Editorial do Novo Jornal
O Ministério Público
do Rio Grande do Norte mira, mais uma vez, na administração estadual e acerta
nas empresas de comunicação, que passam a constituir um único segmento
econômico vedado aos recursos públicos. Isso num Estado onde nenhuma atividade
econômica consegue sobreviver sem a participação dos recursos governamentais.
Por que escolher
a propaganda governamental como responsável por todos os males da administração
pública?
Em primeiro
lugar, é preciso dizer que a verba de publicidade do Rio Grande do Norte é das
menores do Brasil e, com certeza, este não é o único Estado onde as políticas
públicas deixam de ser cumpridas.
Será que não
existem gastos públicos que podem ser cortados, e não apenas no Poder
Executivo? E a soma de vantagens indevidas à elite do funcionalismo público? Os
gastos excessivos na manutenção da máquina administrativa dessa elite, que não
têm paralelo no crescimento da despesa com nenhum dos setores de políticas
públicas apontados pelos Promotores, não podem também ser cortados?
Em nome da Democracia,
se continua a atentar contra o único segmento capaz de permitir seu pleno
exercício, que é uma imprensa livre e atuante. Inclusive para divulgar os
feitos do Ministério Público, e até se engajar na luta para a preservação de
prerrogativas quando estas estiverem ameaçadas.
Será que, de sua
parte, o próprio Ministério Público se dispõe a abrir mão dos seus mecanismos
de divulgação, feita de graça pelos diferentes veículos de comunicação, que
necessitam sobreviver para continuar a exercer o seu papel? Tomando esse
caminho de transformar propaganda governamental em supérfluo, serão poucas as
empresas jornalísticas que haverão de sobreviver e pode ser que, naquele
momento, os feitos do Ministério Público não possam ser divulgados. Assim como
as grandes decisões da Justiça.
Ai entra a
responsabilidade do Poder Judiciário, que, em muitos casos, tem se mostrado
obediente a ações desse tipo, de bravatas de falsa moralidade de quem tem
procurado se situar acima da sociedade, sem atentar para a razoabilidade.
A ação do
Ministério Público, muito mais do que a administração estadual, atinge os
poucos jornais que sobrevivem a duras penas, emissoras de televisão, revistas,
emissoras de rádio, gráficas e agências de propaganda que, juntas, oferecem
muito mais de mil empregos diretos em todo o Estado.
Trata-se de um
setor que nos últimos seis meses foi obrigado a demitir muita gente e que, na
hora em que pode recuperar seu principal cliente, recebe essa nova ameaça por
parte de quem não tem preocupação com a perda do emprego. Nem quando comete
delitos graves e tem como maior punição uma aposentadoria com vencimentos
integrais.
Sábado, 15 de
março de 2014.
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