Álcool e falta de diálogo com família contribuem para iniciação sexual precoce de jovens
Jovens de baixa renda que pouco
se relacionam com os pais, pegam informações com amigos e consomem álcool com
regularidade são o perfil de quem inicia a vida sexual precocemente e sem
proteção. É o que mostra pesquisa da Central Única das Favelas (Cufa) feita em
três cidades da periferia de Brasília.
Os resultados foram obtidos por
meio da aplicação de questionários a 870 pessoas de baixa renda em três cidades
do Distrito Federal (DF): Estrutural, Arapoanga e Itapoã. A Cufa, no entanto,
divulgou apenas os números da Cidade Estrutural, a 15 quilômetros do centro de
Brasília. Os dados referentes às outras cidades serão apresentados nos próximos
dois fins de semana.
De acordo com Max Maciel,
coordenador-geral da Cufa no DF, o que mais chamou a atenção entre os moradores
da Cidade Estrutural, onde 292 pessoas foram entrevistadas, é a baixa
predominância da família tradicional, com pai, mãe e irmãos. De acordo com o
levantamento, 24,4% dos pesquisados moram com parentes de segundo grau (tios,
avós e primos); 17,1% vivem com a mãe; 11,3%, com pai e mãe; e apenas 4,1%, com
o pai. A pesquisa mostrou ainda que 13% moram sozinhos, mas a maior fatia
(30,1%) não se encaixou em nenhum desses perfis e foi registrada na categoria
outros.
Para Maciel, o distanciamento dos
pais interfere na formação sexual dos jovens da cidade. “Jovens que não
dialogam com a família e buscam informações em outras fontes”, diz. A própria
pesquisa constata que 45,9% dos entrevistados têm os amigos como principal
fonte de informação sobre doenças sexualmente transmissíveis. Em segundo lugar,
vêm profissionais da área (33,6%). A família só aparece na terceira posição,
com 24%.
De acordo com o levantamento, em
média, os moradores da Estrutural têm a primeira relação sexual aos 14 anos.
Segundo o coordenador da Cufa, o problema não está na idade, mas na
desinformação, que estimula o sexo sem proteção e acarreta gestações
indesejadas e a transmissão de doenças. “Não queremos ser moralistas e pedir
que os jovens comecem a fazer sexo tarde. O importante é que a decisão, se for
tomada, seja prazerosa e com segurança”, explica Maciel.
A falta de esclarecimento
prejudica o sexo seguro. Segundo a pesquisa, 79,3% dos moradores da Estrutural
disseram que sabem como usar a camisinha, mas somente 52% de fato utilizam o
preservativo. “Muitos sabem sobre doenças e métodos de proteção somente na
teoria, mas não põem os conhecimentos em prática”, diz Maciel.
(Agência Brasil)
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