A Sudene e o jogo da verdade
João Lyra Neto
Jornalista
A tão falada política de
governadores estabelecida dentro do Conselho Deliberativo da Sudene, como força
propulsora dos interesses do Nordeste, no encaminhamento e solução dos
problemas junto ao Governo Federal, prevaleceu, sem duvida, anos e anos. Essa
frente, vamos dizer, organizada para defender, em termos regionais, os mais
intricados problemas do Nordeste era, no entender de muitos o esteio daqueles
que desejavam tudo da Sudene, favores fiscais e financeiros, muitas vezes até
ameaçados de divisão pela força poderosa dos capitalistas e industriais da
área. E o Poder Central fazia, consequentemente, a vontade dos “Reis e
Senhores”, para que não faltasse, ao tempo da política de mando, aqueles tão
necessários recursos a manutenção dos planos e programas governamentais.
A partir de 1964, a coisa mudou
de figura. O todo poderoso passou a ser o Governo Federal, contra a todas as
frentes e jogos que envolvessem a demagogia como mola principal. A Sudene
continuou com suas portas abertas, sem negar nada à ninguém. A política de
atendimento vinha prevalecendo dentro de critérios pré-analisados exigidos para
cada caso e com base nos planos diretores de cada triênio, olhando,
objetivamente, para esse ou aquele problema regional. Não se pode negar que o
Nordeste avançou demasiadamente no campo da eletrificação dos micro-ondas,
telecomunicação, das obras vultosas, da açudagem , rodovias, construção de
casas populares, rodovias etc. Tudo que se tinha desejado o “abre-te sésamo”
funcionava identificado com a política do desenvolvimento que o Governo Federal
desejava ver realizado, com a atuação dos governadores e aprovação de projetos
relativos aos seus Estados.
Quantos projetos agropecuários e
industriais foram mensalmente aprovados para que não faltasse ao Nordeste os
recursos financeiros e técnicos para sua expansão? Tudo isso reforçado pela
inegável aplicação dos recursos das ART. 34/18. A Sudene, inclusive, vinha
adotando uma política agropecuária semelhante a dos órgãos do ministério da
Agricultura, criando e projetando campos de mudas de fruticultura e pastos
nativos nos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio G. do Norte, para que não
faltasse ao agricultor os tão reclamados recursos. Não era, exclusivamente a
política de governadores que exercia essa influencia na condução dos negócios e
sim, a necessidade do crescimento econômico. A Sudene, depois de “trancos e
barrancos” voltava a ser com a indicação da economista Tânia Barcelar pelo
ministro da Integração Ciro Gomes. O seu funcionamento é, sem duvida alguma,
uma frente de trabalho importante para o Nordeste.
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