Analfabetismo funcional
O combate ao
Analfabetismo funcional não fez parte dos discursos de posse dos novos
prefeitos, mas deveria ser prioridade das políticas públicas municipais. Mesmo
que programas educacionais mais amplos dependam de iniciativas da União, é das
comunidades, por dever constitucional, a tarefa de identificar e levar adiante
ações que pelo menos reduzam o número de pessoas que leem, escrevem e fazem
operações matemáticas precariamente – ou nem mesmo isso sabem fazer. Os dados
disponíveis seriam suficientes para inspirar os administradores municipais. Há
uma década, o índice de cidadãos brasileiros considerados plenamente
alfabetizados permanece inalterado: apenas 26% da população total, segundo o Indicador
de Analfabetismo Funcional, levantado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela
ONG Ação Educativa, de São Paulo.
É constrangedor, para
um país que pretende se alinhar às potências mundiais, o descaso com o que há
de mais elementar para que, a partir desse aprendizado, alguém possa almejar ao
menos uma formação básica. Há avanços, mas ainda modestos, que contrariam todas
as previsões feitas a partir do final dos anos 1990, quando chegou-se a criar a
expectativa de que em pouco tempo o Brasil não mais teria Analfabetos. O país
continua sendo iludido por programas que resultam no que se convenciona ser o
Analfabetismo funcional. É quando alguém aparentemente alfabetizado é capaz de
ler e até de juntar palavras, mas sem que isso tenha o sentido de uma leitura
ou de uma escrita. O Analfabeto funcional é também incapaz de realizar
operações matemáticas.
Para erradicar o
Analfabetismo absoluto nos próximos 10 anos e reduzir pela metade o número de
Analfabetos funcionais, como prevê o Plano Nacional de Educação, é preciso
melhorar consideravelmente a qualidade do Ensino regular, pois muitos dos que
leem e escrevem precariamente frequentaram formalmente a Escola. Alfabetizar e
assegurar o acesso ao Ensino fundamental são iniciativas que estão muito além
das questões específicas da Educação. São fundamentalmente ações de política
social, para que não se amplie o contingente de excluídos do mercado de
trabalho e das oportunidades criadas pela estabilidade econômica.
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