Está em o Estado
CUT x Força. A harmonia entre as centrais, porém,
se limitou aos discursos. Nas entrevistas, os sindicalistas não escondiam suas
diferenças. As mais visíveis eram entre Vagner Freitas, presidente da CUT,
ligada ao PT, e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, deputado federal e
presidente da Força Sindical, ligada ao PDT. “Não vou defender um governo que
tem pisado na bola com os trabalhadores”, disse Paulinho aos jornalistas.
“Alguns utilizam a questão dos trabalhadores porque têm outros interesses: é
deputado federal, quer construir outro partido político e quer fazer o
enfrentamento de 2014 já em 2013”, retrucou Freitas.
A ênfase dos discursos ficou na crítica à política
macroeconômica do governo e na defesa da pauta de reivindicações comum às
centrais, da qual fazem parte a redução da jornada de trabalho e o fim do fator
previdenciário. A alta de juros, usada pelo governo como arma contra a
inflação, foi atacada. “É uma sangria na classe trabalhadora”, disse o
presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio dos Santos
Neto. “Não é possível o governo destinar uma montanha de dinheiro para pagar os
juros da dívida pública”, seguiu Vagner Gomes, da CTB.
Público apático. Todos ameaçaram Dilma, de forma
mais ou menos enfática, com a possibilidade de greve geral. “Se a Dilma não
ceder, o pau vai comer”, bradou Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, da CGTB. Os
brados de guerra dos líderes não encontravam repercussão na plateia. A maioria
das pessoas não prestava atenção, não aplaudia, não vaiava, não puxava refrões.
A exceção eram pequenas claques, que erguiam bandeiras quando seu presidente
falava.
Foram duas horas de falas. A abundância de recursos
das centrais, garantida pelo imposto sindical, descontado automaticamente do
salário de todo trabalhador, era visível nos grandes e coloridos balões, nas
faixas produzidas em série, bandeiras, camisetas, bonés e fitas.
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