quarta-feira, 2 de maio de 2007

[Política] A volta por cima

Por Franklin Jorge do jornal P.C

Henrique Alves quebra o paradigma de ser apenas o filho de Aluízio Alves e deputado "Copa do Mundo", adquirindo grande prestígio no partido e com o presidente Lula.

Quem acompanha os embates da política no Rio Grande do Norte, nos últimos trinta anos, jamais poderia supor que o deputado Henrique Eduardo Alves pudesse alcançar tais alturas no cenário nacional, sem a ajuda e a presença do pai, que de maneira cega e obstinada o quis impor, em diversas ocasiões, para o desempenho de papéis que o próprio eleitorado refutava, por associá-lo a um "deputado copa do mundo", ou seja, a um político para o qual nós só existíamos em períodos eleitorais, quando ele vinha ao estado, de quatro em quatro anos, caçar os nossos votos.

Pensava-se que ele desapareceria da política local com a morte de Aluizio Alves, porém aconteceu justamente o contrário. Além de exercer uma extraordinária influência nas decisões em âmbito nacional, como um dos mais experimentados membros do Congresso Nacional, Henrique Eduardo é, neste momento, em termos regionais, o único nome diante do qual a governadora Wilma de Faria tem que baixar a cabeça e cortejar seu apoio; o apoio do único político norte-rio-grandense que está no centro das decisões nacionais, por seu prestigio no partido e junto ao presidente Luis Inácio Lula da Silva. Afinal é o PMDB, seu partido, a bola da vez...

Bem se diz que a política é dinâmica, pois não fora assim não teríamos, de maneira tão rápida e inesperada, a reversão de um quadro no qual a governadora detinha plenos poderes, fazendo, portanto, sua vontade prevalecer, inclusive, sobre a razão. Absolutamente senhora de tudo, a ponto de fazer gato e sapato do que ela - sem olhar para a própria cauda - chamava de "velhos caciques", entre os quais o ex-Ministro Aluízio Alves, que se finou sob o peso das humilhações que lhe foram impostas por Wilma de Faria, a fria e ambiciosa maquiavelista que por, algum tempo, terá sido a czarina papa-jerimum, agora, outra vez, às voltas com o famigerado "Foliaduto", exumado de maneira inoportuna pelo presidente da Fundação José Augusto, o aliado petista Crispiniano Neto.

A ascensão de Henrique Eduardo esgarça também o projeto político de outros ambiciosos, como o deputado João Maia que, à maneira de um Antonio Florêncio de Queiroz, comprou um mandato sem jamais ter contribuído com um centavo de idéias para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte, embora tenha ocupado um cargo no governo justamente com a justificativa de que, por ser "banqueiro" - um boato que anda por aí... - e ter trânsito livre em Brasília, seria o nome capaz de alavancar o progresso. Acabou sendo apenas mais um dos insípidos secretários wilmistas, que, verdade seja dita, conta em se favor ter nos mostrado a todos, ao nomeá-lo para uma das pastas mais importantes do seu governo que o banqueiro mereceria no máximo o status de bancário... Ninguém mais incapaz do que ele para decidir e empreender.

Como alguém que soube esperar pacientemente a sua vez, construindo no curso de mais de trinta anos de mandato parlamentar, sólidas alianças -- se fosse possível imaginar solidez em compromissos que envolvam políticos, especialmente políticos brasileiros, sem parecermos parvos -, Henrique Eduardo Alves ocupa presentemente uma posição sob todos os aspectos privilegiada. É dono da maioria e dos principais cargos federais no Rio Grande do Norte. Tem incontestavelmente prestigio no centro das decisões. E, como nenhum outro membro da nossa bancada, cochicha quando quer com o presidente.

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