quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Há quase R$ 1 bi em consignados no RN


Há nove anos, o aposentado Santino Alves, 78, faz empréstimo consignado. O primeiro, no valor de R$ 500, ele fez para ajudar a filha Luzia a montar seu negócio, uma pequena lanchonete em Cidade da Esperança. Seu Santino faz parte de um universo de milhares de potiguares que já movimentaram quase R$ 1 bilhão em crédito consignado desde 2006. Somente de janeiro a setembro deste ano, foram 272.080 operações nessa modalidade, que somaram R$ 366,2 milhões. Na semana passada, o governo federal reduziu a taxa de juros desse tipo de empréstimo de 2,5% para 2,34% ao mês, mas a operação continua sendo desaconselhada pelos especialistas.


Na opinião do economista Zivanilson Teixeira e Silva, o que tem acontecido desde 2006 é uma "manipulação" do governo para que os idosos recorram a esses empréstimos. Com as recentes quedas nas taxas, esse estímulo ao acesso ao crédito tem sido cada vez maior. "Os idosos se acostumaram a pedir empréstimos e as vezes nem precisam de dinheiro, mas como já existe o caminho trilhado para essa operação, recorrem a ela. Nosso conselho é só ir atrás de empréstimo consignado em caso de extrema necessidade, porque quem está nessa idade não pode estar se preocupando com dívidas e bancos", adverte.

Entretanto, essa é uma modalidade de crédito que só cresce entre os aposentados norte-rio-grandenses. Segundo dados da Previdência Social, em 2006 foram 100.401 operações para R$ 107,9 milhões emprestados. Em 2007, esse índice subiu para 213.465 empréstimos e R$ 260,6 milhões. Já no ano seguinte a Previdência registrou 235.320 empréstimos em folha, o que equivalem a R$201,2 milhões. De 2006 pra cá foram assinados 821.266 contratos e um montante de R$ 936 milhões.

Juros pesam

Depois de alguns anos do primeiro empréstimo, seu Santino fez um de R$ 1.700 e dividiu em 36 parcelas de R$ 90,24, o que totalizou um débito de R$ 3.248,64 - quase o dobro do valor solicitado. Luzia reconhece que o pai sente no bolso o peso dos juros. Segundo ela, antes mesmo de terminar oempréstimo, o banco liga oferecendo novo crédito. "Os juros são muito altos, meu pai termina pagando o dobro do que pediu ao banco", reclama.

As mudanças recentes na taxa de juros indicam que os empréstimos consignados para aposentados e pensionistas ficarão mais tentadores. No último dia 30 o governo federal reajustou os juros tanto para o empréstimo consignado quanto para o cartão de crédito. Para as operações com crédito consignado em contas pessoais, os juros ficam em 2,34% ao mês e, para o cartão de crédito, em 2,36%. Antes os percentuais eram de 2,5% para o empréstimo pessoal e de 2,5% para o cartão de crédito.

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