A indústria e a seca
Amaro
Sales de Araújo
industrial,
Presidente da FIERN e COMPEM/CNI
No Rio Grande
do Norte, em alguns recantos, as chuvas não caíram ou são irregulares desde o
segundo semestre de 2011, ou seja, aproximadamente há 30 meses sofremos com os
efeitos da estiagem.
Efeitos,
aliás, que são sentidos não apenas pela agropecuária. Os segmentos do comércio
e indústria também são afetados. A água é um insumo indispensável ao processo
industrial. Sem água suficiente, inúmeras atividades no comércio e na indústria
serão suspensas. Na indústria, em particular, a ausência de água afeta, dentre
outros, frontalmente os investimentos da construção civil, mineração e
alimentos. A seca, portanto, não é um assunto apenas do setor primário. A água,
aliás, é um tema vital para todos nós!
As
perspectivas de um inverno regular em 2014, com a Graça de Deus, ainda
persistem, todavia, mesmo com chuvas, o Rio Grande do Norte e o Nordeste
reclamam por medidas que amenizem situações de calamidade em função da seca.
O Rio Grande
do Norte tem seu território quase todo no semiárido, algo em torno de 97%, ou
seja, expressiva área que exige projetos específicos de convivência com
estiagens prolongadas. E já existe tecnologia aplicada em vários lugares do
mundo que bem poderia ser aproveitada por aqui, dentre as quais, perfuratrizes
para poços de maior profundidade, dessalinizadores de melhor performance,
adutoras, reaproveitamento d´água e manejo apropriado para a pecuária e
agricultura.
Precisamos
insistir para que mais recursos sejam aplicados em pesquisa e inovação e, neste
contexto, projetos de convivência com a seca. Os Governos podem recorrer a
experiências vitoriosas em outros Países, no próprio Nordeste e no Rio Grande
do Norte. Em São José do Seridó, por exemplo, o rejeito do dessalinizador serve
para o cultivo de peixes e a irrigação da erva-sal atriplex, espécie forrageira
que ajuda a enriquecer a composição da ração animal. Como também são
importantes as experiências encontradas em diversos locais que se relacionam a
construção de cisternas, barragens submersas, pequenos sistemas de
abastecimento, enfim, projetos de barramento e uso consciente d´água que
deveriam ser reproduzidas em todos os recantos do Nordeste brasileiro.
O Sistema
FIERN participa do esforço para buscar alternativas tecnológicas para a
questão. O CTGAS-ER, centro vinculado ao SENAI RN, desenvolve, dentre outros
projetos, um sobre a utilização da energia solar em dessalizadores e, apoiado
em tecnologia alemã, avalia o seu melhor uso, além dos laboratórios e pesquisas
que se referem a energias renováveis, identificação de aquíferos e utilização
de fontes alternativas de energia no processo produtivo no âmbito do semiárido.
O CTGAS-ER, tendo expertise em geoprocessamento, sensoriamento remoto e
modelagem atmosférica, pode realizar atividades de mapeamento de áreas
susceptíveis a desertificação, bem com o monitoramento de cobertura vegetal e
hidrometeorológico, informações estratégicas que podem subsidiar um melhor
direcionamento das ações públicas de convivência com a seca.
Ocorre que,
decorridas tantas secas e crises consequentes, não temos uma política
consolidada e permanente de convivência com estiagens. As ações sempre ocorrem
em curto prazo e, em regra, quando estamos imersos na crise. Precisamos de um
planejamento que nos dê a segurança hídrica para as próximas décadas, inclusive,
contemplando possibilidades de investimentos na indústria.
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