OPINIÃO: PEÇA NO NATAL EDUCAÇÃO
Minha amiga Gilda Portugal Gouvêa
diz que seu partido político se chama Educação. Quem dera os partidos no poder
não tratassem a Educação com tanto descaso. Basta dizer que o Plano Nacional de
Educação (PNE), encaminhado ao Congresso em 2010, dormita desde então nas
gavetas do Legislativo.
Talvez convenha aos “300
picaretas” do Congresso que a nossa gente prossiga inculta. Caso contrário,
eles não seriam eleitos, reeleitos, imortalizados na política brasileira,
tratando-a como seu feudo.
O Pisa, que mede a qualidade da
Educação de Alunos de 6 a 15 anos no mundo, acaba de divulgar seu relatório
2003-2012. Entre 65 nações, o Brasil ocupa o vergonhoso 58º lugar, embora tenha
tido o maior avanço em matemática entre Alunos de 15 anos. Porém, pioramos dois
pontos em matéria de leitura (haja TV e internet!) e não avançamos nem um ponto
em ciências.
Nosso governo investe pouco em
Educação. Pouco mais de 5% do PIB. O PNE propõe subir para 7%. O ideal seriam
10%, como fizeram os países da Ásia, que, hoje, ocupam os primeiros lugares em
Educação de qualidade. Não há árvore sólida sem raízes profundas. O Brasil
jamais investiu e incentivou a Educação infantil, de até 6 anos. Ela é a base
para que as pessoas venham a ter melhor desempenho na Escola e na atividade
profissional.
Nosso país gasta o equivalente a
US$ 26.765 (cerca de R$ 63 mil) por Aluno entre 6 e 15 anos. Menos de 1/3 do
que é mundialmente recomendado: US$ 83.382 (cerca de R$ 196 mil) por estudante
ao longo de nove anos. Entre 49 países, ocupamos a 38ª posição em gastos com a
Educação. Nos países melhor avaliados, os recursos destinados à Educação são
mais equitativamente distribuídos entre Escolas que atendem pobres e ricos.
Aqui não. O Ensino público está
sucateado, os Professores ganham mal e não dispõem de tempo de pesquisas e
aprimoramento, as instalações são precárias, e a falta de tempo integral dos
Alunos na Escola nos impede de vir a ser uma nação culta, com profissionais
altamente qualificados. Nem sequer dispomos de um plano de valorização do
Professor.
O Vietnã, por exemplo, gasta
apenas US$ 6.969 (cerca de R$ 16,4 mil) por Aluno entre 6 e 15 anos, mas o faz
tão bem que ocupa o 15º lugar na avaliação do Pisa, 41 postos acima do Brasil.
Aliás, o Vietnã venceu os EUA pela segunda vez: a primeira, ao derrotá-los na
guerra (1965-1975) e, agora, superou-os nas avaliações de matemática e
ciências.
Entre os estados do Brasil, o que
recebeu melhor nota no Pisa 2012 foi o Espírito Santo. O Distrito Federal ficou
em 2º lugar. Minas, em 6º, São Paulo em 7º. E Rio em 10º. Na rabeira figuram
Maranhão e Alagoas, governados até hoje por oligarquias políticas. Entre 2003 e
2012, foram incluídos nas Escolas 420 mil crianças e jovens. O governo federal
se gaba disso. Mas, e a qualidade do Ensino? Por que o Brasil se sai tão mal
nas avaliações do item Educação?
Pesquisa recente em 100
universidades dos países emergentes (Brasil, China, Rússia, Índia, África do
Sul, Turquia, Polônia, Taiwan e Tailândia) apontou apenas quatro de nossas
universidades no ranking: USP (11ª), Unicamp (24ª), UFRJ (60ª) e Unesp (87ª). A
China aparece no topo, com 23 universidades entre as 100.
Dados do IBGE (Pnad 2012)
divulgados na última semana de novembro revelam algo estarrecedor: 9,6 milhões
de jovens brasileiros, entre 15 e 29 anos, não estudam nem trabalham. É a turma
do “nem nem”. Isso equivale a uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa
etária. Mais do que a população de Pernambuco, que no Censo de 2010 somava 8,7
milhões de pessoas. Diante desse dado, não surpreende a força do narcotráfico e
o alto número de jovens daquela faixa de idade que são assassinos ou
assassinados. Como viver ou se ocupar sem estudar e/ou trabalhar?
Neste Natal, se ainda acreditasse
em Papai Noel, eu pediria a ele o único presente capaz de salvar a nação
brasileira: Educação. Como a ilusão acabou, resta a mim e a todos a ação
cidadã, para que Educação seja considerada prioridade nacional. A começar pela
aprovação do projeto do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que obriga todo
político a matricular seus filhos em Escolas públicas.
0 comentários:
Postar um comentário