domingo, 22 de julho de 2007

ACM e o cinismo de todos nós

Luiz Fernando Veríssimo, no livro Para entender o Brasil, com toda a franqueza e o estilo que lhe é peculiar, disparou: "Acho que no Brasil temos que viver em constante alerta contra o cinismo. O dos outros e o nosso".

Muitos dos elogios e reconhecimentos públicos feitos a ACM estão no campo da conveniência, outros no da diplomacia política, alguns explicam-se através da cultura solidária do brasileiro num momento de consternação, talvez. E muitos destes elogios justificam-se pelo cinismo mesmo.

Os reconhecedores das grandes realizações do político Antonio Carlos Magalhães, do seu amor pela Bahia e pelo Brasil, que esqueceram as mazelas do povo baiano, por exemplo. Precisam visitar a periferia e as favelas da grande Salvador e trafegar pelas rodovias esburacadas do interior baiano, onde se depararão com crianças tapando crateras em troca de um pedaço de pão.

A qualidade de vida da grande maioria dos baianos contrasta gritantemente com o patrimônio acumulado pela família do senador ACM. Um dos sintomas do nosso apartheid.

Negar, esconder, sequer fazer menção a isso não é só cinísmo. É pior, é negar solidariedade a coletividade brasileira e conseqüentemente ao bravo povo baiano. É tentar apagar a memória de nossa gente e escamotear, mais uma vez, sua história de espoliação e sofrimento.

Desejemos todos, descanso eterno a ACM e cuidemos urgentemente dos vivos que ficaram e que ainda esperam por uma Nação para viver.

*Luís Carlos LinsMembro do Fórum Permanente Pela Ética na Política

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