domingo, 29 de julho de 2007

[VAIA] Herança que persegue os presidentes

Do Estado de S.Paulo

Getúlio Vargas, Arthur Bernardes, João Figueiredo, Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso, Campos Sales.

O presidente Lula disse ter ficado “triste” com a vaia que recebeu na abertura dos Jogos Pan-Americanos no Rio, na semana passada, mas não pode dizer que está sozinho.

Todos os ex-presidentes foram vítimas, em maior ou menor grau, de apupos durante seus mandatos.

Em 1979, Figueiredo, último dirigente do regime militar, teve de ser contido por seguranças para não entrar em confronto físico com estudantes que o vaiavam e chegaram a agredi-lo e aos ministros César Cals e Danilo Venturini, em Florianópolis, depois que ele comprimiu o indicador e o polegar para xingá-los de forma grosseira.

Vargas enfrentou, em 1954, nas comemorações do quarto centenário de São Paulo, sonora vaia de 15 minutos no Jockey Club. É que desde a Revolução de 1932 o mandatário gaúcho era visto como inimigo pelos paulistas, que o combateram.

Ao contrário de Lula, que perdeu a esportiva com as vaias e se negou a abrir o Pan, Vargas agiu como uma raposa velha da política e cochichou para o então ministro da Justiça e futuro presidente Tancredo Neves, enquanto fumava tranqüilamente seu cachimbo, segundo relato do historiador Fernando Jorge, autor do livro Getúlio Vargas e o seu Tempo, um Retrato em Luz e Sombra:

“Não sabia que o Garcez era tão impopular.” Lucas Nogueira Garcez era o governador paulista e estava ao seu lado. A filha de Vargas, Alzira, fechou a cara.

Nenhum presidente, no entanto, sofreu tanto com vaias quanto Arthur Bernardes, que governou o País de 1922 a 1926, permanentemente em estado de sítio.

No Rio, passando pela Avenida Rio Branco, Bernardes - austero mineiro educado no Colégio do Caraça - recebeu prolongados apupos de pessoas que chegaram a bater no seu carro, entre gritos de “seu Mé”, apelido que detestava.

Permaneceu, lívido, dentro do carro. Anos depois, ao assumir o cargo de senador, novamente foi vaiado, desta vez por Miguel Costa Filho, descendente do velho inimigo, Miguel Costa.

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