A crise e os rumos do PT no RN
Uma das marcas do Partido dos Trabalhadores são as
acaloradas discussões internas, o que faria das desavenças do Processo de
Eleições Diretas (PED) de 2013, em Natal, fato corriqueiro. Mas desta vez, os
grupos dos deputados Fátima Bezerra (federal) e Fernando Mineiro (estadual) se enfrentaram imbuídos em
acusações públicas e críticas ao projeto um do outro – isso sim uma novidade no
PT. Mineiro saiu vitorioso no pleito para o diretório municipal e para o estadual
foi considerado vencedor, em disputa que ainda rende animosidade. Os liderados
da parlamentar federal petista não reconhecem a eleição do concorrente e já
anunciaram que vão recorrer às instâncias superiores da sigla. Um cenário novo
até para os militantes e dirigentes do partido.
A TRIBUNA DO NORTE publica, abaixo, artigos dos principais
atores desse processo que ainda rende altas temperaturas no PT. O que aconteceu
no PED 2013, que alterou de forma tão intensa os ânimos dos petistas? Quais os
rumos para 2013? Neste artigos Mineiro e Fátima adotam um tom mais conciliador.
Para o deputado Fernando Mineiro, o partido precisa se renovar e “ir além dos
mandatos de Mineiro e Fátima/Fátima e Mineiro”. “Me sentirei particularmente
vitorioso (…). Sinal de que o nosso Partido se renovará e avançará”, frisou.
Para Fátima, existe no momento a necessidade de
interiorização, de fortalecimento dos diretórios municipais e instâncias de
base, de renovação política no campo sindical e de fortalecimento da relação
partidária com os movimentos sociais. “Além disso, entendemos que a secção
estadual do PT é parte do partido que nacionalmente tem como tarefa principal
garantir a continuidade das transformações e avanços que o Brasil vem
experimentando nos últimos anos, ou seja, garantir a reeleição da presidenta
Dilma”, comentou.
A eleição de Dilma Rousseff é o principal ponto de concórdia
entre os dois principais nomes do PT estadual. Da mesma forma, Fátima Bezerra e
Fernando Mineiro defendem a candidatura ao Senado como sendo prioridade local,
bem como a manutenção da vaga na Câmara Federal e a ampliação dos quadros na
Assembleia Legislativa. A exclusão do Democratas de qualquer aliança onde
estiver o PT também é ponto consensual.
A deputada destacou que a candidatura própria ao Governo
ainda poderá ser avaliada, tudo vai depender do arco de alianças. Mineiro, por
sua vez, frisou que o momento é unir o partido e enfrentar as disputas
externas. “Até porque nenhum de nós, individualmente, tem força suficiente a
ponto de descartar o coletivo partidário diante dos grandes desafios que nos
aguardam em 2014”. Internamente, porém, as chamas continuam acesas entre os
petistas.
Emanoel Amaral
Superar os acirramentos
Fátima Bezerra - Deputada federal pelo PT-RN
Já no Artigo 1º do Estatuto do PT, está escrito que somos
“uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se propõem a lutar por
democracia” e assim sendo, ao atingir a maioridade, o Partido, na virada do
século, entendeu que era chegado o momento de radicalizar a sua democracia
respeitando a diversidade ideológica das diversas correntes de opinião que
ajudaram a construir o PT, permitindo que cada filiado e filiada pudesse
participar ativamente da construção do Partido e decidir, através do voto direto,
os rumos a seguir. Da teoria surgiu a prática, da concepção de democracia
surgiu o Processo de Eleições Diretas, como instrumento de mobilização, debate
e renovação das direções e diretrizes políticas.
Para quem desconhece o funcionamento do PT e está acostumado
ao formato dos partidos tradicionais, costuma enxergar ou caracterizar a
disputa interna existente no PT como um processo de fragmentação e
enfraquecimento partidário, pois não consegue entender que é justamente essa
diversidade e esse esforço de síntese dialética que fazem do PT o maior e mais
importante partido da esquerda brasileira. Como em toda disputa às vezes
existem excessos, acirramento, tensão, desvirtuamento do sentido da disputa, o
que certamente nos levará a revisões no sentido de aperfeiçoa-lo.
No RN, o Movimento PT (tendência que integro no interior do
partido) se inseriu no processo da disputa interna no mais recente PED, com
muita disposição de travar o debate sobre a organização do PT, sobre a
necessidade de interiorização, de fortalecimento dos diretórios municipais e
instâncias de base, de renovação política no campo sindical e de fortalecimento
da relação partidária com os movimentos sociais. Além disso, entendemos que a
secção estadual do PT é parte do partido que nacionalmente tem como tarefa
principal garantir a continuidade das transformações e avanços que o Brasil vem
experimentando nos últimos anos, ou seja, garantir a reeleição da presidenta
Dilma.
Nesse sentido, sempre deixamos claro que a nossa
responsabilidade nos impõe iniciar um processo de diálogo com os partidos da
base aliada da presidenta Dilma, para que o PT-RN saia do isolamento político e
dê um salto político significativo. A nossa prioridade é a conquista da vaga no
Senado, o que será histórico para a esquerda do Estado, a manutenção da nossa
cadeira na Câmara Federal e o crescimento da bancada do PT na Assembleia.
Trata-se de uma tática extremamente conectada ao projeto prioritário do PT
nacionalmente. Entretanto quero deixar
claro que nunca nos opomos ao debate sobre a possibilidade do PT apresentar
candidatura própria ao Governo do RN, inclusive não descartamos a possibilidade
de defender essa tese, pois o cenário político de 2014 ainda está bastante
indefinido e pode exigir de nossa organização um projeto mais desafiador. Reafirmo que estaremos em permanente diálogo
com o conjunto da militância petista e com a Direção Nacional para definirmos o
melhor rumo para o PT no RN.
Rumo às disputas externas
Fernando Mineiro - Deputado estadual pelo PT-RN
O PED - Processo de Eleições Diretas - é o mecanismo adotado
nacionalmente, pelo PT, para a escolha de seus/suas dirigentes. Através do voto
direto de filiados e filiadas, nossas direções são formadas pelas chapas
concorrentes, proporcionalmente, ao número de votos recebidos. A grande
novidade introduzida a partir de agora é a garantia da paridade de gênero e da
cota geracional e racial, com obrigatoriedade de, no mínimo, 20% de jovens na composição de
nossas direções.
Mecanismo único na vida partidária brasileira, o Processo de
Eleições Diretas é um processo democrático que precisa ser constantemente
aperfeiçoado. Exemplo disso foram os problemas ocorridos em nosso Estado neste
PED recente.
Para nós, que formamos a chapa “Ousar lutar, Ousar vencer”,
o PED passou. A vitória de Eraldo Paiva se deu dentro das regras partidárias e,
se assim não fosse, não seria o Presidente reconhecido por nossa Direção
Nacional. Precisamos, agora, fazer o que sempre fizemos ao longo dos 33 anos de
existência do Partido dos Trabalhadores: passadas as disputas internas, é hora
de nos unirmos para enfrentar as disputas externas. Até porque nenhum de nós, individualmente, tem força suficiente
a ponto de descartar o coletivo partidário diante dos grandes desafios que nos
aguarda em 2014.
A tarefa prioritária do PT-RN é a reeleição da Presidenta
Dilma. Nossas decisões locais serão tomadas e assumidas, sem nenhuma vacilação,
com vistas a contribuir com este objetivo maior. Em relação ao Rio Grande do
Norte, precisamos avançar em nossas definições e formalizar um bloco político
em oposição ao atual governo, construindo uma agenda de propostas e assumindo
compromissos claros com a população do Estado.
Nosso arco de alianças será formado pelos partidos que estão
na base de apoio da Presidenta Dilma. Com eles formaremos as chapas de 2014.
Nossa prioridade, na chapa majoritária, é a candidatura ao Senado e nas chapas
proporcionais lutaremos para garantir nossa representação na Câmara Federal e a
ampliação de nossa representação na Assembleia Legislativa.
Eu, particularmente, me sentirei vitorioso se o PT-RN, em
2014, for além dos mandatos de Mineiro e Fátima/Fátima e Mineiro. Sinal de que
o nosso Partido se renovará e avançará. E a reeleição de nosso jovem Presidente
Eraldo já é um começo disso.
0 comentários:
Postar um comentário