quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A História nos ensina

Eduardo Bomfim

A revelação das conversas do então presidente dos Estados Unidos John Kennedy com o embaixador norte-americano no Brasil Lincoln Gordon em pleno salão oval da Casa Branca confirmou os elementos, as provas do financiamento de uma conspiração contra João Goulart o principal mandatário brasileiro nos idos dos primeiros anos da década de sessenta passada.

Na verdade, detecta-se o ódio a estigmatização contra Jango já na sua condição de Ministro do Trabalho do governo Getúlio Vargas muito mais pela singularidade de ser o herdeiro do trabalhismo de Vargas que pelo fato de decretar um aumento de 100% no salário mínimo dos trabalhadores resultando em sua demissão, mas não na revogação do aumento concedido.

Daí foi implacável a perseguição política, o cerco sistemático de uma mídia conservadora, quando não abertamente golpista, iniciando-se na época a escalada hegemônica que se expressa abertamente nos dias atuais.

Jango foi deposto por uma conspiração civil-militar que esteve presente nas águas brasileiras com uma frota de navios de guerra e de um porta aviões dos EUA, na chuva de dólares para candidaturas oposicionistas em eleições gerais, na presença de milhares de agentes estadunidenses colhendo informações acobertados na “Aliança para o Progresso” onde deveriam hipoteticamente prestar serviços a programas sociais etc.

De acordo com recente livro publicado por Juremir Machado, doutor pela Universidade de Sorbonne “Jango, a vida e a morte no exílio” só na primeira semana pós golpe dez mil pessoas foram presas incluindo o ex-governador Miguel Arraes.

São cassados mandatos de 113 deputados federais, senadores, 190 deputados estaduais, 38 vereadores e 30 prefeitos, afastamento compulsório de vários ministros do Supremo Tribunal Federal através de atos institucionais discricionários com evidente intuito de alterar correlações de forças existentes iniciando uma trágica noite de arbítrio, censura que durou 21 anos.

Assim nas lutas políticas atuais o Brasil não pode ignorar o conhecimento histórico do passado recente sob pena de amnésico não compreender os fenômenos do presente para superá-los através de uma frente nacional, popular em defesa da democracia, do desenvolvimento independente e seu relevante papel no teatro geopolítico das nações neste século 21.

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