quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Homenagem aos Mártires

Beatos de Uruaçu e Cunhaú, os primeiros mártires do Brasil reconhecidos pelo Vaticano, receberão homenagens em vários pontos do RN

A comunidade católica do Estado celebra amanhã o Dia dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu. A novidade na celebração deste ano é que, pela primeira vez, será feriado estadual, de acordo com a lei nº 8.913, de 6 de dezembro de 2006, sancionada pela governadora Wilma de Faria. As homenagens aos mártires tiveram início no dia 23 de setembro, com uma motorromaria, se estendendo com a realização de novenários diariamente no monumento dos Mártires, em São Gonçalo do Amarante.



A festividade terminará nesta quarta-feira. Às 7 h haverá a missa na Igreja Matriz de São Gonçalo do Amarante e, no mesmo horário, sairá uma romaria motorizada, organizada por um grupo de jeepeiros de Natal, da Igreja de Santo Afonso, em Mirassol, passando por Cunhaú, em Canguaretama, chegando em Uruaçu, por volta das 13 horas. Na capela da Comunidade de Uruaçu, haverá missa, às 8h, às 10 e às 12 horas. No Monumento aos Mártires, às 13 h, terá início a Assembléia do Povo de Deus, com a participação de padres e fiéis de todas as paróquias da Arquidiocese.



O vigário geral da Arquidiocese de Natal, padre Robério Camilo, destaca que as atividades incluem apresentações teatrais sobre o martírio, diversas celebrações religiosas - inclusive a missa das 16h, presidida pelo arcebispo, dom Matias Patrício de Macêdo, e concelebrada pelos padres da Arquidiocese de Natal - e o encerramento com o show do padre João Carlos, salesiano de Recife/PE. "É uma prática da Igreja Católica este reconhecimento das pessoas que morreram pela fé. Todo cristão tem em seu destino, o martírio, pela pregação do evangelho, como Jesus fez, ou seja, ele pregava a palavra de Deus e incomodou a muitos. Além desse reconhecimento - o decreto do feriado -, a nossa intenção é tornar os mártires os padroeiros do Estado", diz o religioso.


NO SÉCULO 17


O martírio ocorreu no ano de 1645, quando o padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por soldados holandeses - que brigavam com Portugal por terras - e índios potiguares. No dia, os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú - município de Canguaretama, localizado a Zona Agreste do Rio Grande do Norte. Por seguirem a religião católica, tiveram que pagar com a própria vida o preço da fé, por causa da intolerância calvinista dos invasores.



Três meses depois, aconteceu outro martírio, onde 80 pessoas foram mortas por holandeses, entre elas, o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase "Louvado seja o Santíssimo Sacramento". O morticínio aconteceu na Comunidade Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante - a 18 km de Natal, litoral do RN.



Hoje, 362 anos depois, o evento transformou as vítimas nos primeiros mártires do Brasil, ou protomártires, com o martírio reconhecido em 21 de dezembro de 1998 pelo então papa João Paulo II e beatificados pelo Vaticano em 2005, em celebração com mais de mil brasileiros e presidida também por João Paulo II. Atualmente o monsenhor Francisco de Assis Pereira, que acompanhou o processo de beatificação, encontra-se no Vaticano trabalhando pela canonização dos mártires, que depende do reconhecimento de um milagre atribuído aos beatos.(L.D)

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