segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Professores decidem manter greve

Os professores da rede estadual, em assembléia na manhã de hoje, na Escola Estadual Winston Churchil, deliberaram pela continuação da greve no Estado, que já se estende por 37 dias. A categoria acatou alguns pontos da última proposta do Governo, mas também rechaçou outros, sob a orientação do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte/RN). O resultado da assembléia deverá ser encaminhado ainda na tarde desta segunda-feira à bancada governista na Assembléia Legislativa, para depois ser enviada à secretária de Educação, Ana Cristina Cabral.

Desde o início do movimento, os grevistas conseguiram o apoio de muitos políticos, como os deputados estaduais Fernando Mineiro, Álvaro Dias e Gustavo Carvalho, inclusive do Partido dos Trabalhadores (PT), que reconhece em nota oficial a legitimidade do movimento, indo de encontro com as ações do Governo do Estado. Até então, a secretária já ameaçou cortar os salários e até abrir processos administrativos contra os grevistas, além de cobrar dos diretores listas com o nome de quem não está em sala de aula.

A coordenadora do Sinte/RN, Fátima Cardoso, disse que a categoria manteve a greve, por grande maioria dos votos, motivada pela insatisfação com três pontos da última proposta governista, referentes às promoções verticais, reajuste de 29% e a formação da comissão de implantação do Plano de Cargos dos Funcionários da Educação. "O escalonamento a partir de 2008, podendo se estender até 2011, é muito tempo para termos direito a essas promoções, ainda porque é um problema bastante antigo. Alguns pontos dependem da pauta nacional que discute o piso único da categoria, que deve ser votado ainda este mês no Congresso", disse Fátima.

Entretanto, a dirigente sindical revela que a negociação avançou em outros pontos, pois os professores acataram a comissão de discussão do Plano Estadual de Educação e a resolução dos concursados em 2000. "Esses profissionais agora serão reconhecidos e passarão a ter seus direitos. Com relação ao plano de educação, a categoria e o sindicato sabem que é preciso, visando uma melhor qualidade do ensino público", afirma Fátima Cardoso.No decorrer da Assembléia que se estendeu por toda a manhã, os professores votaram quais serão os encaminhamentos a serem adotados nos próximos dois dias. Algumas proposições polêmicas, como a realização de um ato público com um “enterro” simbólico da secretária Ana Cristina e , também, da governadora Wilma de Faria e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram rejeitadas pela categoria, assim como um abaixo assinado pedindo a retirada da gestora da Educação. Além disso foi exposto que em uma decisão da base, os professores de Mossoró retornaram as aulas.

Fátima explica que o movimento não pretende partir para o radicalismo, sempre buscando a negociação, e que esta consciência está na cabeça dos professores. A sindicalista disse que a decisão da base tem que ser respeitada, no entanto, não representa a vontade da categoria em nível estadual. Ela destaca que os professores agendaram um ato público amanhã, às 15h, na sede do Sinte/RN, com possibilidade de se tornar uma caminhada à Assembléia e um novo encontro na quarta-feira, às 14h. "Não queremos radicalismo, queremos negociar e acho que estamos no caminho certo. Foram propostos alguns pontos que mexiam com valores que os professores, como educadores, não podem ser contrários. O movimento tem que ser maior do que o radicalismo, propomos que todo dia 10 de cada mês, até dezembro, os professores discutam em sala de aula a politização do movimento. Vamos discutir a reposição das aulas de forma integral", revela Fátima.

DEPUTADO QUER QUE AL VOLTE A MEDIAR A NEGOCIAÇÃO

O deputado estadual Álvaro Dias, presente na assembléia dos professores de hoje, disse que a comissão dos deputados que vinha mediando as negociações foi destituída, depois das atitudes adotadas pela secretária Ana Cristina na última semana. "Ela lançou uma proposta enquanto discutíamos o assunto, atropelando a comissão de deputados. Defendo o nosso retorno neste processo, pois nós deputados sabemos das dificuldades que estes 12 mil profissionais passam. Eles são explorados pelo Governo do Estado que paga muito mal. No entanto, a greve não é apenas salarial, mas também busca melhores qualidades de trabalho", disse Alvaro.

Repórter: Leonardo Dantas

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