Jandira Feghali: A História bate à nossa porta
Vez ou outra, a História bate à nossa porta. Podemos atender e nos
lembrar de experiências passadas bastante úteis como alertas ou podemos ignorar
e arcar com as consequências.
Por Jandira Feghali*
Por Jandira Feghali*
A década de 1960 ainda assovia lá fora, entre editoriais pitorescos e
ameaçadores dos jornais brasileiros de 2015. Já com 30 anos de democracia em
vigor, nosso país ainda presencia atropelos da Grande Mídia, das forças
opositoras, estrangeiras e do capital financeiro. Com uma enorme diferença:
Dilma resistirá e não passará o que vivenciou Jango.
O editorial da Folha de S. Paulo no último domingo (13) é um remake desastrado do golpismo que assombrou o ex-presidente João Goulart há 50 anos. Foi época de forte crise econômica e oposição midiática, em que os barões da imprensa, como o Correio da Manhã, gesticulavam diariamente com bravatas contra o governo legitimamente empossado. E pior, atuando despudoradamente a favor de uma intervenção militar e demonizando a Esquerda.
Vale recordar a Campanha da Legalidade, forte cadeia de rádio criada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Brizola, e que contou com apoio de militantes comunistas, como o ex-deputado federal e na época presidente da UNE, Aldo Arantes. Essa iniciativa, que democratizou a comunicação naquele período, combateu as mentiras delirantes dos grandes meios de comunicação e, com grande mobilização dos movimentos sociais, conseguiu empossar o presidente mineiro. A eloquência de Brizola, aliás, faz muita falta nos dias de hoje.
Embora o Brasil tenha superado esse tipo de golpismo, vislumbramos a criação de um cenário inédito, onde tentam criar em plena democracia o paradigma do “Estado de exceção”, onde dificuldades econômicas e divergências político-ideológicas determinam o respeito ou não ao resultado das urnas, onde a oposição foi derrotada quatro vezes seguidas.
O julgamento em andamento no TCU e no TSE não validam nenhum tipo de movimentação a favor de intervenção do mandato de Dilma. Se prosperasse, seria uma espécie de golpe branco, como o ocorrido no Paraguai recentemente.
Dentro do Congresso Nacional, não haverá espaço para este tipo de manobra que visa o impeachment. Por um motivo: não há qualquer amparo legal para tanto. Empurrar essa pauta no Parlamento, como a oportunista oposição faz, é tentar, a fórceps, criar um clima de instabilidade e ameaçar todas as políticas públicas e o desenvolvimento em curso no Brasil.
Para combater esta marcha de insanos, presidentes de partidos políticos e líderes partidários da base aliada do governo federal assinaram juntamente carta-aberta e, em uníssono, rejeitam a crise política que tentam insuflar nos bastidores. Ainda que a mídia se vista de Carlos Lacerda (“Se assumir, não poderá governar…”) e as forças retrógradas tentem avançar, não abriremos a porta para o Golpe. A porta deve ser aberta sim, mas para a História e os ensinamentos que traz consigo.
*Jandira
Feghali é médica, deputada federal (RJ) e líder do PCdoB na Câmara dos
Deputados
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