Eles têm juizo
por Merval Pereira, em O Globo
Confirmando a célebre frase do deputado Ulysses Guimarães, segundo quem “a coisa que mais mete medo em político é o povo na rua”, os senadores encontraram uma maneira regimental de rever a posição do dia anterior, que estava provocando enorme irritação nas redes sociais, e aprovaram uma emenda constitucional apresentada ontem mesmo pelo senador Francisco Dornelles, reduzindo de dois para um os suplentes e proibindo a candidatura de parentes diretos, sejam cônjuges, parentes consanguíneos ou afins até o segundo grau do titular.
Na contramão da “agenda positiva” que o Senado estava tentando aprovar como resposta à voz das ruas, uma proposta semelhante havia sido derrubada, pois não fora atingido o quórum de 49 senadores. O interessante é que, dos 17 votos contrários, oito foram de suplentes, assim como a abstenção.
Existem hoje no Senado nada menos que 16 suplentes em atividade, sendo que Lobão Filho é suplente do pai, o ministro Edison Lobão, de Minas e Energia. O senador Eduardo Braga, do PMDB do Amazonas, tem como primeira suplente sua mulher Sandra, e Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, o pai.
O texto rejeitado era mais completo, pois determinava ainda que, em caso de afastamento definitivo do senador, por doença ou por eleição a outro cargo (governador ou prefeito), seu suplente assumiria a vaga somente até as próximas eleições, quando então um novo senador seria eleito para a cadeira. Essa parte do texto original não foi incluída na nova emenda constitucional por falta de consenso.
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