domingo, 21 de outubro de 2012

Lampião, a história que não foi contada


Rogério Mota
O cangaceiro Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, que nunca atacou ou mesmo assaltou na cidade de Triunfo no Sertão do Pajeú, pois tinha pela cidade o maior respeito e admiração por ter lá a Santa Nossa Senhora das Dôres como a padroeira de Triunfo e a sua sempre protetora. 

Meu avô Genésio Lima obedecia piamente aos chamados de Lampião. Na época em que estava próximo à sua terra natal Serra Talhada, o grande cangaceiro, muito vaidoso, mandava chamar o meu avô, artesão e fotógrafo na cidade de Triunfo. Ele tirava as fotos, conversava com todos do bando e às vezes levava a sua filha mais velha, a minha tia Maura, para cantar para todos os cangaceiros. 

Ela tinha uma voz muito bonita e naquela época tinha entre seus 10 a 12 anos de idade. Agora, o mais interessante desta história e ao mesmo tempo muito lamentável para todos aqueles que pesquisam e gostam das histórias de Lampião, foi que, quando o meu avô tomou conhecimento que os soldados pegaram Lampião e seu bando lá pelasAlagoas, matando a todos, o meu avô pegou todas as fotografias e suas negativas que tinham com ele guardadas, colocou numa bacia e tocou fogo. 

Juntou todos da sua família e se mandou para Sertânia, de onde nunca mais saiu e lá faleceu. Esta história me foi contada pela tia Maura Lima, há muitos anos. Ela faleceu aos 93 anos de idade, há mais de dez anos. Com toda a sua lucidez, sabia expressar aquela época com ricos detalhes e, se o meu avô não tivesse feito a bobagem que fez no momento de desespero, queimando todas as fotografias, hoje estaríamos com documentos importantíssimos para o enriquecimento da história deste que foi o Rei do Cangaço, o mito Lampião, admirado por muitos e odiado por outros.



Rogério Mota é empresário



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