegância essa língua tão bela e rica que é a nossa "língua portuguesa...

Anônimo

Mudança na gramática não aumentará a venda de livros nem o conhecimento dos países africanos acerca da nossa literatura, simplesmente porque eles NÃO LÊEM! Um povo que mal tem o que comer não liga para escritores de fábulas!
É perda de tempo porque há problemas mais urgentes como o sistema carcerário, a aplicação das leis, imunidade parlamentar, senadores e deputados líderes de tráfico de drogas e prostitutas, banalização das CPI's... etc

Anônimo

Concordo com Daniel...
acredito que o Brasil já tenhas problemas suficientes pra ter que se preocupar com mais um...
Ter que mudar o que aprendi por 18 anos e atentar para escrever corretamente segundo as novas regras gramaticais é distração...
talvez para tentar nos cegar, ou nos distrair quanto aos problemas, há muitos anos, mais urgentes; como: prostituição, tráfico de dogas, políticos corruptos que nunca foram punidos, etc...

Sem falar que os alunos hoje, não aprendem nem a ler e escrever... quanto mais fazer isso corretamente.

de: Jéssica Teixeira

Anônimo

Professor, gostaria de saber quando ira ser efetivada a implatação das novas normas? A transição dessa mudança ira até 2010? Já há gramática no mercado atualizada?

Anônimo

Sou contra as mudanças na gramática pelo simples fato de que passamos nossa vida inteira estudando "decorando" regrinhas para sabermos escrever direito e ainda temos dúvidas aí vem "o governo" e muda as regras algumas continuam mais uma que eu acredito que seja fundamental a trema, quem come linguiça??

Eles "acabaram" com a lógica.. a um tempo vi uma reportagem do programa Pânico na TV em que o Vesgo e o Sílvio pararam na frente de uma universidade e pediram para os universitários escreverem em um quadrinho a palavra corretamente antes e depois das mudanças que eu me lembre uma pessoa acertou com mudanças mais o mais frustante é que a maioria não acertou nem com a regra atual, pode!? e aí o governo muda... aqui no Brasil se o "camarada" desenha o nome ele é alfabetizado.. ao invés de tentarem mudar isso mudam o que já nem se sabia disso, só no Brasil mesmo :(

Anônimo

Por mim, até aceito uma mudança ou outra, mas a minha dúvida é: QUANDO eles vão parar de mudar? Quando a língua estiver perfeita. Perfeita para QUEM? Se for para um pequeno grupo de escritores e\ou cultos, esses aí não dão a mínima para o "povão" e, portanto, seriam egoístas, não merecendo mandar na mudança ortográfica. Se é para o "povão", deveriam começar a realizarem pesquisas GERAIS, como os jornais fazem(e não concentradas no centro do país, ou no sudeste, ou no nordeste).
E mesmo assim não seria possível chegar a um acordo: Enquanto alguns vão querer falar BEM informalmente, com uso de gírias e etc... , outros vão querer falar de um jeito culto e rebuscado (acho que é assim que se escreve...), e ainda outros (como eu ^^) vão querer falar de um jeito informal mas não errado(como um equilíbrio entre formal e informal.

É para isso que, na minha opinião, existe a diferênciação entre a línguagem formal (ou linguagem culta), e a linguagem informal.

Anônimo

Por mim, até aceito uma mudança ou outra, mas a minha dúvida é: QUANDO eles vão parar de mudar? Quando a língua estiver perfeita. Perfeita para QUEM? Se for para um pequeno grupo de escritores e\ou cultos, esses aí não dão a mínima para o "povão" e, portanto, seriam egoístas, não merecendo mandar na mudança ortográfica. Se é para o "povão", deveriam começar a realizarem pesquisas GERAIS, como os jornais fazem (e não concentradas no centro do país, ou no sudeste, ou no nordeste).
E mesmo assim não seria possível chegar a um acordo: Enquanto alguns vão querer falar BEM informalmente, com uso de gírias e etc... , outros vão querer falar de um jeito culto e rebuscado (acho que é assim que se escreve...), e ainda outros (como eu ^^) vão querer falar de um jeito informal mas não errado(como um equilíbrio entre formal e informal.

É para isso que, na minha opinião, existe a diferenciação entre a linguagem formal (ou linguagem culta), e a linguagem informal.

Meu cotidiano

Nosso país necessita de outras mudanças e não na gramática , pois esta não nos prejudica em nada!

Anônimo

o povo brasileiro e um povo que nao gosta de estudar .que ficar na ignorancia.

Felipe

Sejam bem-vindas essas mudanças. Vivo em Barcelona e recentemente me ofereceram uma posiçao de professor de Portugues para empresas. A primeira coisa que me perguntaram era se eu podia ensinar meus alunos a se comunicarem com Portugal.

O portugues chama portugues em todo lugar do mundo, então por que não normatizar tudo? Vai facilitar a todos e muito mais, será muito mais atrativa como lingua para extrangeiros, principalmente agora que o Brasil se mostra com uma nova potencia.

Mudanças são ruins na cabeça de quem tem medo de mudar!

Blog do Prof. Ozamir Lima - Designer: Segundo Freitas