segunda-feira, 18 de maio de 2009

[APODI] Victor Wallas: chuteira de ouro da Traffic

Apodi - Tem 15 anos, 1,77 de altura e pesa 56 quilos. É tímido e paciente. Gosta de trocar por leitura o tempo que os outros garotos da idade dele aproveitam com farras. É habilidoso, tem raciocínio rápido e é forte na bola. Estas foram as características observadas pelo técnico de futebol Francisco de Assis, o "Diá", no estudante Victor Wallas Paiva Torres, no início de 2008, durante o Campeonato Estadual de 2ª Divisão, quando treinava a equipe de Futebol de Apodi.
Victor Wallas, na época com 14 anos, foi convidado pelo treinador Diá para as categorias de base do ABC. Depois de alguns meses, houve um desentendimento no alvinegro. Com ajuda de Diá, Victor Wallas ingressou no Centro de Treinamento do América, sob os cuidados de Carlos Moura Dourado, "Moura", ex-jogador do América. Oito meses depois, o ex-jogador Pitta, que entre outros clubes atuou pelo São Paulo Futebol Clube, fez uma "peneira" na escolhinha e selecionou quatro garotos.
Victor Wallas estava entre os que agradaram o olheiro Pitta, funcionário de John Calvert Toulmin, que é encarregado de recrutar jovens talentos na América do Sul para o Grupo Traffic. Os outros três garotos selecionados eram um de Felipe Guerra e dois de Mossoró. Os quatro têm mesma idade. Foram levados, com autorização dos pais, para o Centro de Treinamento de Porto Feliz, Traffic, na cidade de Barueri, no interior de São Paulo (SP), onde só Victor Wallas e Gildeon, de Mossoró, continuam. Os outros dois desistiram.
A Traffic é uma das maiores empresas do ramo de formação de jogador de futebol do mundo, com parceria com o Manchester United, da Inglaterra; Miami Futebol Clube, dos Estados Unidos; e o Ituano, do Brasil. Recentemente, a Traffic criou o Desportivo Brasil e inaugurou o luxuoso Centro de Treinamento de Porto Feliz, em Barueri, interior de São Paulo.
"Aqui a gente tem tudo para estudar e jogar futebol de alto nível", diz o tímido Victor Wallas, que é destaque na equipe da idade dele. Foi o artilheiro da competição passada, jogando com São Paulo, Santos, Corintians, entre outras grandes equipes do Campeonato Paulista.
Mas antes de ter uma oportunidade de ouro de se transformar num atleta profissional, Victor Wallas conviveu com dificuldades ao lado da mãe Maria Vanúsia de Oliveira Paiva, a irmã Vanessa Beatriz Paiva e o padrasto Manoel Carlos da Costa Filho, o "Manelão". Inclusive, até o final de 2007, ele estudava no Lar da Criança Pobre, em Apodi, e estava na lista do Bolsa Alimentação do Programa Fome Zero, do Governo Federal (recebia R$ 20,00 e sua mãe R$ 62,00). "Aqui quem sustenta a casa é só meu salário, que não é muito", conta Manelão.
Foi Manelão o responsável por desenvolver gosto pelo futebol no garoto. "Os dois tiravam meu juízo jogando a tarde inteira com bola de meia ou saco de plástico dentro de casa ou aí no beco", conta Vanúsia Paiva, pedindo licença para atender o celular. A ligação era a mulher de Moura, que se apresentou com o nome de Alessandra. "Ligou para conversar sobre meu filho e agora quer falar com você", diz, entregando o celular. Alessandra queria saber como e porque a reportagem procurou os pais do jovem atleta e não eles, que foram os responsáveis pela ida dele para São Paulo.
Foi explicado que o estudante Victor Wallas havia dado uma declaração, na Revista Veja da semana passada, mostrando muita determinação para realizar o sonho de ser jogador de futebol. "Pelo sonho de ser um jogador de futebol me sujeito a tudo", escreveu a revista. E a rotina é dura. Ele toma café às 7h e às 8h se apresenta no Centro de Treinamento. Volta às 10h30. Às 14h já deve estar de volta no campo, onde fica até às 17h30. Das 19h às 22h, é reservado aos estudos. Não pode tirar nota baixa.

Para Moura, Wallas está no lugar certo
Na escola de um a dez para se tornar um grande jogador de futebol, o jovem Victor Wallas já chegou ao nível oito. Para o ex-jogador Moura, o principal passo é ser descoberto na idade certa e pela pessoa certa. Segundo Moura, Victor Wallas está num ótimo centro de treinamento e depende somente de como ele vai reagir de agora em diante.
Moura disse que o jovem tendo sorte de ser encontrado na idade certa, é preciso ainda ter postura social, bom caráter, bater bem na bola e capacidade de se adaptar, às vezes, muito longe da família. Neste processo, segundo Moura, é muito importante o apoio da família e dos amigos, mesmo estes estando longe.
Sobre Victor Wallas, Moura disse que ele atualmente está na fase mais crítica e que ainda não é 100% certo que ele vai se tornar profissional. Na escala de uma a dez em superação, oito já se passaram. Agora é superar os dois pontos que faltam para chegar a uma grande equipe e fazer sucesso e realizar o grande sonho: jogar numa grande equipe do exterior e ganhar dinheiro.
Para tanto, Victor Wallas, segundo Moura, precisa treinar forte para aprimorar a técnica de finalização, estudar e ter a sorte de ser escolhido por uma grande equipe. Segundo Moura, Victor Wallas está no local certo, com a estrutura profissional ideal para deslanchar no futebol profissional.
Jornal de fato

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