terça-feira, 6 de julho de 2010

Cidade de 10 mil habitantes lidera índice do Ideb no Estado do Rio

Com média 6,1 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2009 no primeiro segmento (do 1º ao 5º ano), o município de Aperibé, no norte fluminense, foi o único do Estado do Rio de Janeiro com resultado acima da média 6, prevista como meta para 2022 pelo Ministério da Educação (MEC), patamar equivalente ao dos países mais desenvolvidos do mundo.

A pequena Aperibé, com pouco mais de 10 mil habitantes, também é uma das 61 cidades do Rio de Janeiro que cumpriram a meta para 2009. Dos 92 municípios do estado, um terço não atingiu as metas de desempenho tanto no 5º ano quanto no 8º ano. A principal atividade econômica do município é a metalurgia e, segundo dados de 2005 do IBGE, exibia um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de R$ 5.918,00.

A secretária de Educação de Aperibé, Cássia Rosane Pontes, atribuiu o bom resultado ao comprometimento dos profissionais de educação, consequência da valorização da profissão com investimentos em cursos de capacitação, compra de material didático e estrutura física, entre outros.

“As verbas federais são todas exclusivamente aplicadas na área de educação. Nosso plano de carreira do magistério vai ser revisado. No ano passado, o Plano Municipal de Educação foi criado com a participação de todos os profissionais da área. Apesar de sermos um município com pequena arrecadação, acreditamos que a educação é a mãe de todas as políticas sociais”, disse Cássia.

Professora da rede estadual do ensino médio, Cássia Pontes continua lecionando três vezes por semana no Centro Integrado de Educação Popular (Ciep) da cidade. “Na sala de aula, eu sinto na pele todos os problemas que meu professor enfrenta nas salas de aula do município e posso fazer um trabalho pensando na parte mais humana, e não apenas técnica, da administração pública”.

No extremo da lista do Ideb estão Campos dos Goytacazes e São João da Barra, municípios que apresentaram as piores médias (3,2 pontos e 3,3 pontos respectivamente) do estado. Paradoxalmente, são dois dos municípios mais beneficiados com os royalties do petróleo.

Ainda segundo o Ideb 2009, a rede estadual de ensino básico do Rio também apresentou desempenho desanimador nos dois segmentos. No ensino médio, a pontuação de 2,8 deixou as escolas estaduais do Rio com a segunda pior nota do Brasil, ao lado de Alagoas, do Rio Grande do Norte e do Amapá, e na frente apenas do Piauí.

Para a professora Mirian Apura, especialista na área de educação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a falta de um projeto político pedagógico no sentido de fazer com que alunos e professores sintam prazer no processo educacional e a falta de oportunidade para formação continuada dos profissionais de educação são alguns dos fatores que contribuem para a falência da educação no estado e no Brasil como um todo.

“Temos que parar com esse ziguezague educacional e dar continuidade aos projetos positivos. É preciso também fortalecer o elo escola-família para que ele seja permanente e que a escola não assuma toda a responsabilidade na educação”, disse a educadora. Ela também enfatizou a necessidade de se pensar em uma nova educação que vá além da sala de aula, incluindo novas tecnologias, que destaque a valorização do professor a começar por melhores salários.

“Um salário baixo leva o professor a exercer dois ou três cargos e prejudica o seu trabalho. Com o salário que nós temos é impossível desenvolver um trabalho de qualidade”. A média salarial de um professor de escola pública no Rio de Janeiro varia entre R$ 500 e R$ 700. Para a especialista, é um desestímulo ao exercício da profissão.
Folha de São Paulo

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