Altamiro Borges: Decreto antigreve de Dilma é “perigoso e inconstitucional”
Publico e-mail enviado pelo amigo Nuremberg Ferreira
O decreto antigreve do governo
Dilma
Por Altamiro Borges,
Diante da ampliação da greve dos
servidores públicos federais, que já dura mais de um mês e paralisa 25
categorias, o governo Dilma Rousseff apelou para o pior caminho. Baixou o
Decreto 7.777, publicado no Diário Oficial da União nesta quarta-feira (25),
que prevê a substituição dos grevistas dos órgãos federais por trabalhadores
das redes públicas estaduais e municipais. A medida gerou imediata reação das
centrais sindicais, que criticaram a postura antidemocrática do Palácio do
Planalto.
CUT e CTB criticam a medida
Em nota oficial, a Central Única
dos Trabalhadores (CUT), que representa a maior parte das categorias em greve,
repudiou a guinada autoritária do governo. “Esta inflexão do decreto
governamental nos deixa extremamente preocupados. Reprimir manifestações
legítimas é aplicar o projeto que nós derrotamos nas urnas. Para resolver
conflitos, o caminho é o diálogo, a negociação e o acordo. Sem isso, a greve é
a única saída”, afirma a nota.
Wagner Gomes, presidente da
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também foi incisivo
na crítica à iniciativa: “O centro deste decreto é a tentativa de mobilizar
fura-greves contra os funcionários públicos… Esta é uma atitude antissindical,
cujo objetivo é procurar trabalhadores substitutos aos grevistas para esvaziar
suas lutas e, jogando trabalhador contra trabalhador, enfraquecer seu
movimento. O governo age, desta forma, como um patrão capitalista”.
Precedente perigoso e inconstitucional
Pelo decreto, os ministros e os
supervisores de órgãos públicos federais são orientados a garantir o
funcionamento dos serviços nas áreas atingidas pela greve. A norma orienta a
realização de parcerias com governos estaduais e municipais para substituir os
grevistas temporariamente – até o fim da paralisação. A medida coloca em risco,
inclusive, determinados serviços prestados à população, como na vigilância
sanitária e na fiscalização das fronteiras, dos portos e dos aeroportos.
Além de abrir um precedente
perigoso contra qualquer paralisação no setor público, o decreto fere o próprio
princípio constitucional, que garante o direito de greve aos trabalhadores.
Para manter a maldição do superávit primário, nome fantasia da reserva de caixa
dos banqueiros, o governo Dilma rompe o processo de diálogo, mostra-se
inflexível na negociação e apela para a intimidação e para o uso de
fura-greves. Um absurdo, que cobrará o preço do desgaste político.
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