Dilma veta criação de municípios
A presidente Dilma Rousseff
(PT) decidiu vetar integralmente o projeto que tratava da criação,
incorporação, fusão e desmembramento de municípios. Na mensagem publicada em
edição extra do Diário Oficial da União (DOU), e dirigida ao presidente do
Senado Federal, Renan Calheir Segundo a mensagem, o Ministério da
Fazenda (MF) foi consultado e manifestou-se pelo veto ao projeto de lei
complementar. O MF argumentou que a medida permitiria a expansão expressiva do
número de municípios no País, resultando em aumento de despesas com a
manutenção de sua estrutura administrativa e representativa. O ministério
argumentou, também, que esse crescimento de despesas não seria acompanhado por
receitas equivalentes, gerando impactos negativos sobre a sustentabilidade
fiscal e a estabilidade macroeconômica. Por fim, o MF lembrou que haveria maior
pulverização na repartição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios
(FPM), o que prejudicaria principalmente os municípios menores e com maiores
dificuldades financeiras.
Na última sexta-feira,
8, Dilma afirmou que era preciso ter cuidado com a proposta de criação de
municípios, pois não haveria aumento de receitas, mas divisão do dinheiro
existente. “Quanto mais municípios forem criados, menor a fatia do bolo que
fica para outros municípios”, afirmou durante entrevista a rádios gaúchas. O
relator do projeto no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO), chegou a estimar que as
novas regras permitiriam o começo do processo de desmembramento e criação de
pelo menos 180 municípios. No ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
trabalhou com eleições para 5.568 prefeituras, em todo o país.
Lei federal
A Câmara dos Deputados
aprovou, em junho passado, projeto que dá brecha à criação de municípios pelas
Assembleias Legislativas dos estados. Existem atualmente no Brasil 410
municípios que estão pleiteando emancipação. O projeto aprovado voltou para o
Senado e foi avalizado pelos senadores em 16 de outubro passado. A matéria
estabelece normas mais rígidas das válidas antes de 1996, exigindo a realização
de um Estudo de Viabilidade Municipal e a realização de plebiscitos envolvendo
não só a população a ser emancipada, como a da chamada cidade-mãe que irá
perder parte de seu território. O plebiscito deveria ser feito preferencialmente
junto com as eleições gerais, para redução de gastos.
O projeto dizia que o
estudo de viabilidade municipal só seria levado adiante se o minimo populacional
fosse cumprido, junto com o apoio de 20% dos eleitores da área a ser
emancipada. O pedido deveria ser encaminhado à Assembleia para a realização do
estudo de viabilidade econômico-financeira; político-administrativa e
sócio-ambiental e urbana. No caso da viabilidade econômica, o projeto exigia a
comprovação de o novo município ter receitas de arrecadação própria, capacidade
de se manter e cumprir a aplicação dos percentuais mínimos em educação e saúde.
os (PMDB-AL), Dilma explica os motivos de ter vetado o Projeto de Lei nº 98, de
2002 - Complementar, citando contrariedade ao interesse público. A proposta
tinha sido aprovada pelo Senado em outubro, mas a mensagem de Dilma lembra do
risco de serem gerados gastos, sem haver receita suficiente para cobrir tais
despesas.
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