domingo, 23 de fevereiro de 2014

O Futuro é a Educação

A frase é bem batida, mas o contexto sempre foi o das pessoas. Desde que o mundo é mundo, os jovens servem de referencial para o futuro, porque serão deles o amanhã e porque este se constrói no hoje, com a participação incisiva dessa parte da população, ainda que muitos deles não tenham se dado conta do seu poder enquanto elemento transmutável da realidade social.
Agora, a educação ganha ares de investimento de peso. Sim, isso mesmo. A alternativa surgiu após a crise financeira que assolou os Estados Unidos. Com o estouro da bolha imobiliária, o país teve que correr atrás do prejuízo e redesenhar seu leque de investimentos financeiros. Não deu outra: fundos de investimento em educação. A receita? Captação de recursos para adquirir grupos educacionais reconhecidamente promissores e investir nos ensinos fundamental, médio e superior.
Como bom copiador do primo rico das Américas, o Brasil já aderiu a ideia, a exemplo do que fez o carioca Jorge Paulo Lemann, um dos donos da InBev, que vem a ser a maior cervejaria do mundo. De olho nos negócios - e no futuro -, o empresário, em associação com dois outros sócios brasileiros, criou o Fundo Gera Venture de Educação, no Rio de Janeiro, e já partiu em busca de novos e bilionários investimentos.
Com fortuna avaliada em US$ 21,5 bilhões, Lemman ostenta o título de mais rico do país e, se chegou a tanto, é porque tem tino e grande inclinação para os negócios. Portanto, que ninguém duvide, sabe onde está pisando.
Esse mercado já vinha chamando a atenção dos investidores brasileiros desde o ano passado, quando a Abril Educação comprou o Anglo, e o fundo BR Investimentos, parte da Abril Educação, numa transação estimada em R$ 200 milhões. No mesmo ano, a empresa britânica Pearson, gigante do mundo editorial, assumiu o controle do SEB - Sistema Educacional Brasileiro, que detém a propriedade do COC, Pueri Domus e Dom Bosco, enquanto a Kroton Educacional adquiriu o Grupo Iuni, de ensino superior, por R$ 600 milhões.
Em virtude da falência do ensino público, aliado aos alarmantes e irrefreáveis índices de violência nas escolas sustentadas pelo Estado brasileiro, a rede privada de ensino vem crescendo a largos passos. Estima-se que, somente com o ensino superior, as instituições particulares adicionaram 30% de faturamento ao seu caixa em 2013. Foram cerca de R$ 32 bilhões arrecadados dos quase 5 milhões de alunos universitários.
Diante dessas cifras, resta saber se os investimentos levarão em conta a seleção e capacitação de professores, bem assim a consequente qualidade do ensino. Espera-se, também, que o Governo brasileiro, envergonhado, caia em si e cumpra a promessa de investir na educação do seu povo, que arca com um dos mais dispendiosos regimes tributários do mundo.
Quanto a nós, pobres mortais, continuemos alimentando nossa fé, sem, contudo, deixarmos de lutar pelo nosso futuro, na exata acepção deste vocábulo. E, quanto ao futuro dos negócios nessa seara, que haja vontade e boa-fé. E, quem sabe, uma boa dica de Lemann a Eike Batista...

#VaiTerCopa

Por Demétrio Magnoli, na Folha

“Protesto é quando digo que não gosto disso ou daquilo. Resistência é quando faço com que as coisas das quais não gosto não mais aconteçam.” O mês era maio; o ano, 1968; o lugar, Berlim Ocidental; a autora, Ulrike Meinhof, uma jornalista de extrema-esquerda que, dois anos depois, organizaria o ato terrorista inaugural do grupo Baader-Meinhof.
O “protesto” contra a Copa no Brasil impulsionou as manifestações de massa de junho do ano passado. A “resistência” à realização da Copa, expressa no dístico “#NãoVaiTerCopa”, ameaça degradar ainda mais nossa democracia, dissolvendo a política no caldo da arruaça e da violência.
A Copa é uma desgraça – ou melhor, é uma síntese de diversas desgraças: desperdício de recursos escassos, desvio de dinheiro público para negócios privados, desprezo a prioridades sociais, desrespeito aos direitos de moradores submetidos a remoções compulsórias.
Mas a Copa é legítima: dois governos eleitos, o de Lula e o de Dilma, decidiram sobre a candidatura brasileira, a legislação do evento e a mobilização de recursos para a sua realização. “#NãoVaiTerCopa” é a bandeira de grupúsculos políticos que não reconhecem as regras do jogo da democracia.
A Copa da Fifa, dos “patrocinadores oficiais” e das “marcas associadas” é um “negócio do Brasil” fincado no terreno do sequestro legal de dinheiro público. A Copa da Fifa, de Lula e de Dilma é uma tentativa política de restaurar o passado, em novas roupagens: o “Brasil-Grande” dos generais Médici e Geisel, emblema da coesão social em torno do poder.
O “protesto” contra a Copa evidencia o fracasso do governo na operação de ludibriar o país inteiro, embriagando-o num verde-amarelismo reminiscente da ditadura militar. Mas a “resistência” contra a Copa só revela que, no 12º ano do lulopetismo, a praça do debate público converteu-se no pátio de folguedos de vândalos e extremistas.
Quando escreveu sobre “protesto” e “resistência”, Meinhof concluíra que a Alemanha Ocidental era um “Estado fascista” disfarçado sob o véu da democracia representativa. Fanáticos sempre podem dizer isso, descartando com um gesto banal todo o aparato eleitoral, institucional e jurídico das democracias.
“Estado policial” é a versão brasileira do diagnóstico de Meinhof. Ao abrigo dessa invocação, configura-se uma perigosa aliança tática entre lideranças radicalizadas de “movimentos sociais”, pseudo-anarquistas, extremistas de direita e black blocs.
Nas suas redes sociais, misturam-se delírios revolucionários, iracundas acusações contra a “mídia” e líricos elogios ao regime militar. Depois do “#NãoVaiTerCopa”, emergirá o “#NãoVaiTerEleições”, prometem esses depredadores da política, enquanto acumulam arsenais de rojões de vara.
O “protesto” contra a Copa tocou fundo na consciência das pessoas. Contudo, foi represado pela lona impermeável da coalizão governista e, ainda, pela adesão voluntária de governadores e prefeitos dos partidos de oposição à farra da Copa.
Na Copa das Confederações, os cordões policiais de isolamento de um “perímetro de segurança” em torno dos estádios atestaram que, no Brasil rendido à Fifa, o direito à manifestação pacífica tem uma vergonhosa cláusula de exceção. Os incautos interpretam o “#NãoVaiTerCopa” como prosseguimento dos protestos de junho. Mas, de fato, o estandarte autoritário funciona como antídoto contra manifestações pacíficas e pretexto ideal para a repressão ao protesto legítimo.
“Agora, depois que se demonstrou que existem instrumentos outros além de simples manifestações; agora, quando se quebraram as algemas da decência comum, a discussão sobre violência e contraviolência pode e deve começar novamente”, escreveu Meinhof. O “#NãoVaiTerCopa” é uma atualização tupiniquim daquela conclamação à “contraviolência”. A resposta certa a ela é dizer: #VaiTerCopa –infelizmente. (DM)

‘Biópsia líquida’ permitirá detectar o câncer por exame de sangue

Será possível, por essa mesma técnica, fazer o diagnóstico precoce de novos casos de câncer, antes mesmo de o tumor se tornar visível ou palpável

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Num futuro não muito distante, pacientes com câncer poderão monitorar a progressão (ou regressão) de sua doença por meio de exames rotineiros de sangue, sem a necessidade de biópsias invasivas ou exames complexos de imagem.
E quem sabe, num futuro um pouco mais distante, será possível, por essa mesma técnica, fazer o diagnóstico precoce de novos casos de câncer, antes mesmo de o tumor se tornar visível ou palpável por qualquer exame tradicional.
É o que indicam dois trabalhos publicados na edição desta semana da revista Science Translational Medicine, que atestam a eficácia do uso de DNA tumoral circulante (ctDNA, em inglês) como marcador sanguíneo para o diagnóstico e monitoramento de vários tipos de câncer.
Eles mostram que é possível, por meio da análise de fragmentos de DNA das células tumorais que “vazam” para a corrente sanguínea, identificar características genéticas do tumor e monitorar a evolução da doença no decorrer do tratamento – para detectar, por exemplo, a ocorrência de metástase (quando células do tumor primário se espalham para outros órgãos) ou o surgimento de mutações importantes para o direcionamento da terapia (por exemplo, mutações que tornam o tumor mais agressivo ou resistente a determinadas drogas) .
Tudo isso por meio de exames de DNA no sangue, que os cientistas apelidaram de “biópsia líquida”.
A ideia não é nova; já vem sendo testada há alguns anos por vários laboratórios ao redor do mundo. O que os novos trabalhos trazem uma é mais uma “prova de conceito” contundente do seu potencial para aplicações práticas na medicina. A principal vantagem seria a possibilidade de monitorar continuamente a doença por meio de um método relativamente simples, rápido e não invasivo – muito mais prático do que a realização de biópsias “sólidas” de tumores (que muitas vezes estão em locais de difícil acesso no corpo) e muito mais preciso e informativo do que o monitoramento de outros marcadores moleculares, como o PSA, relacionado ao câncer de próstata.
“É uma estratégia que, provavelmente, vai ter uma utilidade clínica muito grande”, prevê a pesquisadora Suely Marie, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Ela e a colega Sueli Shinjo, do mesmo departamento, são co-autoras em um dos trabalhos, que testou o uso da “biópsia líquida” de ctDNA na detecção e caracterização de tumores de 640 pacientes com vários tipos de câncer.
A eficácia da técnica variou entre 50% e 75%, de acordo com o tipo de tumor e o estágio da doença. A eficiência mais alta foi na detecção de tumores avançados do pâncreas, ovários, intestino (colorretal), bexiga, esôfago, mama e pele. A eficácia mais baixa foi para tumores primários nos rins, próstata, tireoide e no cérebro – este último, o órgão no qual o trabalho das pesquisadoras brasileiras está mais focado.
“Estamos na luta ainda para encontrar biomarcadores eficientes para tumores do sistema nervoso central”, afirma Suely. A dificuldade, neste caso, deve-se a uma barreira natural de membranas que isolam parcialmente o cérebro e a medula espinhal do sistema circulatório do organismo como um todo, chamada barreira hematoencefálica, ou “barreira sangue-cérebro”. Isso impede que fragmentos de DNA de tumores internos vazem em grande quantidade do cérebro para a corrente sanguínea; consequentemente, reduzindo a eficiência da técnica.
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Aplicabilidade
A aplicação mais imediata da técnica, segundo Suely, deverá ser no monitoramento de casos de câncer já diagnosticados. As informações genéticas contidas no ctDNA podem dar pistas importantes sobre a melhor maneira de combater a doença, tornando a terapia mais personalizada (paciente-específica) e, consequentemente, mais eficiente. Outra aplicação importante seria no monitoramento de metástases, de recidivas e do surgimento de mutações que podem alterar o comportamento da doença — e, consequentemente, a escolha do tratamento.
Por exemplo, mutações que tornem o tumor mais agressivo ou resistente a determinados tipos de drogas. “A célula cancerosa é muito esperta; ela vai encontrando subterfúgios para ludibriar o tratamento”, explica Suely. Por isso a importância do monitoramento constante, mesmo quando a terapia parece estar funcionando.
Num futuro um pouco mais distante, segundo ela, a esperança é usar a mesma estratégia para a detecção precoce de novos casos de câncer – especialmente em pacientes que pertencem a grupos de risco, como fumantes ou famílias com histórico de câncer de mama.
“É algo totalmente factível de ser feito”, destaca Suely. “Não digo que vamos curar o câncer, mas podemos torná-la uma doença crônica, controlável.”
A participação das cientistas brasileiras no trabalho se deu por meio de uma parceria de longa data com o grupo do autor principal da pesquisa: Chetan Bettegowda, do Instituto Ludwig e da Universidade Johns Hopkins.

Fonte: Estadão

Cérebro leva apenas 300 milésimos de segundo para gerar lembrança, diz estudo

A memória está distribuída em várias partes do cérebro, não há um lugar específico que funcione como "baú das lembranças

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Apenas 300 milésimos de segundo são o suficiente para o cérebro humano gerar uma lembrança, o tempo que os “neurônios de conceito” levam para relacionar imagens, segundo uma recente descoberta de cientistas argentinos.
A nova aproximação do mistério da memória humana chega pelas mãos dos argentinos Rodrigo Quian Quiroga, diretor do Centro de Neurociência Sistêmica da Universidade de Leicester na Grã-Bretanha, e Hernán Rei, que acabam de publicar a descoberta na revista “Current Biology”.
“Em geral, a formação da memória envolve uma associação de conceitos. Por exemplo, ‘lembro de ter me encontrado com um amigo quando fui ao cinema’ implica dois conceitos: ‘um amigo’ e ‘fui ao cinema’, que se associam para formar uma nova memória que é a de ter encontrado um amigo no cinema”, explicou à Efe Quian Quiroga.
“Já há um tempo demonstramos que há neurônios no cérebro que codificam conceitos. Esses neurônios o cérebro usa para formar memória e têm um tempo de disparo”, esclareceu, em conversa telefônica da Grã-Bretanha.
“Assim que o estímulo sensorial – como ver uma pessoa – chega, 300 milésimos de segundo depois esse neurônio dispara (um impulso) e esse é o tempo durante o qual o neurônio é ativado para a formação da memória”, continuou.
O fenômeno é diferente de outros processos cognitivos – como, por exemplo, decidir sobre pegar um táxi ou ir de ônibus ou prestar atenção a algo que te emociona – já que envolvem outros neurônios, em outras regiões do cérebro, e outros tempos.
Quian Quiroga e sua equipe estudam a resposta do cérebro em pacientes candidatos à cirurgia por epilepsia, aos que avalia-se com eletrodos em várias áreas do cérebro que registram a atividade neuronal.
“Um eletrodo é como uma agulha que tem um milímetro de diâmetro, e permite escutar atividade dos neurônios, como se você introduzisse um microfone no cérebro de uma pessoa e pudesse ouvir”, explicou Quian Quiroga.
A memória está distribuída em várias partes do cérebro, não há um lugar específico que funcione como “baú das lembranças”, mas sim uma área específica envolvida em sua construção – o hipocampo.
“Se não temos essa área, não podemos gerar novas memórias, há muitas evidências na neurociência, mas principalmente sabemos disso por um paciente que não tinha hipocampo e não conseguia ter novas lembranças”, acrescentou o cientista.
“É muito parecido com o caso do filme ‘Amnésia’ (Christopher Nolan, 2000). De fato, foi baseado nesse paciente. É uma pessoa que tudo que acontece com ele não pode guardar na memória, todas as coisas que lhe acontecem caem diretamente no esquecimento”, prosseguiu.
No hipocampo estão localizados os “neurônios de conceito”, especializados nesse tipo de codificações por sua hierarquia nos processos cognitivos.
Pela descoberta dos “neurônios de conceito” é preciso agradecer a Quian Quiroga e, de certa forma, à atriz americana Jennifer Aniston.
“O primeiro neurônio de conceito que encontrei, que as pessoas chamam de ‘neurônio de Jennifer Aniston’, foi batizado assim justamente porque eu mostrava várias fotos de Jennifer Aniston e o neurônio respondia e se mostrava fotos de qualquer outra pessoa, por exemplo, de Julia Roberts, não fazia”, apontou.
Também encontrou outros neurônios que respondiam a Halle Berry, Oprah Winfrey e outros personagens famosos da cultura americana há uma década, já que a pesquisa aconteceu na universidade de UCLA de Los Angeles, o ano em que Aniston estava na crista da onda da popularidade pela exibição da última temporada de “Friends”.
Quiroga não fica incomodado que sua grande descoberta tenha entrado para a história da ciência como “o neurônio de Jennifer Aniston”. Para o pesquisador, “é divertido”.
As descobertas não servirão por enquanto para curar doenças como o Alzheimer, porque ainda há um longo caminho para entender totalmente como funcionam os mecanismos da memória.
“O cérebro não é apenas o grande desconhecido do corpo humano, mas do universo. Como ele funciona continua sendo um dos enigmas da ciência. Quando se pergunta a um cientista quais são as cinco grandes perguntas de nossa época, uma certamente vai ser o funcionamento do cérebro”, concluiu.

A maioria faz qualquer coisa por dinheiro

Por Danuza Leão
Como é incrível um restaurante de luxo; se for de alto luxo e em Paris, mais incrível ainda. Os garçons volteiam por entre os clientes e todos os desejos são realizados antes mesmo de sabermos que eles existem. Nesses ambientes, tem de tudo e não se espera por nada.
É uísque? Ok. De que marca? Copo curto ou longo? Gelo? E a água, é natural ou com gás? Pense: se seu amigo mais íntimo for visitar você, já percebeu quantas providências terá que tomar até que estejam os dois sentados conversando, botando a vida em dia?
Quando, enfim, conseguirem, ainda precisará limpar cinzeiros – isso sem falar no capítulo salgadinho e afins. Aí, realmente, é demais e, por todas essas razões, vamos voltar correndo aos restaurantes. Aliás, a um determinado restaurante, e em Paris, claro.
Foi assim: fazia frio lá fora, mas bastava entrar para nos sentirmos no paraíso. Em cima do balcão do bar, havia um imenso jarro com as flores mais lindas do mundo, de um tipo ao qual não estamos habituados, por não ter nada de tropical. O maître nos levou à mesa, e a sensação de felicidade só fez aumentar.
Depois de servidos os drinques, olhei em volta para reconhecer o terreno. Todos pareciam felizes, o que é sempre bom, mas me detive em uma mesa com dois casais. Não eram muito jovens nem muito bonitos, e um deles prendeu meu olhar.
Ele tinha entre 50 e 60 e não era nenhum galã. Com uma barba moderna, estilo malfeita, dava atenção especial à sua companheira. Ela não era inacreditavelmente bonita e teria o quê? Quarenta, 45? Bem, com as mulheres nunca se sabe. É certo que ele não parecia exatamente apaixonado, mas, de alguma maneira, dava para sentir que todas as outras não tinham a menor importância para ele; não naquela noite.
Ele ouvia o que ela dizia – ou melhor, escutava, o que é bastante diferente –, e com aquela atenção que raramente os homens dão. E tinha mais: de vez em quando, passava a mão no ombro dela com um ar de posse, uma firmeza daquelas que as mulheres adoram.
Ele não era maravilhoso, mas havia uma certa decisão no seu rosto, na sua expressão e, sobretudo, nas suas mãos, que não só eram lindas como também sábias.
Para entender melhor o clima: as toalhas eram rosa e havia velas nas mesas, o que fazia com que as mulheres parecessem deusas, e os homens… Nem vamos falar disso! Todos ali eram bonitos e glamourosos, assim como aparentavam não ter um só problema na vida e ser muito felizes. E achei, com certo pesar, que não pertencia àquele mundo.
Depois do ritual de praxe – champanhe, primeiro prato, segundo prato e o suflê da sobremesa, sabiamente encomendado no início da refeição –, veio o café. E, por uma dessas coincidências que ocorrem, as duas mesas (a deles e a nossa) se levantaram ao mesmo tempo e todos nos encontramos na calçada. Foi incrível.
O tal casal, longe das velas, das flores e da atmosfera, era apenas banal. Ele, o charmoso, era feio e deselegante e ela… Bem, um nada.
A barba dele, tão sedutora, não passava de barba malfeita, e aquela mão, tão carinhosa, estava prosaicamente tentando chamar um táxi. Ele foi andando para procurar outro carro, e ela ia atrás, se equilibrando no salto.
Nessa hora, entendi por que a maioria das pessoas faz quase qualquer coisa por dinheiro: para viver em lugares luxuosos, achando que a vida é sempre bela e todos são lindos e felizes.
A conta foi alta, mas valeu. Afinal, por duas horas de ilusão, se paga qualquer preço.
Danuza Leão é escritora e cronista

Guns N’ Roses, que em abril estará em Fortaleza

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

É possível ficar grávida mesmo sendo virgem? Entenda o assunto

De acordo com especialistas, a gravidez sem penetração pode acontecer, mas os casos são raros

Meninas virgens que ficam grávidas são casos muito raros. Foto: Getty Images
Meninas virgens que ficam grávidas são casos muito raros. Foto: Getty Images
O que é e como se perde a virgindade? É possível ficar grávida mesmo sendo virgem? Dá para ser mãe sem nunca ter tido uma relação sexual? Para saber se as adolescentes sabem as respostas destas perguntas, um grupo de especialistas da Universidade da Carolina do Norte ouviu 7.870 jovens entre 1995 e 2009 nos Estados Unidos e concluiu que uma pequena porcentagem das jovens pode ter uma imagem distorcida do que é a virgindade, além de observarem que para algumas a religião e os conceitos culturais influenciam muito na maneira como lidam e expressam às outras pessoas sua relação com o sexo. Isto porque 0,5% das entrevistadas (45 meninas) disseram ser virgens mesmo sendo mães e confirmaram ainda que não usaram nenhum tipo de método de reprodução assistido para engravidar.  Mas é possível?
Sim. Ficar grávida sendo virgem é possível, mas é raríssimo. “Já temos casos descritos, mas não é nada comum”, diz a ginecologista e obstetra do Hospital São Luiz, Dra. Daniela Maeyama. Ela explica que pode acontecer quando o homem ejacula na região interna da coxa, próximo à vagina da mulher e os espermatozóides são capazes de ultrapassar a mucosa do hímen – que é perfurada – e chegar até as trompas e ao útero.
“Em mais de dez anos de profissão, vi um caso, em um hospital público de uma menina que ficou grávida sem ter tido relação e teve o filho de cesárea, continuando a ser virgem após o parto porque não rompeu o hímen”, contou o ginecologista e obstetra Dr. Domingos Mantelli.
Ele comenta que a situação é tão incomum que gera desconforto entre a família, que demora um pouco a entender como isso é possível. “Foi o caso de uma menina nova de 14, 15 anos, então para a família é difícil aceitar isso e socialmente é muito difícil explicar também”, comenta.
Outro quadro considerado é quando existe a penetração, mas o hímen é complacente – um tipo elástico que não se rompe com facilidade. “Mesmo tendo a relação, a menina pode ser considerada medicamente virgem”, afirma o Dr. Mantelli.
Pois este conceito médico de virgindade é simples e definido exclusivamente pelo rompimento desta membrana chamada hímen. “Teoricamente, o rompimento do hímen caracteriza ser ou não virgem, mas a questão vai muito além disso”, diz Dra. Daniela Maeyama.
Conceito médico x conceito social
Para o psicólogo Antonio Carlos Egypto, do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS), o conceito de virgindade já não tem mais tanta importância e não se resume à parte fisiológica, mas precisa estar também atrelado ao lado social: primeiro, porque hoje é possível “recuperar” a virgindade fazendo cirurgia de reconstrução do hímen e, segundo, porque as meninas usam de métodos alternativos para burlar esta teoria. “Para manter a virgindade, as meninas fazem várias coisas, como sexo anal e oral, mas não o vaginal. Mas ela não pode ser chamada de virgem, porque quem já participou da vida sexual em vários aspectos não podem ser considerada como tal”, afirma.

Apesar da discussão sobre a diferença destas abordagens e conceitos, os especialistas não acreditam que as brasileiras não saibam o que é virgindade, mas sim “mentem” sobre o assunto. De acordo com a pesquisa norte-americana, as meninas que responderem que eram virgens mesmo sendo mães tinham feito voto de castidade diante da igreja ou afirmaram vir de famílias em que sexo eram um assunto “proibido” e nunca foi explicado.
“Alguns grupos religiosos e culturais atribuem outro significado à virgindade. Para nós, brasileiros, significa a primeira vez que está tendo uma relação sexual e temos bem claro o conceito de virgindade”, resume a psicóloga Profa. Dra. Maria Alves de Toledo Bruns, líder do grupo de Pesquisa Sexualidadevida da USP de Ribeirão Preto.
Ela explica que, há 30 anos, a virgindade era um passaporte para o casamento, mas atualmente o conceito acompanha as mudanças sociais, políticas e culturais do País. “Hoje ainda existem grupos de adolescentes que se casam virgens e são focados nesta mentalidade mais cristã. No entanto, não existe em um número muito significativo”, comenta a psicóloga.
Nos consultórios, o assunto é claro e discutido com facilidade entre as pacientes mais jovens. “As pacientes chegam ao consultório bem esclarecidas, já tirando dúvidas e perguntando sobre anticoncepcionais”, diz a Dra. Daniela Maeyama.

Fonte: Terra

Estudo coloca em dúvida a eficácia das mamografias

Estudo coloca em dúvida a eficácia das mamografias
Foto: Damian Dovarganes / AP
Um estudo publicado nesta terça-feira (11) no The British Medical Journal propôs novas questões sobre a eficácia da mamografia na redução de mortes por câncer de mama.  “As mamografias não reduzem a mortalidade por câncer de mama mais do que fazem os exames físicos ou o tratamento, e também não são uma vantagem na hora de detectar um câncer de mama, que é tão pequeno, que quase não pode ser sentido ao tato [...] "Além disso, um de cada cinco tumores malignos achados graças a uma mamografia não é um perigo para a mulher e não requer tratamento -nem radioterapia, nem cirurgia, nem quimioterapia”, explica a investigação elaborada por especialistas da Universidade de Toronto.
 
Segundo o The New York Times, esse estudo promoverá um debate ainda maior entre os que acreditam que a mamografia pode salvar vidas e aqueles que veem o método como ineficaz. “Durante o tempo de estudo produziram-se as mesmas mortes entre aquelas que se submeteram a esta prova e as que não”, explica o documento, baseado em uma amostra de 90.000 mulheres analisadas durante 25 anos.
 
A Sociedade Americana de Câncer assegurou que revisarão os resultados obtidos, “mas que a gente tem que saber que segundo várias investigações as mamografias reduzem em 15% a incidência de mortes em mulheres com 40 anos e 20%, entre aquelas que são maiores”. Os pesquisadores alegaram que estes resultados não podem ser extrapolados a todos os países, mas recomendam aos Governos que revisem seus programas de mamografias anuais. Até o momento, apenas a Suíça se propôs a pôr em dúvida a eficácia deste método. Informações do El País.

Estudo diz que Vitamina C injetável pode ajudar no tratamento do câncer

Estudo diz que Vitamina C injetável pode ajudar no tratamento do câncer
Foto: Reprodução
Pesquisadores da Universidade do Kansas, nos EUA, sugerem que altas doses de vitamina C podem aumentar a eficácia dos tratamentos de quimioterapia em pacientes com câncer. Segundo o estudo, divulgado na publicação científica 'Science Translational Medicine', doses injetáveis de vitamina C podem ser um coadjuvante eficiente, seguro e barato no tratamento de mulheres com tumor nos ovários. Não é de agora que o uso da substância é bem avaliada no combate às neoplasias malignas. Na década de 1970, o químico Linus Pauling defendeu que a administração intravenosa de vitamina C poderia ser eficiente contra o câncer. No entanto, testes clínicos em que a vitamina era ingerida pela boca falharam em replicar o mesmo efeito, e as pesquisas foram abandonadas. Na pesquisa, os especialistas injetaram vitamina C em células cancerígenas do ovário em laboratório. Eles também repetiram o experimento em camundongos e em 22 pacientes com câncer de ovário. Eles observaram que as células cancerígenas que receberam vitamina C em laboratório reagiram à substância, enquanto as células normais não foram afetadas. Em camundongos, a vitamina C reduziu o crescimento do tumor e os pacientes com câncer que receberam injeções com a substância disseram ter sofrido menos dos efeitos colaterais da quimioterapia. Informações da BBC.

Casos de pedra nos rins aumentam 30% no verão

Casos de pedra nos rins aumentam 30% no verão
Quem já teve pedra nos rins conta que a dor é tão forte que pode ser comparada ao parto. O problema acontece quando há acúmulo de cristais existentes na urina. A depender do tamanho e da localização, as pedras podem passar despercebidas, mas também podem causar, além de dor, sangramento e infecção urinária. No verão, o número de casos aumenta até 30%, principalmente por falta de hidratação. Quando as temperaturas sobem, as pessoas transpiram mais. Com menos água no corpo, os rins têm menos líquido para filtrar e eliminar impurezas, o que faz com que pequenos grãos de sais se juntem e as pedra se formem. Por isso, a melhor forma de prevenção é beber bastante água, principalmente quem já teve cálculo renal, que tem um risco maior de ter novamente. Além disso,é  importante observar a quantidade de sal na alimentação. Frutas como laranja, tangerina e melão, limonadas e leite também são recomendados porque têm ácido crítico e auxiliam na prevenção da formação das pedras.

Pesquisa mostra que uma em cada 14 mulheres no mundo já sofreu abuso sexual

Pesquisa mostra que uma em cada 14 mulheres no mundo já sofreu abuso sexual
Foto: Finbarr O'Reilly/Reuters
Uma pesquisa realizada em 56 países e publicada, nesta quarta-feira (12), na revista de saúde The Lancet, mostra que uma em cada 14 mulheres já foi vítima de abuso sexual, pelo menos uma vez na vida, por alguém que não seja seu parceiro. O estudo mostra que a situação varia a depender do país. A taxa de mulheres que são abusadas na região central da África Subsaariana, por exemplo, chega a 20%. No geral, em média, 7,2% das mulheres com 15 anos ou mais dizem ter sido violentadas. Ao reunir estudos publicados ao longo de 13 anos (1998–2011), os cientistas identificaram 77 trabalhos válidos e recolheram dados sobre 412 estimativas em 56 países. Os autores do estudo dizem, ainda, que os números podem subestimar a verdadeira magnitude do problema, já que o estigma e a culpa associados à violência sexual, levam as vítimas a não denunciarem. A taxa de abusos é de 17,4% na Namíbia, África do Sul e no Zimbabue; 16,4% na Nova Zelândia e Austrália; 4,5% na Turquia; 3,3% na Índia e em Bangladesh. Na Europa, os países do Leste (6,9% na Lituânia, Ucrânia e no Azerbaijão) têm porcentual mais baixo do que os do Centro (10,7% na República Tcheca, Polônia, Sérvia, em Montenegro e Kosovo) e do que os do Ocidente (11,5% na Suíça, Espanha, Suécia, no Reino Unido, na Dinamarca, Finlândia e Alemanha). As informações são da Agência Lusa. 

Informalidade no emprego cai para 41,6% no Brasil

Informalidade no emprego cai para 41,6% no Brasil
Foto: Reprodução
O total de jovens ocupados em trabalhos informais diminuiu de 2007 para 2011 no Brasil, informou o estudo "Trabalho decente e juventude: políticas para a ação", divulgado nesta quinta-feira (13), pela Organização Mundial do Trabalho (OIT). De acordo com o levantamento, em 2007, 52,6% dos jovens brasileiros ocupados entre 15 e 24 anos trabalhavam em condições de informalidade, ante 41,6% em 2011, o que representa uma queda de 11 pontos porcentuais no período. Segundo o estudo, diversos fatores econômicos e sociais, além de intervenções políticas, ajudam a explicar o aumento da formalidade. Entre eles, estão a maior retenção de jovens no sistema de ensino do País, o que reduz o total de ocupados expostos a condições precárias no mercado de trabalho. Além disso, o documento cita medidas como a simplificação do registro e a diminuição de impostos para pequenas e médias empresas, bem como uma maior conscientização sobre a importância da formalização jurídica, beneficiando em especial os trabalhadores domésticos. Segundo a entidade, apesar do cenário favorável de desenvolvimento econômico da região nos últimos anos, este movimento não foi suficiente para melhorar significativamente a situação dos jovens no mercado de trabalho.

A História nos ensina

Eduardo Bomfim

A revelação das conversas do então presidente dos Estados Unidos John Kennedy com o embaixador norte-americano no Brasil Lincoln Gordon em pleno salão oval da Casa Branca confirmou os elementos, as provas do financiamento de uma conspiração contra João Goulart o principal mandatário brasileiro nos idos dos primeiros anos da década de sessenta passada.

Na verdade, detecta-se o ódio a estigmatização contra Jango já na sua condição de Ministro do Trabalho do governo Getúlio Vargas muito mais pela singularidade de ser o herdeiro do trabalhismo de Vargas que pelo fato de decretar um aumento de 100% no salário mínimo dos trabalhadores resultando em sua demissão, mas não na revogação do aumento concedido.

Daí foi implacável a perseguição política, o cerco sistemático de uma mídia conservadora, quando não abertamente golpista, iniciando-se na época a escalada hegemônica que se expressa abertamente nos dias atuais.

Jango foi deposto por uma conspiração civil-militar que esteve presente nas águas brasileiras com uma frota de navios de guerra e de um porta aviões dos EUA, na chuva de dólares para candidaturas oposicionistas em eleições gerais, na presença de milhares de agentes estadunidenses colhendo informações acobertados na “Aliança para o Progresso” onde deveriam hipoteticamente prestar serviços a programas sociais etc.

De acordo com recente livro publicado por Juremir Machado, doutor pela Universidade de Sorbonne “Jango, a vida e a morte no exílio” só na primeira semana pós golpe dez mil pessoas foram presas incluindo o ex-governador Miguel Arraes.

São cassados mandatos de 113 deputados federais, senadores, 190 deputados estaduais, 38 vereadores e 30 prefeitos, afastamento compulsório de vários ministros do Supremo Tribunal Federal através de atos institucionais discricionários com evidente intuito de alterar correlações de forças existentes iniciando uma trágica noite de arbítrio, censura que durou 21 anos.

Assim nas lutas políticas atuais o Brasil não pode ignorar o conhecimento histórico do passado recente sob pena de amnésico não compreender os fenômenos do presente para superá-los através de uma frente nacional, popular em defesa da democracia, do desenvolvimento independente e seu relevante papel no teatro geopolítico das nações neste século 21.

A influência da TV aberta na violência difusa


Luís Nassif, no seu blog


Criminalista dos mais conhecidos, Antonio Carlos Mariz de Oliveira espantou-se com o nível atual de violência. "Eu entendo a violência do assaltante: ele rouba. Mas e a violência de quem não está sequer praticando crime, mas se torna criminoso de momento, desrespeitando valores? É a banalização do mal. Esse é um problema penal? De repressão? É muito mais grave do que o sistema penal apresenta: é um problema patológico".

A violência difusa tornou-se habitual, nos jogos de futebol, nas manifestações de rua, trazendo mais combustível na fogueira da violência institucionalizada do crime organizado e da polícia.

O país está enfermo. E há muitas causas para essa enfermidade. "Está se assistindo a essa violência incompreensível e nós apenas bradando por cadeias. Que se prenda, mas que se discutam as razões disso".

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Mariz salienta a responsabilidade da TV aberta na criação desse clima, especialmente os telejornais sensacionalistas. Mas não exime também a imprensa escrita dessa responsabilidade.

"A televisão, como mais eficiente sistema de aculturamento, chegando onde a escola não chega, está prestando um desserviço à sociedade brasileira, tornou-se um eficiente meio de desagregação moral. Não porque mostra beijos de dois homossexuais, mas porque mostra que os problemas da vida são resolvidos à bala  e o valor argentário é o mais relevante".

Continua ele: "A TV não veio só para o Ibope, mas para servir à sociedade como instrumento de formação. Mas a TV teatraliza, instiga e assinala para a sociedade que a única resposta possível ao crime é a prisão. Então o binômio crime-prisão é visto como sagrado. Ai do Judiciário se não prender naquele caso em que, sem processo, sem julgamento, ela julga culpado. E a TV faz questão de ir além da lei e ela mesmo aplica penas crueis, perpétuas, porque o mero suspeito é exposto à execração pública, antes mesmo de estar sendo investigado".

"A mídia pratica isso e nós, em nome da liberdade de imprensa, que é confundida com irresponsabilidade social. A imprensa tem que ter uma responsabilidade social", constata ele.

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Há toda uma indústria cultural de exploração da violência, nos enlatados, nos games. Na ponta política, intelectuais radicais irresponsáveis, comodamente instalados em suas cátedras jogando a rapaziada no fogo, brincando de realidade ideológica virtual, sem pensar nas consequências para a vida de dezenas de rapazes inexperientes. E tudo isso em uma sociedade que, historicamente, destacou-se como das mais violentas do planeta.

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Denuncia Mariz que o sistema prisional faliu. Há 200 mil pessoas nos presídios ou inocentes ou aguardando julgamento, tornando-se prato feito para o aliciamento pelo crime organizado. Na outra ponta, enormes dificuldades em enfrentar os verdadeiramente criminosos.

É tarefa quase impossível reverter essa maldição nacional. Até hoje, os melhores programas de combate à criminalidade juntaram a educação, o lazer, o apoio aos jovens infratores com a repressão necessária ao crime.

Mas são exemplos isolados.

Séculos de escravidão, de política resolvida a bala, de vendetas, de jagunços, legaram uma herança quase impossível de ser extirpada.

Carta aos profissionais da educação

Caro(a) colega,
Se me permite, gostaria de iniciar esta carta lhe pedindo um minuto para pensar. Pensar nos seus objetivos, nos sonhos pessoais e familiares que deveriam se tornar realidade a partir da profissão que você escolheu. Quantos foram realizados? Quantos ainda estão aguardando parados no tempo?
Sabemos o quanto é alta a muralha que nos impede de alcançarmos esses objetivos. E sabemos que os salários de miséria são os principais empecilhos para essas conquistas. Hoje, nosso piso salarial é 50% menor do que o de qualquer outra categoria com a mesma formação intelectual.
Ganhamos pouco, desrespeitosamente pouco!
Mas não é só isso. Também nos são negados direitos trabalhistas, como promoções e licenças; nossa carreira é truncada para que não recebamos o que nos é de direito; corremos riscos que vão desde a falta de segurança nas escolas até tetos que desabam.
Agora, compare o seu salário e o seu ambiente de trabalho com o de qualquer outro profissional que estudou o mesmo que você. Profundamente injusto, não?
Muitos não suportam essa condição e desistem: pesquisa realizada em São Paulo, aponta que a cada ano 3 mil educadores abandonam a profissão. Outros abandonam a vocação antes mesmo de entrar: dados da Fundação Carlos Chagas revelam que hoje apenas 2% dos alunos querem entrar na carreira do magistério.
Mas o governo Rosalba, através da Secretaria de Educação, diz que não há motivo para greve. Aponta até um reajuste de 91%, fruto de uma engenhosa matemática que volta ao passado em três anos e usa como base os salários mais elevados do meio para o fim da carreira docente. Esconde que o reajuste salarial no ano passado foi de apenas 7,97%, mas que poderia ter sido de 100% e mesmo assim ainda teríamos que estar lutando para eliminar o profundo fosso que nos separa da dignidade profissional já alcançada por outras categorias.
Então, hoje restam duas opções: desistir ou lutar! Participar da greve é a escolha dos que não desistem, dos que não abrem mão dos seus objetivos. Não participar é como desistir. Mesmo que apenas por dentro.
Se você já está em greve Parabéns! Participe das atividades e se mantenha informado das de luta através dos meios de comunicação do Sindicato. Se não entrou ainda, a hora é essa! Sabemos que o ideal era termos essa conversa pessoalmente mas isso não é possível. Os diretores do SINTE/RN estão sendo perseguidos. A Secretaria de Educação tirou nossa disponibilidade. Mas sua participação é muito importante. Sem ela ficamos fracos e precisamos de toda força para vencer esse adversário que impede a realização do nossos sonhos.
Receba meu abraço fraterno e vamos à luta!
Professora Fátima Cardoso

Chefe de Gabinete da Secretaria recebe comissão do SINTE-RN e acena com diálogo

Pela primeira vez nesta greve, um representante do Governo do Estado recebeu os representantes do Sinte-RN para um diálogo. Na última quarta-feira (12), uma comissão foi recebida pela chefe de gabinete da secretaria, uma vez que a titular da pasta não estava na SEEC.
Para a coordenadora do Sinte-RN, Fátima Cardoso, a audiência foi produtiva, pois o governo entendeu que precisará atender à pauta de reivindicações para que o ano letivo comece.

Veja abaixo os itens discutidos:
1) Envio do projeto de lei que trata dos portes das escolas e as gratificações de diretores e vice-diretores: A chefe de gabinete da SEEC disse que até a próxima terça-feira (18), esta lei será protocolada na Assembleia Legislativa;
2) Projeto de Lei que trata de modificar o texto da lei complementar 322/2006 : Plano de Carreira que passará a ter a seguinte redação “ A promoção nos níveis da carreira efetivar-se-à na classe da mesma denominação do nível anteriormente ocupado para o professor e o especialista em educação”.
Em resumo, esse texto diz que por ocasião da promoção vertical o educador fica na letra em que se encontra. Exemplo do nível médio está na letra “E” quando passa para nível superior voltam as letras para o salário. A chefe de gabinete pediu até o dia 20 para que o governo protocole na Assembleia Legislativa esta modificação na lei;
3) Projeto de lei da letra: A SEEC informou que este projeto será protocolado na Assembleia legislativa até o dia 18 deste mês. A direção do SINTE/RN indagou sobre o efeito retroativo. A resposta recebida é de que se refere a janeiro de 2014;
4) Projeto de lei que trata do abono ou gratificação para os funcionários: a secretaria solicitou que o SINTE/RN formalize a proposta. A chefe de gabinete da SEEC prometeu que assim que a proposta chegar será convocada em 48 horas uma reunião para fazer os devidos encaminhamentos;
5) Pagamento do 1/3 de hora atividade para quem não recebeu: A chefe de gabinete disse não ter essa informação devido sua ausência na SEEC por motivo de saúde. Ela (chefe de gabinete da SEEC) disse que irá conversar com a coordenadora dos Recursos Humanos e até o dia 20 terá um quadro detalhado dos que tem direito a esse pagamento. Prometeu entregar ao Sindicato a relação dos que não têm direito, disse ainda que terá um posicionamento acerca do pagamento;

6) Convocação de concursados: A chefe de gabinete da SEEC ratificou a prorrogação do concurso. Também tratou do conceito de concursados e classificados e afirmou que até o final de março estará dando uma posição de quantos serão convocados. Afirmou que ainda na gestão Rosalba será realizado concurso público para os componentes curriculares que não tem mais concursados, classificados do último certame;
7) Os diretores do SINTE/RN perguntaram se o governo estava dando a bolsa transporte para os profissionais de deslocamento no pólo para cidades mais distantes. A SEEC informou que o gabinete autorizou desde 2013 a concessão dessa bolsa e que neste ano já está autorizada;
8) Grade curricular do Noturno: A direção do Sindicato solicitou que seja rediscutida a questão das cinco aulas do turno noturno.
Também foi exigido o direito destes profissionais terem o 1/3 de hora atividade. Entretanto, esta questão ficou pendente. A SEEC pediu tempo para se inteirar sobre o assunto para que depois possa dialogar com o SINTE/RN;
9) Ensino médio inovador e o direito ao 1/3 de hora atividade: Os sindicalistas informaram a secretaria que estes profissionais estão sem a hora atividade, devido a interpretação que as 04 horas de projetos já responde a essa demanda;
10) Decreto que proíbe as licenças: Sobre este ponto a chefe de gabinete respondeu que o decreto será revogado em parte, disse ainda que o governo terá as seguintes prioridades para conceder as licenças.
A- Para quem ingressou com pedido e está prestes a se aposentar,
B- Licenças para mestrado e Doutorado- Serão concedidas aos profissionais que estão fazendo seus estudos na UERN, IFRN, URFN. Para os profissionais do Profa letras, o SINTE/RN pode enviar os nomes dos que já fizeram sua solicitação diretamente para a mesma.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Governo do RN abre concurso para professor temporário na educação

O Governo do Estado do Rio Grande do Norte torna pública a abertura do Processo Seletivo Simplificado para composição de cadastro de reserva e contratação de Professor e Especialista Substituto Temporário. O processo seletivo é regido pelo Edital Nº001/2013, executado pelo Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP) e coordenado pela SEARH por meio da Comissão Especial de Seleção Simplificada Pública para Professores e Especialistas Temporários (CESSP). Os candidatos só poderão inscrever-se pela internet, no site da Escola de GoveRNo Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales. As inscrições começam no dia 3 de fevereiro e encerram-se no dia 9, e custam R$ 23. Para participar o candidato deverá possuir habilitação em licenciatura plena devidamente registrada pelo MEC. O prazo de validade do processo seletivo será de um ano, contado a partir da publicação da homologação do resultado final, podendo ser prorrogado mais uma vez por igual período. A remuneração do professor substituto temporário é igual ao do professor graduado do quadro funcional do magistério público estadual em inicio de carreira no valor de R$1.644,70.



 Os candidatos só poderão inscrever-se pela internet, no site da Escola de GoveRNo :





sábado, 1 de fevereiro de 2014

A indústria e a seca

Amaro Sales de Araújo
industrial, Presidente da FIERN e COMPEM/CNI

No Rio Grande do Norte, em alguns recantos, as chuvas não caíram ou são irregulares desde o segundo semestre de 2011, ou seja, aproximadamente há 30 meses sofremos com os efeitos da estiagem.

Efeitos, aliás, que são sentidos não apenas pela agropecuária. Os segmentos do comércio e indústria também são afetados. A água é um insumo indispensável ao processo industrial. Sem água suficiente, inúmeras atividades no comércio e na indústria serão suspensas. Na indústria, em particular, a ausência de água afeta, dentre outros, frontalmente os investimentos da construção civil, mineração e alimentos. A seca, portanto, não é um assunto apenas do setor primário. A água, aliás, é um tema vital para todos nós!

As perspectivas de um inverno regular em 2014, com a Graça de Deus, ainda persistem, todavia, mesmo com chuvas, o Rio Grande do Norte e o Nordeste reclamam por medidas que amenizem situações de calamidade em função da seca.

O Rio Grande do Norte tem seu território quase todo no semiárido, algo em torno de 97%, ou seja, expressiva área que exige projetos específicos de convivência com estiagens prolongadas. E já existe tecnologia aplicada em vários lugares do mundo que bem poderia ser aproveitada por aqui, dentre as quais, perfuratrizes para poços de maior profundidade, dessalinizadores de melhor performance, adutoras, reaproveitamento d´água e manejo apropriado para a pecuária e agricultura.

Precisamos insistir para que mais recursos sejam aplicados em pesquisa e inovação e, neste contexto, projetos de convivência com a seca. Os Governos podem recorrer a experiências vitoriosas em outros Países, no próprio Nordeste e no Rio Grande do Norte. Em São José do Seridó, por exemplo, o rejeito do dessalinizador serve para o cultivo de peixes e a irrigação da erva-sal atriplex, espécie forrageira que ajuda a enriquecer a composição da ração animal. Como também são importantes as experiências encontradas em diversos locais que se relacionam a construção de cisternas, barragens submersas, pequenos sistemas de abastecimento, enfim, projetos de barramento e uso consciente d´água que deveriam ser reproduzidas em todos os recantos do Nordeste brasileiro.

O Sistema FIERN participa do esforço para buscar alternativas tecnológicas para a questão. O CTGAS-ER, centro vinculado ao SENAI RN, desenvolve, dentre outros projetos, um sobre a utilização da energia solar em dessalizadores e, apoiado em tecnologia alemã, avalia o seu melhor uso, além dos laboratórios e pesquisas que se referem a energias renováveis, identificação de aquíferos e utilização de fontes alternativas de energia no processo produtivo no âmbito do semiárido. O CTGAS-ER, tendo expertise em geoprocessamento, sensoriamento remoto e modelagem atmosférica, pode realizar atividades de mapeamento de áreas susceptíveis a desertificação, bem com o monitoramento de cobertura vegetal e hidrometeorológico, informações estratégicas que podem subsidiar um melhor direcionamento das ações públicas de convivência com a seca.


Ocorre que, decorridas tantas secas e crises consequentes, não temos uma política consolidada e permanente de convivência com estiagens. As ações sempre ocorrem em curto prazo e, em regra, quando estamos imersos na crise. Precisamos de um planejamento que nos dê a segurança hídrica para as próximas décadas, inclusive, contemplando possibilidades de investimentos na indústria.

Internet e debate político: ferramenta para o bem e para o mal

O debate sobre o uso da internet chega em boa hora e ganha visibilidade maior graças ao prestígio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que puxou o assunto num vídeo com grande repercussão nas redes sociais. O momento é propício ao tema, tanto por causa da campanha eleitoral deste ano, como de eventos que têm mobilizado multidões, como os “rolezinhos”, ou as manifestações de rua.
Há um consenso quanto à imensa mudança cultural ocorrida no planeta com o surgimento da internet. A revolução cibernética nas comunicações sociais trouxe o mundo virtual para a realidade cotidiana, fortalecendo a propensão gregária do ser humano. Contribuiu para isso uma ferramenta maravilhosa que põe instantaneamente as pessoas em contato com outras, intercambia culturas e informações e conecta os navegantes aos centros formuladores do conhecimento, sem mais se deixar barrar por obstáculos como o tempo e o espaço geográfico.
Como todo instrumento, as redes sociais podem ser usadas para o bem e para o mal, daí ser necessário saber utilizá-las com critério, favorecendo o crescimento pessoal e o avanço de cada sociedade, em particular, e da humanidade em geral.
Um de seus elementos mais potencialmente positivos, no campo político, é a possibilidade de ensejar um novo modelo democrático, atendendo à demanda das redes sociais por transparência nos sistemas político, econômico e social. O Brasil, nos últimos tempos, dá mostras de estar entrando nesse estágio, em que o cidadão sente necessidade de poder interferir na gestão da coisa pública, com a proatividade própria de quem tem acesso à informação e aos instrumentos que podem difundi-la. Este cidadão não aceita mais ser um sujeito passivo ou que apenas tem uma participação mínima na atividade política, resumindo-a aos segundos que passa na cabine eleitoral. Quer instituições renovadas que se adequem a essa nova realidade participativa, aberta pela revolução cibernética.
Nada melhor do que o momento pré-eleitoral para levar a cabo o debate sobre a realidade local e nacional. Isso exige maturidade e embasamento na abordagem, fechando-se as portas ao passionalismo cego, à difusão da difamação e da calúnia como armas para vencer o adversário. Eis o desafio lançado às redes sociais.
(O POVO / Editorial)

Blog do Prof. Ozamir Lima - Designer: Segundo Freitas