segunda-feira, 23 de março de 2009

ENTREVISTA: Senadora Rosalba Ciarlini


Senadora democrata Rosalba Ciarline: "no momento oportuno, vamos ouvir a voz do povo





Prefeita de Mossoró por três vezes e atual senadora da República pelo Democratas, Rosalba Ciarlini aparece hoje como pré-candidata ao Governo do Estado nas eleições de 2010. Em entrevista exclusiva ao Jornal Metropolitano, embora a senadora não confirme a sua candidatura ao Governo do Estado, ela vem se movimentando como tal, cumprindo uma agenda intensa na capital e em vários municípios do Rio Grande do Norte.


Na entrevista, a senadora fala sobre a prioridade do Democratas para as eleições de 2010, que é a reeleição do senador José Agripino. Ela falou também sobre a sua relação com o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) e a possível repetição da aliança feita em 2006, sobre sua experiência à frente da Prefeitura de Mossoró, do papel da prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV) nas eleições de 2010.


Atualmente, Rosalba é vice-líder do Democratas no Senado Federal e preside a Comissão de Assuntos Sociais (CAS).


Jornal Metropolitano: Senadora Rosalba Ciarlini, seu nome hoje é colocado como o de pré-candidata à sucessão da governadora Wilma de Faria. A senhora é candidata ao Governo em 2010?
Rosalba Ciarlini: Eu sou candidata a trabalhar honrando o voto que recebi do povo do Rio Grande do Norte para ser senadora na eleição de 2006. Falar se sou candidata ou não essa é uma questão que vai ser tratada só em 2010. No momento oportuno, eu discutirei este assunto.

JM: Em todas as pesquisas de opinião sobre os possíveis candidatos ao governo do Estado em 2010 o nome da senhora está presente. Como a senhora analisa esse fato?
Rosalba Ciarlini: Eu nunca disse que sou candidata e que serei candidata. Volto a repetir, não serei jamais candidata a qualquer cargo político se for apenas uma decisão do partido ou minha. Sempre decidirei meu rumo político ouvindo a voz das ruas. Atualmente, por onde passo, de forma espontânea, tenho que reconhecer que meu nome tem sido lembrado. Inclusive, o próprio senador José Agripino (DEM), em recente entrevista, disse que o meu nome estava surgindo das ruas, era a vontade do povo que estava sendo expressa nos mais diversos recantos do Rio Grande do Norte. Mas, como disse anteriormente, isso é uma questão para ser analisada só em 2010.

JM:
A senhora não admite que é candidata ao governo, mas cumpre há tempos uma agenda como se fosse candidata, inclusive percorrendo todo o estado. Como justifica essa agenda tão pesada?
Rosalba Ciarlini: Essa agenda vai continuar como tem sido desde o primeiro dia que assumi o senado. Porque esse foi um dos compromissos que declarei quando me coloquei como candidata ao cargo para a população do Rio Grande do Norte. Ser uma senadora presente nos municípios, nas reuniões de líderes comunitários, com prefeitos, e nos mais diferentes encontros ouvindo sempre a população para que pudesse melhor interpretar as vontades, os sonhos e os anseios do povo. Fui assim quando fui prefeita de Mossoró, ao caminhar diariamente pelas ruas e bairros da cidade, e serei assim como senadora. Esse é o meu jeito de trabalhar.

JM:
E nessas suas visitas às cidades do interior, o que a senhora tem ouvido do povo?
Rosalba Ciarlini: Eu tenho que ser honesta e dizer que realmente em todas as cidades que eu caminho, nas ruas de Natal, chego no supermercado, no posto de gasolina, no cabeleireiro, nos lugares que eu frequento normalmente, porque sou uma cidadã e tento levar uma vida comum, escuto esse apelos para que me candidate. Isso me deixa muito gratificada porque, se meu nome é lembrado, isso é uma prova de que o trabalho que estamos fazendo conta com o reconhecimento da população. Interpreto não como um ponto positivo, mas como a aceitação do meu trabalho.

JM: A senhora foi prefeita de Mossoró por três vezes. O senado veio em seguida, por isso seus adversários sempre restringiam sua atuação política à Mossoró e municípios adjacentes. A senhora acredita que hoje é uma líder política estadual?
Rosalba Ciarlini: Eu sou uma trabalhadora pelo Rio Grande do Norte, foi essa missão que o povo me deu. E quando fui prefeita a minha obrigação e meu dever era cuidar da cidade, e a minha avaliação pessoal é que cuidei bem daquele município. Até porque fui eleita por três vezes e, ao me candidatar ao cargo de senadora, o que muito me dignifica foi a votação que eu tive de 84% na cidade onde fui prefeita. E onde passava como candidata, as pessoas tinham uma referência de Rosalba, do trabalho que fiz em Mossoró. Agora como senadora minha responsabilidade é todo o Rio Grande do Norte, ou melhor, com todo o Brasil porque o Senado tem essa responsabilidade maior, a Casa Maior do Legislativo. Por isso tenho tido todo empenho com todas as cidades para encontrar soluções, ajudando os prefeitos, e em defesa das questões que falam ao cidadão de saúde, aposentadoria, o direito da mãe pra ter a creche do seu filho. Conseguimos, por meio de emendas ao orçamento, mais recursos na educação que vão beneficiar não somente o Rio Grande do Norte, mas todo o Brasil.

JM: Depois que o nome da senhora apareceu como pré-candidata ao Governo do Estado alguns adversários políticos tem criticado a sua ação como parlamentar. O que a senhora tem a dizer a respeito disso?
Rosalba Ciarlini: Sinceramente, eu fico muito triste por saber que pessoas utilizam esses artifícios para atingir a minha imagem junto ao povo. Sempre lutei pelos interesses do povo, enquanto prefeita e agora como senadora não está sendo diferente. Eu, juntamente com os dois senadores (José Agripino e Garibaldi Alves Filho), temos representado bem o Rio Grande do Norte e temos conseguido recursos importantes para o nosso Estado. O problema é que essas informações não aparecem na grande mídia e também tem o fato de estarmos mais em Brasília do que no nosso estado, daí utilizam isso para dizer inverdades a meu respeito. Mas não me preocupo, pois sei que sou uma senadora atuante e que tem lutado pelo povo potiguar. Recentemente fui eleita por unanimidade presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal e vice-líder do Democratas no Senado. Tudo isso é reconhecimento do meu trabalho.

JM: O senador José Agripino disse recentemente que o seu nome pode ser posto pelo Democratas porque houve um clamor nas ruas. Como a senhora recebe essa lembrança?
Rosalba Ciarlini: Nosso partido tem um lema: fazer a vontade do povo. E se tiver que fazer, estou pronta e vou atender ao chamado do meu partido. Mas tudo isso, só pode ser discutido no momento certo. Esta é uma questão para ser analisada. Mas pode ficar certo que eu nunca fugi dos desafios.
JM: Qual a prioridade do Democratas em 2010? Uma eventual candidatura da senhora ao Governo do Estado? Ou a reeleição do senador José Agripino Maia?
Rosalba Ciarlini: O próprio senador José Agripino já colocou com muita clareza. É exatamente formar uma aliança, é estruturar o partido de forma que nós possamos seguir adiante com êxito. Mas é natural que o senador seja o nosso candidato. Até porque tem honrado e dignificado o nosso partido e, consequentemente, nosso Rio Grande do Norte. Mas, com certeza, sob a orientação do próprio senador, iremos fazer crescer o partido em termos de mais participação e mais presença tanto no Legislativo como no Executivo.

JM: Caso o DEM tenha que priorizar um dos projetos por conta de uma aliança, qual a prioridade?
Rosalba Ciarlini: O nosso líder e presidente estadual do Democratas, senador José Agripino já colocou com muita clareza que é natural que sua candidatura ao Senado seja prioridade, mas isso não quer dizer que nós não possamos ter também uma candidatura no Executivo, até porque tem muitos nomes para serem analisados dentro do nosso partido.

JM: A senhora consegue ver a possibilidade de o Democratas fazer uma aliança partidária e ficar com duas vagas na chapa majoritária, uma para o Governo e outra para o Senado?
Rosalba Ciarlini: Eu acho que, quando você forma uma aliança, você tem que pensar no todo. Se os nomes melhores estiverem no partido A ou no partido B nós vamos ter que fazer exatamente esse consenso e esse equilíbrio para que possamos ter a chapa que seja vitoriosa.

JM: A senhora admite abrir mão da sua candidatura ao governo em favor do senador José Agripino, caso sua candidatura possa atrapalhar a reeleição do senador?
Rosalba Ciarlini: A candidatura de José Agripino está posta. Supondo que a minha candidatura venha a ser inviabilizada pela candidatura do senador José Agripino reeleição, em virtude, principalmente, de uma posição aliança com outros partidos, nós vamos continuar fazendo o que o nosso partido faz: ouvir a voz do povo.

JM: O senador Garibaldi Alves Filho vê com simpatia a candidatura da senhora ao Governo em 2010. O PMDB é um aliado preferencial nessa disputa em 2010?
Rosalba Ciarlini: Eu tenho tido uma convivência muito positiva, não somente a que tivemos na campanha de 2006, na qual estivemos no mesmo palanque, mas a que temos aqui no Senado, e eu pessoalmente gostaria que pudéssemos manter a aliança que foi vitoriosa para a Prefeitura de Natal e acrescentarmos o PMDB.

JM: Líderes do DEM falam em manter a aliança que elegeu Micarla em Natal. Mas, nesta aliança, tem mais dois pré-candidatos ao Governo do Estado assumidos, Robinson Faria e João Maia. A senhora vê a possibilidade de conversar politicamente com eles até para que o candidato saia desse grupo?
Rosalba Ciarlini: Olha, a nossa determinação é que não é o momento de estarmos tratando dessas coisas. É, sim, o momento de trabalhar para ver se a saúde melhora, se a educação melhora, se a segurança melhora, se muita coisa melhora que é o que a população está clamando. E, no momento oportuno, ouvir a voz do povo, que já estamos ouvindo, vamos sim decidir em sintonia com a população, fazendo assim a vontade do povo. Bem, quem pode responder são eles, mas é legítimo que eles se coloquem se apresentem como candidatos. Acho que cada um tem a sua maneira de fazer, a sua maneira de ser. A minha maneira é trabalhar cumprindo a responsabilidade que recebi do povo do Rio Grande do Norte, aqui, como sua senadora.


JM: Diante da intenção do senador José Agripino em manter a aliança de Natal, a senhora poderá procurar esses pré-candidatos para tentar ganhar o apoio deles?
Rosalba Ciarlini: A minha orientação será partidária, em consonante sintonia com o partido.

JM: A senhora teve uma presença marcante na eleição de Micarla em Natal, participou de vários eventos, deu apoio necessário em palanque. O que a senhora tem a dizer a respeito disso?
Rosalba Ciarlini - Eu dei apoio antes mesmo do lançamento da candidatura de Micarla de Sousa. Eu tive a oportunidade de receber Micarla na minha casa, mesmo quando o próprio partido ainda não tinha definido. Porque eu sentia que a população de Natal via realmente Micarla como a opção para fazer um trabalho voltado na melhoria da qualidade de vida e mostrar que realmente Natal podia fazer melhor.


JM: A senhora acha que foi fundamental para a eleição de Micarla em Natal?
Rosalba Ciarlini - Fui fundamental para o povo que estava do lado dela. Eu estive caminhando com o povo, caminhando com Micarla, de porta em porta, nos bairros mostrando, discutindo com a população os projetos, os planos, as idéias que Micarla trazia para melhorar a vida do povo de Natal. Então acho que o fundamental foi exatamente a vontade do povo.


JM: Os Democratas esperam reciprocidade de Micarla em 2010, já que teve tanto empenho.
Rosalba Ciarlini - Olhe, nós continuamos apoiando a agora prefeita, inclusive quando da apresentação de emendas para Natal. Eu apresentei uma emenda para a infraestrutura urbana, até pelo conhecimento que tive maior na campanha de Micarla, caminhando por tudo, principalmente Zona Norte, alguns bairros da Região Metropolitana onde via problemas gravíssimos de drenagem, saneamento, então coloquei uma emenda que é de minha autoria no valor de R$ 30 milhões. Em função dessa crise mundial, houve um corte no orçamento e essa emenda ficou em R$ 15 milhões, mas que já é um recurso importante, pois Natal sofreu muito com as chuvas no ano passado. Micarla conta com o meu apoio e com o do senador José Agripino e do deputado Felipe Maia.


JM: O deputado Robinson Faria, presidente da Assembléia, logo após as eleições de 2008 deu declarações à imprensa de que o compromisso de Micarla para 2010, em termos de Governo do Estado, seria com ele. Isso será empecilho para a senhora buscar o apoio de Micarla, caso seja candidata ao governo?
Rosalba Ciarlini: O compromisso da prefeita Micarla é com o povo de Natal. O que for melhor para o povo de Natal tenho certeza que será a escolha da prefeita Micarla. Se eu for candidata ao Governo do Estado, vou, sim, bater na porta da prefeita Micarla e pedir-lhe o apoio, apresentando nossas propostas em favor de Natal e do Rio Grande do Norte. Mas isso, se ocorrer, deverá acontecer em momento oportuno.


JM: A senhora acredita que a prefeita de Natal ainda não firmou algum compromisso para o Governo?
Rosalba Ciarlini - Olha, a prefeita assumiu a prefeitura com problemas tão grandes, com tantas questões para serem solucionadas, a começar pela saúde, que é urgente, que não pode ficar para depois. Eu já fui prefeita e sei que não dá para fazer especulações, nem analisar o que vai acontecer em 2010. A preocupação dela maior, com certeza e por dever do mandato, é com Natal.


JM: Comenta-se que a senadora poderia deixar o Democratas para poder viabilizar a sua candidatura ao Governo do Estado. A senhora pensa em buscar uma outra legenda?
Rosalba Ciarlini: Já houve muita especulação a respeito da minha saída do Democratas. Eu vou repetir o que eu já lhe disse em outras ocasiões: não existe janela para filiação partidária. E se houver, que razões eu teria para deixar o meu partido?

JM: Então, a senhora não vê dificuldade em seu partido indicar seu nome ao Governo do Estado?
Rosalba Ciarlini: Em todos os momentos que fui convocada para ser candidata, o partido me deu apoio, porque todas as minhas candidaturas surgiram por convocações do povo, vieram das ruas. Foi assim quando fui candidata a primeira vez a prefeita de Mossoró. Eu era médica, trabalhava num posto de saúde e no meu consultório e de repente começou a voz do povo. Foi ela que me conduziu a ser prefeita de Mossoró. Para o Senado também foi assim. Quando eu deixei a prefeitura, onde chegava tinha esse questionamento, que eu não deveria deixar a vida pública, que deveria continuar, e o povo mesmo me perguntava: "Por que a senhora não vai ser nossa senadora?" Então foi também uma convocação do povo e o partido me deu total apoio. Então se for essa a vontade do povo eu tenho certeza que não haverá nenhuma dificuldade com meu partido.


JM: A senhora disse que a responsabilidade é do povo em decidir alguma candidatura. Segundo a senhora, o povo já está dizendo isso. Quando é que senhora vai fazer a vontade do povo?
Rosalba Ciarlini: Quando for o momento oportuno, porque nessa hora é prejudicial. Nós precisamos trabalhar e juntar forças, todos os representantes do Rio Grande do Norte, os senadores, os deputados, para que nós possamos fazer com que a nossa voz seja ouvida e interprete bem o clamor do povo do nosso estado.


JM: A senhora tem feito oposição declarada ao governo Wilma de Faria. Isso pode ser considerado uma prévia das eleições de 2010?
Rosalba Ciarlini: Não é que eu tenha feito críticas pessoais à governadora Wilma de Faria, mas sim em relação a muitos problemas que o nosso estado enfrenta. Mesmo depois de seis anos de gestão, a administração estadual está provando não está à altura nem das expectativas que criou nem dos problemas que afligem a população. Os mesmos problemas registrados na segurança pública são encontrados na saúde, na educação e em outros serviços públicos essenciais. Nem os que apóiam o atual governo conseguem deixar de admitir que o estado tornou-se refém de uma administração que foi diminuindo de tamanho, frustrando expectativas, traindo compromissos assumidos com a população e abrindo caminho para a falência dos serviços públicos essenciais.


JM: Qual o principal problema que o Estado enfrenta hoje?
Rosalba Ciarlini: A segurança pública no Rio Grande do Norte é uma área crítica, mas um setor onde a grande obra do governo foi a crise permanente, fruto da falta de planejamento e da incapacidade de gestão. Apesar de os índices de violência de Natal e do Rio Grande do Norte não serem tão alarmantes como os de outros estados e municípios, se não houver uma correção de rumos, a tendência é a situação atual piorar. O caso é tao grave que as famílias estão procurando garantir sua própria segurança por meio da instalação de alarmes e cercas elétricas e da contratação de vigilância particular.

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