sábado, 29 de setembro de 2007

Mais da metade dos alunos das universidades públicas estão entre os 20% mais ricos


Da Agência Brasil


Mais da metade dos alunos que freqüentam as universidades públicas brasileiras faz parte da faixa que compreende os 20% mais ricos da população. Na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), Eduardo Nunes, o dado divulgado hoje (28) na Síntese de Indicadores Sociais reflete as melhores condições de estudo que são oferecidas a crianças e jovens que pertencem a famílias com rendas mais elevadas.


"A entrada nas universidades públicas é feita por concurso bastante concorrido. O esforço das famílias com rendas mais altas em proporcionar um estudo mais profundo a seus filhos garante maiores chances de ingresso", afirmou.


Somado a esse fator, Nunes destacou o fato de que apesar do índice de trabalho infantil ter caído, em 2006 ainda havia três milhões de crianças nessa situação. Segundo o presidente do IBGE, essa realidade acaba comprometendo o rendimento escolar dessa população.


"Enquanto a população de baixa renda tiver a presença de crianças e jovens combinando escola com trabalho, as chances de concorrer a uma vaga em universidades públicas serão menores do que os que têm dedicação exclusiva aos estudos", disse.


A pesquisa, que traça uma radiografia da realidade social brasileira com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2006, aponta que quase sete em cada dez analfabetos são pessoas identificadas como preta ou parda. Segundo o estudo, eles totalizam 10 milhões de pessoas em todo o país.


Enquanto a taxa de analfabetismo entre os indivíduos com 15 anos ou mais de idade foi de 6,5% para os brancos, para pretos e pardos o índice é mais que o dobro: 14%. Os brancos também estudam, em média, dois anos a mais do que os pretos e pardos. Enquanto aqueles permanecem na escola por 8,1 anos, estes se dedicam aos estudos por 6,2 anos.


Outra diferença que o levantamento evidencia é em relação ao grau de escolaridade. 56% dos brancos estão na universidade, mas apenas 22% dos pretos e pardos alcançam esse nível de estudo. A conseqüência dessa desigualdade apontada pelos dados do IBGE é refletida também nos rendimentos.


Entre o grupo composto pelos 10% mais pobres, os brancos correspondiam a 26,1% do total, enquanto pretos e pardos representavam 73%. Já no grupo formado pelo 1% mais rico a situação se inverte: os brancos, com presença mais forte, somavam 86%; pretos e pardos eram 12% do total.


O estudo aponta também que mesmo quando o grau de escolaridade é semelhante, os rendimentos dos brancos são em média 40% maiores do que de pretos e pardos.

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