sábado, 27 de junho de 2009

BOA TARDE, Cecília Meireles



PÁSSARO


Ele amava a água sem sede,
e, em verdade, tendo asas,
fitava o tempo,
livre de necessidade.

Não foi desejo ou imprudência:
não foi nada.
E o dia toca em silêncio
a desventura causada.

Se acaso isso é desventura:
ir-se a vida
sobre uma rosa tão bela,
por uma tênue ferida.

0 comentários:

Blog do Prof. Ozamir Lima - Designer: Segundo Freitas