sábado, 29 de junho de 2013

"Precisamos dar apoio a todos os níveis de educação"

A melhoria da qualidade da educação de base vai repercutir diretamente na ponta: no ensino superior. A afirmação é da reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,  Ângela Maria Paiva Cruz, que em entrevista à TRIBUNA DO NORTE pontua esforços em capacitar os alunos que ingressam na instituição com defasagem no aprendizado, bem como na formação superior e continuada dos educadores que atuam na rede pública de ensino.“A preocupação da universidade não é apenas com o ensino superior, é com o todo”, disse”, afirma.

Educação básica e profissional é o tema tratado na 17ª edição do Projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte realizado pela TRIBUNA DO NORTE, UFRN, Sistema Fecomércio/RN, Sistema Fiern e Salamanca Capital Investments, com patrocínio do Governo do Estado, Assembléia Legislativa, Cosern e Banco do Brasil. O Seminárioserá realizado no próximo dia 8 de junho, no Praiamar Natal Hotel & Convention, em Ponta Negra, às 8h, com as presenças do  secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim, do deputado federal Gabriel Chalita, entre outros. Confira a entrevista.

Alex Régis
Ângela Maria Paiva Cruz é reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Ângela Maria Paiva Cruz é reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

A educação de base é uma preocupação da Universidade?

A preocupação da universidade não é apenas com o ensino superior, é com o todo. Temos trabalhado internamente com a oferta desde o ensino infantil, fundamental, médio, técnico, à distância e superior de boa qualidade, cerca de 15 mil matrículas, além dos projetos para qualificar e ampliar a educação básica seja no setor público ou privado. As pessoas são altamente capacitada, mas o financiamento do MEC é muito voltado para o superior e temos o apoio da Secretaria de Educação Tecnológica para apoiar a educação básica, tecnológica e infantil. A melhoria da qualidade nos outros níveis de ensino vai repercutir diretamente na ponta, na graduação e pós graduação. Vivemos há muitos anos uma educação básica de baixa qualidade em todo país, indicadores como o Ideb comprovam isso.  Por outro lado, houve expansão de oferta de vagas nas universidades e a criação do sistema de cotas para  egressos da escola pública. E a Universidade precisa dar apoio, com cursos de nivelamento e políticas de permanência.

Como a senhora avalia a qualificação dos professores e o que tem sido feito nesse sentido? Temos grandes avanços na formação de educadores infantis, a partir do trabalho feito no Núcleo de Educação Infantil (NEI), com cursos de especialização para todo o Nordeste. Em paralelo, abrimos o mestrado profissional em matemática, em  convênio com a Secretaria Estadual de Educação (SEEC), com pólo em Caicó e participação efetiva dos professores da área. Temos também o mestrado acadêmico em ciências naturais e agora a UFRN vai coordenar  o mestrado profissional em Letras, para professores de língua portuguesa que estão em salas de aula da rede pública. O pólo é em Currais Novos mas a coordenação será feita em rede, formada por 41 cursos em todo país. 

Como atrair e garantir a permanência de alunos para licenciatura?Para qualificar também as licenciaturas participamos de programas nacionais, voltados à valorização do professor que já está em sala de aula e para os estudantes das licenciaturas. Para que esses permaneçam da melhor forma no curso, conciliando conhecimento teórico à prática e com oportunidade de elaborar e executar projetos e sobretudo terem condições para se dedicar a essa fase, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, o PIBID, concede bolsas aos alunos, financiadas pela Capes. Hoje temos cerca de 500 alunos bolsistas que recebem para desenvolver projetos de melhoria de ensino junto às escolas, com a supervisão da universidade e da escola. Outro, é o Programa de Licenciatura Internacional (PLI) que permite aos nossos alunos se candidatarem para fazer metade do curso aqui e a outra metade em Portugal, com  dois diplomas, ao final, validados em cada um dos países. 

Estudos do MEC mostram que os cursos de licenciatura são mais buscados por egressos da rede pública e com maior defasagem educacional. Esse perfil permanece, influencia na formação do professor?Ainda é forte a presença de egressos da rede pública de ensino, mas tem mudado na questão de repercussão quando chegam ao mercado, às salas de aula, não se traz tanto o ranço do sistema da rede pública. 

A mudança se deve a quê?Egressos da rede pública tem maior participação nos cursos de alta demanda, com as políticas de inclusão, antes mesmo da lei de cotas, a UFRN vem com o argumento de inclusão e a isenção da taxa de inscrição. E os dados mostram que eles se nivelam no decorrer do curso com os alunos que chegam da rede privada. Seja por receber o apoio da universidade, com políticas de permanência ou mesmo por motivação própria, do quanto ele busca suprir as defasagens educacionais da vida escolar pregressa. Entre aqueles que participam desses programas ou tiveram incentivo do argumento de inclusão para entrar na faculdade, alguns sequer tinham a convicção de seguirem a carreira de professor, apesar de estarem nas licenciaturas, saem certos que são e atuaram como professor. Presenciamos algo difícil de ver na última colação de grau, entre bacharéis e licenciados, ver os últimos recebendo a láurea, ou seja, um apoio e assistência para entrar e permanecer na faculdade pode dar excelentes resultados. Acreditamos que a lei de cotas induz as famílias a creditarem e candidatarem os filhos a uma universidade, um ensino superior, a uma mudança de qualidade de vida.

Quais os resultados do programa de formação continuada dos professores da rede pública do Estado, que é coordenada pela UFRN?Esse é um projeto de longos anos. Com base em relatos da Secretaria de Educação, a avaliação é positiva. Houve uma  melhoria na qualificação. Em muitas escolas há professores com mestrados, especializações na área que atuam. Há a renovação necessária. E isso incentiva para uma nova atualização acadêmica, até pela transformações e avanço da velocidade da informação é preciso uma atualização científica e tecnológica. 

Como o MDRN pode contribuir para esse debate?Queremos, nessa perspectiva da temática do Motores, colocar na pauta do desenvolvimento do estado, a educação como o principal vetor de crescimento social e econômica. Enquanto instituição de ensino superior também temos vários desafios, bem como as próprias escolas. Estas precisam rever o modelo de gestão das escolas para  gerenciar os projetos pedagógicos com mais critérios.  Entendo que o professor é gestor de projetos de vidas, da mesma forma que as escolas precisam de gestão de projetos de formação de pessoas, com metas bem definidas. Para a escola ser um espaço atraente é preciso gestão de políticas públicas, projetos pedagógicos atraentes, infraestrutura, motivar o professor, o aluno e o gestor, passando também pela questão do financiamento.  Há diagnósticos de que o salário não motiva os professores, a valorização é ainda um grande desafio para a rede pública e provada, o salário que não motiva o professor para atrativo se qualificar continuamente e se dedicar plenamente aquela atividade. O piso nacional é um piso, mas muito distante do que deve ser para determinar essa qualidade. Defendemos os 100% dos royalties do pré-sal para aplicação na educação básica. À medida que educação num país é forte, outras políticas, como saúde, segurança, precisariam de menos investimentos.  É preciso uma distribuição de renda mais equitativa, não podemos dar por satisfeito um país que em metade do seu território tem 40% da população com ensino superior e, na outra metade, somente 15% tem acesso a educação superior, isso é perpetuar as desigualdades sociais muito fortes. 

A UFRN é um dos principais ofertantes de cursos do Pronatec. Qual avaliação e resultados?Hoje na Escola Agrícola de Jundiaí há um número bastante significativo, cerca de 20 mil estudantes em cerca de 30 municípios. O Metrópole Digital tem mais 2,4 mil vagas pelo Pronatec. A Escola de Música, 400 alunos em cursos técnicos, inclusive com uma unidade funcionando em Cruzeta. Alguns desses alunos vinham pra Natal. A Escola de Enfermagem deve chegar a 3,5 mil no Pronatec. Temos a maior oferta no Estado, atendendo a demanda identificada pela Secretaria Estadual de Educação.

Enquanto universidade percebe a procura maior por cursos técnicos?Entendemos que universidade pode dar essa contribuição  no ensino técnico e tecnológico e não podemos abrir mão desse papel. As graduações tecnológicas, com duração de 2 a 3 anos, para alguns arranjos produtivos esse formato dá a resposta necessárias, assim como os mestrados profissionais para aqueles profissionais que já estão no mercado mas que precisam de uma qualificação. Mas o que queremos investir e expandir como força é o ensino superior.  O ensino tecnológico é importante pela empregabilidade imediata para todos os setores da economia. Mas não podemos pensar que só a formação técnica será suficiente para permanecer no emprego e desempenhar  a função com a qualidade e exigência do mundo de hoje.

Divulgadores do Telexfree não poderão recorrer ao Procon para reclamar

As pessoas do Rio Grande do Norte que ingressaram e investiram na empresa de marketing multinível Telexfree não poderão recorrer ao Procon caso deixem de receber os valores acordados junto à empresa. 

Segundo o coordenador do Procon do Estado, Arakén Farias, o que foi tipificado no caso da Telexfree foi o suposto crime contra a economia popular. “O nosso entendimento é o mesmo do Ministério Público do Acre, que entendeu que a atividade é ilícita e que depende de autorização do Conselho Monetário Nacional”, disse Arakén.

Para ele, por não haver uma relação de consumo, não há como o Procon atuar. No entanto, o coordenador disse que a instituição vai orientar as pessoas que porventura entrem em contato. “Orientaremos que procurem a Justiça e peçam o bloqueio dos valores para garantir o ressarcimento”, disse.

Por outro lado, a abertura de escritórios que  atuam com Telexfree tem configurado relações de trabalho em torno das atividades de marketing multinível.

De acordo com Renato Rodrigues, que preside a Comissão dos Advogados Trabalhistas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), nos casos  em que uma única pessoa celebra contrato com o Telexfree e passa a contratar pessoas para que façam a propagação de publicidade via internet, é preciso estar atento  à lei trabalhista.

“A partir do momento que o titular de uma conta recepciona candidatos e preenche vagas, passando a cobrar horários de uma pessoa, a remunerá-la, aí existe o vínculo de trabalho e isso está acarretando inclusive a abertura novos postos de forma precária”, analisou Renato Rodrigues.

Segundo ele, ainda não há uma demanda de causas trabalhistas em torno do marketing multinível. “É uma situação muito nova, mas com certeza não vai demorar muito tempo para casos como esses terminarem às barras da Justiça do Trabalho”, opinou.

Por outro lado, o presidente da Comissão de Advogados Trabalhistas argumenta que não há relação de trabalho quando a pessoa celebra contrato com a Telexfree e faz a divulgação por conta própria.

Ministério da Justiça abre processo contra Telexfree

Nesta sexta-feira (28) o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), da Secretaria Nacional do Consumidor (MJ), instaurou processo administrativo contra a empresa Telexfree (YMPACTUS Comercial LTDA) por indícios de formação de pirâmide financeira.
Telexfree é alvo de investigação por possível pirâmide financeira
A empresa estaria ofendendo os princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor, como o dever de transparência e boa-fé nas relações de consumo, além de veiculação de publicidade enganosa e abusiva.

O DPDC recebeu no início do ano denúncias de vários órgãos estaduais do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, principalmente do Procon e Ministério Público do Acre. O DPDC oficiou diversos órgãos, inclusive a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central, Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda e Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
 
"A prática de esquemas de pirâmides, além de crime, acarreta danos irreparáveis aos consumidores. As empresas que incorrerem nessas práticas também serão sancionadas com base no Código de Defesa do Consumidor", alertou Amaury Oliva, diretor do DPDC.
 
Caso seja confirmada a violação aos direitos e garantias previstos no Código de Defesa do Consumidor, a empresa poderá ser multada em mais de 6 milhões de reais.
 
O DPDC, em conjunto com a CVM, divulgou  recentemente o Boletim de Proteção ao Consumidor/Investidor sobre investimentos irregulares, com dicas e orientações ao consumidor para evitar golpes frequentes, entre eles o de pirâmide.

Divulgadores do Telexfree fazem carreata em protesto à suspensão de pagamentos Publicação: 29 de Junho de 2013 às 16:51

Divulgadores do Telexfree fazem uma carreata na tarde deste sábado (29) em protesto a decisão da juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Cível de Rio Branco, capital do Acre, que suspendeu o pagamento e novas adesões da empresa.
Mais de 100 carros e motos percorrem a avenida Engenheiro Roberto Freire, zona Sul de Natal, realizando um "buzinaço" e com cartazes de apoio a empresa, um dele diz "sou divulgador e estou 100% satisfeito com o Telexfree". O protesto começou em frente a sede da emissora InterTV Cabugi, em Candelária.
A suspensão aconteceu após a juíza reconhecer indícios de pirâmide financeira, o que é proibido por lei no Brasil. Segundo Thaís Khalil, a relação predominante entre os participantes do Telexfree é de buscar novos divulgadores e publicar anúncios.
Ontem, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), da Secretaria Nacional do Consumidor (MJ), instaurou processo administrativo contra a empresa, justificando indícios de pirâmide financeira. A empresa estaria ofendendo os princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor, como o dever de transparência e boa-fé nas relações de consumo, além de veiculação de publicidade enganosa e abusiva.

Caso seja confirmada a violação aos direitos e garantias previstos no Código de Defesa do Consumidor, a empresa poderá ser multada em mais de 6 milhões de reais.

TN

“O professor deveria ser o profissional mais bem pago”

Competência dos municípios, o ensino fundamental não tem  cumprido o dever de casa. No Rio Grande do Norte, o  Ideb 2011 para os anos iniciais do ensino fundamental atingiu a média de 4.1 e nos finais 3.4. A secretária de educação de Natal, professora Justina Iva,  reconhece que, “a  julgar pelo resultado,  os alunos que saem da rede municipal não atendem ao aprendizado mínimo exigido”. Em entrevista  à TRIBUNA DO NORTE, Justina Iva fala da “dívida histórica com o ensino infantil”  - um dos principais gargalos da educação básica no país -, analisa avanços  em políticas públicas para implantação de programas de alfabetização, qualificação de profissionais e defende a federalização da educação básica para resolver os baixos investimentos. 

Rodrigo Sena
Justina Iva, secretária de Educação de Natal: Com a baixa remuneração, o professor fica preocupado em manter a casa, deixar os filhos, isso reflete no trabalho
Justina Iva, secretária de Educação de Natal: Com a baixa remuneração, o professor fica preocupado em manter a casa, deixar os filhos, isso reflete no trabalho

A educação básica e  profissional para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte é o tema da 17ª edição do Seminário Motores do Desenvolvimento. O MDRN é realizado pela TRIBUNA DO NORTE, UFRN, Sistema Fecomércio/RN, Sistema Fiern e Salamanca Capital Investments, com patrocínio do Governo do Estado, Cosern, Assembleia Legislativa e Banco do Brasil. O Seminário, primeira edição de 2013, será realizado no próximo dia 8 de julho, no Praiamar Natal Hotel & Convention, em Ponta Negra, às 8h. Confira a entrevista.

Como a senhora avalia a educação básica no município?

Temos escolas que caminham muito bem e outras que não conseguem caminhar. Não podemos generalizar. 

Os alunos que saem hoje da rede municipal de ensino atendem as exigências mínimas de aprendizagem?

Pelo desempenho de indicadores como o Ideb, acredito que não. Mas não dá para generalizar e dizer de péssima ou de boa qualidade a educação básica. Apesar de inseridas na mesma região em que escolas tiveram baixo desempenho, duas escolas alcançaram 5.3 e 5.5 no Ideb. Pretendo encomendar um estudo para avaliar o porquê  de escolas com o mesmo perfil,  infraestrutura física e nível de formação de professores semelhantes apresentar resultados tão distantes. Em uma a aprendizagem acontece e na outra não. 

E quais os desafios para mudar essa realidade? É problema  de gestão?

Gestão é fundamental. Mas não podemos reduzir a único fator. A inserção em área de baixo índice de desenvolvimento humano, problemas sociais, situações de riscos, nível de qualificação dos professores também influencia. Nacionalmente, pesquisas sobre o avanço do  Ideb mostram ser preciso compromisso do gestor, do corpo docente e servidores com a escola, além de gostar do que se faz e ter amor pela profissão. Em 2007, quando Acari apresentou o melhor Ideb  mesmo com menos infraestrutura que escolas de Natal, a diferença foi o envolvimento dos professores. É a coisa do amor.

Mas a baixa remuneração também reflete no desempenho...

Com certeza o professor deveria ser o profissional mais bem pago da sociedade. Com a baixa remuneração, o professor fica preocupado em manter a casa, deixar os filhos, isso reflete no trabalho. Mas os profissionais quando abraçam a profissão sabem das dificuldades e da responsabilidade pela formação do caráter de crianças e não podem justificar a impontualidade ou qualquer outro problema devido o mau salário.

Em 2003, a rede recebeu 66.588 matrículas e em 2012 o número caiu para 56.106, queda de 15,74%. Qual o motivo?

Isso se deve a proliferação da escola privada dos anos iniciais, 1º ao 5 º ano, a baixo custos nas periferias. Mas sobretudo as consecutivas greves de professores e paralisações das atividades letivas nesse período, que levaram ao descrédito da rede pública. Os pais preferiram a rede privada, pela certeza de ter aula,  de onde deixar os filhos acolhidos de segunda a sexta. Isso reduz a procura pela matrícula na rede pública. É o descrédito e o preconceito, do qual eu não comungo, de que público é sinônimo de má qualidade. Somado a redução da natalidade, o planejamento familiar é cada vez menor o número de filhos por família, um fenômeno irreversível. Os desafios enfrentados nas escolas do ensino fundamental sobretudo nos níveis finais é o desencantamento com a escola.

O que pode ser feito para tornar a escola mais atraente e eficiente? 

O que já estamos fazendo, qualificação permanente dos professores, investir em infraestrutura, manutenção nas escolas, construção de escolas, CMEIs, modernização dos sistemas,  retomar o plano de carreira dos professores.

A educação infantil ainda é considerada por especialistas, a lacuna no sistema de educação. O que está sendo feito para universalizar o acesso?

Temos uma dívida histórica com a educação infantil, que hoje é prioridade. O pacto da edução infantil e da educação básica é recente, a partir dos anos 2000. Trabalhar na perspectiva de cuidar e educar  requer um aparato bem maior do que em creches, há normatização sobre equipamentos físicos, qualificação profissional e tudo isso demanda investimentos. Hoje a educação infantil é uma prioridade. No âmbito do governo federal, há programas para a educação infantil, de alfabetização de crianças aos 8 anos e o Mais Educação. Estamos trilhando no caminho certo, porque esta é a base. O Pro-infância inovou esse ano, com a liberação antecipada de recursos per capita para alunos novos na rede, de primeira matrícula, antes só ocorriam um ano após a inserção, o que forçava o Município arcar com todos os custos. 

A rede física é precária. O que há de investimentos previstos nessa área?

Com base no censo 2010 e seguindo a determinação do governo federal, precisamos construir 31 CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil), até 2016. E  atender 50% de 0 a 3 anos, que não é obrigatória, até 2022. Temos  autorizados hoje pelo MEC 28 centros para construir nessa gestão. Conseguimos assegurar junto ao MEC a estruturação dos laboratórios de informática das escolas de ensino fundamental, pelo PAR. Estamos pleiteando lousas digitais, climatização, além de informatizar as matrículas da rede, por meio do sistema Sigaeduc, desenvolvido pela UFRN e financiado pelo Mec, para ter uma melhor gestão e dinâmica da matrícula, o controle para saber se tem sala de aula sem professor, o número de alunos por sala, que hoje não temos esse controle.

Qual o déeficit de professores na rede e o que está sendo feito?

Não temos déficit de educadores infantil e auxiliares de sala, são estagiários de cinco (UFRN, IFRN, Kennedy, UnP e UVA) universidades conveniadas. Já foram 382 encaminhados e a demanda só cresce. No ensino fundamental, ainda temos dificuldades. As escolas públicas têm buscado se equipar dentro do padrão físico e pedagógico  internacional. Todos os professores na educação infantil em Natal tem qualificação profissional, as escolas possuem salas adaptadas. Cerca de 80% do quadro de professores tem especialização,  formação superior e o ingresso por concurso público. 

Os investimentos dependem bastante de recursos do governo federal...

A maior parte dos programas e ações são financiadas pelo governo federal para a construção, aquisição de equipamentos e recursos per capta aluno para a merenda, e agora esse recurso de primeira matrícula,  tem a contrapartida do município com muros, calçadas e a terraplanagem. O custeio e a manutenção é com o Município. O Ensino fundamental também pode financiar pelo PAR mas é mais difícil. Tanto o Estado, quanto o município trabalham com ensino fundamental, no RN não houve o entendimento de que para cuidar melhor do ensino médio, o Estado deveria repassar inteiramente o ensino fundamental para o Município. 

Os municípios têm condições de assumir inteiramente, frente a esta dependência de recursos federais? 

Há um envolvimento dos prefeitos defendendo a reforma tributária, para que a transferência da fatia da arrecadação seja maior, uma vez que os municípios ficam com a menor, 12%. Se transfere responsabilidades e temos a maior que é cuidar da base, do alicerce, mas sem a transferência simultânea e proporcional de recursos. Há esse movimento. Esperamos também que seja aprovada a destinação dos 10% do PIB para a educação, previstos no Plano Nacional de Educação, bem como dos 100% da arrecadação com os royalties do petróleo do pré-sal. Isso promoverá uma melhora significativa, mas a longo prazo.

E a curto prazo o que o Município pode fazer?

Há boas perspectivas de investimentos a educação. Mas essa má distribuição, desigual e injusta, tem como consequência grave para o Município a remuneração dos professores insatisfatória e dificuldades para avançar. Para melhorar, a curto prazo, seria preciso que o governo federal assumisse.

Federalizar a educação básica?

Sim. Acredito que  a proposta do senador Cristovam Buarque resolveria a questão. Se o governo federal assumisse a remuneração dos professores da rede básica, assim como faz com o ensino superior, já que é quem demanda mais recursos, haveria condições dos municípios investir mais na educação e os professores serem mais valorizados, teríamos um salário único em todo o país. Hoje se paga muito mal, mas a folha é o que mais onera, 90% do Fundeb é para pagar somente professor.  Essa seria a melhor contribuição para os municípios e a educação básica do país, não somente o MEC apoiar enviando recursos de forma pulverizada. 

História de Valdetário Carneiro é tema de livro-reportagem em TCC na UFRN

Val, como era conhecido, foi morto em 2003 em confronto com a polícia.
Nos anos de 1990, foi um dos assaltantes mais procurados do Nordeste.

José Valdetário Benevides, o Valdetário Carneiro, ganhou notoriedade pelos crimes que cometeu (Foto: Dudé Viana/Acervo da Família)


A história do mecânico de automóveis José Valdetário Benevides, o 'Valdetário Carneiro', que nos anos de 1990 e início dos anos 2000 se tornou um dos assaltantes de banco mais perigosos do Nordeste, e que foi morto em confronto com a polícia em dezembro de 2003, foi transformada em livro-reportagem por dois alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O trabalho foi aprovado com a nota máxima nesta sexta-feira (28).
Livro conta a história de Valdetário Carneiro (Foto: Reprodução)
Livro-reportagem conta a história de Valdetário
(Foto: Reprodução)
Paulo Nascimento e Rafael Barbosa apresentaram "Valdetário Carneiro: a essência da bala" como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Além de traçar o caminho do mecânico, nascido na cidade deCaraúbas (no Oeste do estado) em 1959, a obra também inclui um breve capítulo sobre a história de parte da família Benevides Carneiro, em especial os primos de Valdetário, que também foi envolvida com o crime.
"Buscamos contar através do livro a história do homem Valdetário, que é desconhecido do grande público, mostrando o que está por trás do mito criado tanto pela população como por parte da mídia na época", afirmou Rafael Barbosa.
José Valdetário, como conta o livro-reportagem, participou de uma série de assaltos a bancos em vários estados do Nordeste durante o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000. Ele também orquestrou homicídios contra inimigos políticos de sua família, em especial integrantes da família Simião Pereira, como os médicos e irmãos João e Aguinaldo Pereira.
Ele ainda participou da segunda maior fuga da história da Penitenciária de Alcaçuz, quando em novembro de 2000 foi resgatado, junto com outros 29 homens, por integrantes de sua quadrilha. Os homens neutralizaram a segurança da unidade prisional utilizando metralhadoras de uso exclusivo das Forças Armadas. O trabalho ainda traz uma versão inédita da operação que resultou na morte do assaltante, no dia 10 de dezembro, em um sítio da zona rural deLucrécia.
O plano dos dois alunos é de que o livro seja lançado, acrescido de mais informações, até o início do próximo ano, quando se terá completado dez anos da morte de Valdetário.
Túmulo de Valdetário Carneiro, em Caraúbas, cidade onde nasceu (Foto: Anderson Barbosa/G1)Túmulo de Valdetário Benevides, em Caraúbas, cidade onde nasceu (Foto: Anderson Barbosa/G1)

Plebiscito e soberania popular

Em artigo no O POVO neste sábado (29), o arquiteto urbanista e vice-presidente do PT/Ceará, Joaquim Cartaxo, avalia o discurso da presidente Dilma sobre reforma política. Confira:
Que propôs mesmo a presidente Dilma, em relação à reforma política? Afirmou a presidente em discurso à nação que, na última década, o tema da reforma política “entrou e saiu da pauta do país por várias vezes”, apesar da necessidade de sua realização. Após essa constatação, declarou: “Quero, nesse momento, propor o debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita”.
Assim sendo, qual o conteúdo político da proposta da presidente? Convocar a população brasileira para debater a reforma política por meio de um plebiscito.
PSDB, DEM e PSS de imediato, opositores do governo federal e contrários à participação popular, rechaçaram a proposta da presidente do Brasil de entusiasmar a sociedade brasileira à prática da soberania popular, que pode ser exercida por meio do referendo, da iniciativa popular de lei, além do plebiscito, conforme prevê a Constituição Federal de 1988 (Art. 14°), que também estabelece: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição” (Art. 1°) e que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (Art. 5°).
Realizar o plebiscito é exercitar soberania popular; é radicalizar a democracia por meio de um processo de participação e manifestação do pensamento sobre de que modo cidadãos e cidadãs escolherão seus representantes, se relacionarão com os eleitos e exercerão poder diretamente.
Em suma, o plebiscito definirá as regras políticas e institucionais entre as democracias representativa e participativa, governantes e governados, dirigentes e dirigidos, eleitores e partidos, partidos e eleitos; o sistema eleitoral: modalidade de voto, financiamento de campanhas, quantidade de partidos, coligações e fidelidade partidárias, dentre outras questões.

Salário médio de quem estudou mais de 12 anos cai 8% em uma década

Salário médio de quem estudou mais de 12 anos cai 8% em uma década
Foto: Divulgação
O salário médio mensal dos trabalhadores com mais anos de escolaridade recuou entre 2002 e 2011 no Brasil. A média de salário dos profissionais com 12 anos ou mais de estudo caiu 8% nesse período, de R$ 3.057 para R$ 2.821. A variação, que já desconta a inflação, foi influenciada pelo modelo de crescimento dos últimos anos e pelo descompasso entre as profissões escolhidas pelos universitários e a demanda do mercado de trabalho, desequilíbrio mais evidente na área de humanas. “O salário caiu mais na área de humanas, porque houve um aumento no número de profissionais”, afirmou Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper e responsável pelo cruzamento do avanço médio salarial com os anos de escolaridade. Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). O setor mais educado também viu aumentar a concorrência na última década. Os trabalhadores passaram mais tempo na escola, elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio e superior em andamento ou concluído. Ou seja, houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe

Sobre os que temem assumir suas opiniões

A covardia do anonimato
Francisco Cunha


É lugar-comum o entendimento de que a internet é o espaço da ampla democracia, onde todo mundo pode se manifestar livremente, praticamente para todo o planeta. Pura verdade. A blogosfera e as redes sociais são um avanço inacreditável, em especial para alguém como eu que é do tempo em que não existia nem televisão por aqui... Todavia, o lado dark dessa força monumental é o uso do espaço para manifestações anônimas e, como tais, covardemente protegidas da contestação, condição essencial para o debate democrático.

Esse é o caso no Recife do blog “Prefeito Lucena” que, usando o disfarce do humor, se esconde atrás do biombo do anonimato para investir contra o “urbanismo” e os “urbanistas” da província. Não tenho nada contra o humor nem sou a favor dos urbanistas, apesar de ser diplomado neste ofício pela UFPE. Muito pelo contrário, até.

Todavia, tenho tudo contra a covardia do anonimato, sobretudo quando usado como pretexto para agredir de forma grosseira e difamar pessoas e instituições escolhidas a dedo. Mais ainda, tenho absolutamente tudo contra a covardia de usar o pretexto do humor de má qualidade e do anonimato para tentar ridicularizar ideias expostas a favor da vital reinvenção da cidade do Recife como foi feito em relação a mim, à TGI e à Algomais (instituições sérias que tive a honra de ajudar a criar e tenho a honra maior ainda de integrar) e a outras pessoas e instituições que têm insistido em expor e debater ideias novas neste dramático momento pelo qual passa a cidade.

Minhas ideias bem, como aquelas que tenho a honra de relatar ou comentar, indicando a autoria, como as do projeto O Recife que Precisamos, alvos da tentativa de ridicularização, as exponho abertamente e com assinatura aqui nesta Última Página, bem como são alvo de reportagem na Algomais. Além disso, tenho perfis públicos no Twitter e no Facebook, abertos e assinados. Quem não concorda comigo ou com as ideias que exponho pode e deve discordar publicamente, seja nos perfis, seja na Algomais que, praticando o que preconiza sua Missão, sempre publicou todas as opiniões contrárias recebidas, desde que assinadas, evidentemente.

Há que se distinguir muito claramente o que é humor assinado, ainda que escrachado (tipo Casseta & Planeta, Porta do Fundos, o nosso Pa-pafigo ou o pai de todos que foi o Pasquim), da tentativa de ridicularizar pessoas, organizações e ideias seletiva e anonimamente, por motivos inconfessáveis como são todos os que estão por trás

de cartas, telefonemas, e-mails ou blogs anônimos. O Recife precisa, mais do que nunca em sua história, do debate franco e aberto sobre o futuro. Se não fizermos assim, vamos perder a nossa cidade (tenho certeza absoluta disso). Precisamos, agora, sobretudo, da democracia do debate aberto e não da ditadura do anonimato covarde.

As vitórias da direita radical.



Por Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político

A direita radical obteve vitórias importantes com as turbulências. Ficam para os seminários acadêmicos os debates sobre a transformação do extraordinário movimento de solidariedade contra a brutalidade policial em palavras de ordem hostis à democracia. Cabe reconhecer que a direita se preparou e seqüestrou os cordéis íntimos das manifestações. Pequenos grupos treinados surgiram do nada, profissionais e disciplinados, com nomes benignos e endereços desconhecidos. Dispersos em contingentes reduzidos, sempre contando com jovens que se declaravam bem intencionados, pedindo paz e não violência, agrupavam-se em segmentos dispersos das passeatas, protegidos no anonimato pelos simpatizantes de boa fé. Homens maduros, todos de camisa branca e gravatas sociais, incorporavam-se à marcha a distâncias regulares. Eram eles que ditavam a velocidade dos caminhantes, coordenando a ação dos grupos de direita, e que, a seus comandos, elevavam a gritaria e exibiam cartazes com bem boladas palavras de ordem. O destino era o local do confronto, primeiro, e, depois, destacamentos encaminhavam os incautos, os saqueadores e sociopatas de todas as inclinações, para vizinhanças propícias às devastações. Nenhum foi, até agora, apanhado. Preliminares de 2014.
Com sucesso, a direita radical vem trazendo a reboque todas as oposições institucionalizadas, o PSDB, o DEM e a unanimidade dos comentaristas das mídias tradicionais, obrigados, quiçá com prazer interior, a aplaudir palavras de ordem absolutamente descabeladas, declarações tatibitates, bem como a achar profundíssima a alegre ignorância dos que testemunhavam não saber exatamente o significado do refrão que cantavam: “o povo, unido, não precisa de partido”. Esta, a primeira vitória da direita radical neste pugilato. A oposição institucional vai cortar um dobrado para convencê-la de que não está obsoleta.
Tendo colaborado com seus tuites e emails para mais esta rodada de desmoralização da política, petistas fisiológicos em busca de empregos e bocas (suas mensagens têm sido identificadas a granel nas redes sociais) continuam colaborando para a segunda vitória da direita radical: a difusão da divergência entre os participantes da coalizão política e social que vem conduzindo com elevada taxa de acerto a acelerada inclusão social dos grupos vulneráveis, a reforma institucional das práticas econômicas e o aumento dos graus de liberdade no cenário internacional. Foi a conquista mais espetacular da ousadia direitista. Na atual conjuntura, as lideranças progressistas se enfraqueceram e não há consenso operacional sobre nenhuma das propostas com que o Executivo presume atender às vozes das ruas. Nem há como haver.
Quem garante que as alegadas vozes das ruas são representativas dos quase duzentos milhões de habitantes? Pesquisas sobre o que as pessoas consideram problemas nacionais são sempre variantes da seguinte lista: saúde, educação, segurança, lisura administrativa, eficiência do governo, emprego, salário, compromissos dos políticos. Independentemente do nível de qualidade ou atendimento real dos itens acima, excepcional ou lastimável, os resultados revelarão coquetéis variados dos mesmos ingredientes. No Brasil, no mundo e em qualquer tempo. Por isso, medidas imediatas ficarão eternamente aquém do que as pessoas desejam. E quando as medidas são despropositadas, a emenda se sai pior do que o soneto. Por exemplo: que emergência nacional justifica a convocatória de pactos? Se não resultam de fadigas beligerantes, a idéia intimida mais do que alivia. A probabilidade de que falhem é bastante elevada, sobretudo porque, às escondidas das luzes da ribalta, bom número dos esperados executores dos pactos vai sabotá-los. A direita radical, com a ajuda dos petistas fisiológicos, encaçapou mais esta. Só falta as centrais sindicais convocarem uma greve geral. Quer dizer, não falta, não, já estão anunciando. A direita radical, profissionalizada e para-militarizada, promete trazer sua colaboração se as centrais toparem uma marcha “pacífica até aqui”.

Lindberg opina sobre manifestações.


‘Partido deixou de ser instrumento de mobilização’, diz Lindbergh Farias

Fernando Rodrigues (Folha)
Partido político “virou coisa de eleição” e “deixou de ser instrumento de mobilização das ruas”, constata Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.
Há dez anos no poder, o PT e outras siglas de esquerda experimentam “um afastamento” das demandas da sociedade, “principalmente desse contato com a juventude”, afirma Farias em entrevista ao “Poder e Política”, programa da Folha e do UOL. “Acho que houve um descolamento da vida das pessoas”.
Aos 43 anos, hoje senador da República pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh acumula vasta experiência no currículo sobre protestos de rua. Foi do PC do B, do trotskista PSTU e virou petista em 2001.
Para ele, o PT ficou ao largo dos atuais protestos. “A lógica de estar nos governos acaba distanciando de uma pauta mais real”. E falar de conquistas passadas “não basta mais”, diz ele. “Se nós do PT ficarmos na agenda antiga dos [últimos] dez anos, nós vamos ser superados”.
O petista compara as manifestações de hoje com as de duas décadas atrás e lembra que, no impeachment, demorava até 15 dias para marcar uma passeata. Hoje o movimento é instantâneo por meio das redes sociais.
A composição demográfica também se alterou. “Na minha época era mais juventude de classe média. Agora tem classe média e periferia, que é essa nova classe média.

Em nota, Lula desmente afirmações de matéria da Folha


LUIS NASSIF


São fantasiosas, sem qualquer base real, as opiniões que me foram atribuídas pela Folha de S.Paulo, em matéria publicada hoje na página 4 do jornal. Não fiz qualquer crítica nem em público, nem em privado à atuação da presidenta Dilma Rousseff nos recentes episódios. Ao contrário, minha convicção é de que a companheira Dilma vem liderando o governo e o país com grande competência e firmeza, ouvindo a voz das ruas, construindo soluções e abrindo caminhos para que o Brasil avance, nossa democracia se fortaleça e o processo de inclusão social se consolide.
Em particular, a presidenta mostrou extraordinária sensibilidade ao propor a convocação de um plebiscito sobre a reforma política. A iniciativa tem o mérito de romper o impasse nessa questão decisiva, que há décadas vem entrando e saindo da agenda nacional, sem lograr mudanças significativas. Ouvindo o povo, nosso sistema político poderá se renovar e aperfeiçoar. É o que se espera dele.

Luiz Inácio Lula da Silva

O que dizem as pesquisas pós-manifestações


Algumas considerações sobre a pesquisa Datafolha registrando queda de popularidade de Dilma Rousseff.
Foi uma bela queda, mas Inês não é morta.
O que ocorreria se o Datafolha incluísse em sua pesquisa a avaliação sobre outros personagens da política: Geraldo Alckmin, Antônio Anastasia, Sergio Cabral, PT, PSDB, Aécio Neves, Congresso, STF? Todos registrariam queda similar. Foi o mundo político que desabou, não apenas um personagem ou outro. Obviamente, o personagem maior - a presidente - está exposta a desgaste maior.
Esta semana, pesquisa similar ao da Datafolha – contratado por um grupo de empreiteiras – revelou o seguinte:
  1. Queda de Dilma e Alckmin, Dilma um pouco mais, Alckmin um pouco menos.
  2. Queda expressiva tanto do PT quanto do PSDB. Incluindo aí o presidenciável Aécio Neves.
  3. Quem ganha são apenas Marina Silva, que sobe um pouco e Lula, que sobe mais – tanto na avaliação pessoal quanto do seu governo.
Chama atenção, no entanto alguns aspectos da pesquisa Datafolha:
  1. Mesmo tendo desabado, os índices de Dilma ainda são positivos. A maior parte dos que saíram do campo do ÓTIMO e BOM migrou para REGULAR. Agora, são 25% de RUIM e PÉSSIMO – um salto expressivo, ante os 9% da última pesquisa. Mas são 43% de REGULAR e 30% de ÓTIMO e BOM.
  2. O Datafolha omitiu a aprovação pessoal de Dilma. Como existe proporcionalidade entre a nota e a aprovação, analistas estimam que possa estar entre 55% e 58%.
  3. Em relação aos passos pós-crise, dois pontos a favor de Dilma. Em relação ao comportamento de Dilma frente aos protestos, 26% avaliaram como RUIM e PÉSSIMA contra 32% de ÓTIMA ou BOA e 36% de REGULAR. E 68% aprovaram a ideia do plebiscito.
Em suma, a bola continua com Dilma. Passado o impacto emocional das passeatas, sua maior ou menor aprovação dependerá de seus próximos passos. Se conseguir reestruturar seu governo e dar provas maiúsculas de melhoria de gestão e de interlocução, supera o momento. Se não conseguir, seu governo irá se arrastar até as eleições.

Datafolha:Lula venceria no primeiro turno







A pesquisa Datafolha fez também simulações incluindo o ex-presidente Lula como candidato à presidência da República, em 2014; ele teria 46% dos votos, contra 37% dos adversários Marina Silva, Aécio Neves e Eduardo Campos somados; mesmo com a inclusão de Joaquim Barbosa entre os presidenciáveis, Lula continuaria vencendo em primeiro turno; resultado, melhor do que o da presidente Dilma, terá consequência óbvia: Lula será pressionado pelo PT e por partidos da base aliada a retornar ao jogo político, antes do que se previa; será que ele topa disputar mais uma eleição?

Nas próximas horas, dias, semanas... uma única questão estará colocada no ambiente político: o ex-presidente Lula voltará ou não já em 2014? Se faltava um argumento nessa direção, ele está também colocado nos números da pesquisa Datafolha, que será divulgada amanhã pela Folha de S. Paulo, em sua edição impressa, mas está sendo antecipada, agora, pelo 247.

No levantamento, o Datafolha fez simulações incluindo o nome do ex-presidente Lula como presidenciável. Ao contrário da presidente Dilma Rousseff, ele venceria seus adversários em primeiro turno.

Confira os cenários do Datafolha:

1) Lula, Marina, Aécio e Eduardo

Lula                               46%

Marina Silva                   19%

Aécio Neves                   14%

Eduardo Campos             4%

Total Lula                     46%

Total adversários          37%

Diferença                      9 pontos

2) Lula, Marina, Aécio, Eduardo e Joaquim Barbosa

Lula                               45%

Marina Silva                   14%

Joaquim Barbosa            13%

Aécio Neves                   12%

Eduardo Campos             4%

Total Lula                     45%

Total adversários          43%

Diferença                      2 pontos

3) Dilma, Marina, Aécio e Eduardo

Dilma                            30%

Marina Silva                   23%

Aécio Neves                   17%

Eduardo Campos             7%

Total Dilma                   30%

Total adversários          47%

Diferença                   -  17 pontos

2) Dilma, Marina, Aécio, Eduardo e Joaquim Barbosa

Dilma                              29%

Marina Silva                   18%

Joaquim Barbosa            15%

Aécio Neves                   15%

Eduardo Campos             5%

Total Dilma                    29%

Total adversários          53%

Diferença                    -  24 pontos

Leia ainda reportagens sobre a queda na popularidade da presidente Dilma (aqui), sobre a pesquisa que aponta sua ida ao segundo turno (aqui) e sobre o debate no PT relacionado à volta de Lula (aqui).
Deve-se ressaltar que os protestos também atingiram a popularidade de Lula, mas não o bastante para evitar sua vitória em primeiro turno. Antes das manifestações, ele tinha 55% das intenções de voto, nos dois cenários (com ou sem Joaquim Barbosa). Cumprindo agenda na África, o ex-presidente hoje faz campanha pelo Prêmio Nobel da Paz e, em declarações públicas, tem dito que não será candidato.

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