sábado, 29 de setembro de 2007

ENTREVISTA COM O PREFEITO JOSÉ PINHEIRO

O jornal Gazeta do Oeste deste Domingo traz uma entrevista com o prefeito de Apodi, José Pinheiro.Ele comenta sobre sua saida do PMDB e fala sobre a nossa cidade.

Peço permissão ao jornal e publico a entrevista na íntegra:

ENTREVISTA CONCEDIDA AOS JORNALISTAS LUIS JUETÊ E GILBERTO DE SOUSA

Confira domingo na FM 95, às 18h. E às 18h, a entrevista na íntegra na TCM, canal 10.


GAZETA DO OESTE – Depois de 30 anos militando pelo PMDB, o senhor fez uma nova opção partidária. O que te levou a fazer essa escolha?

José Pinheiro – Diz-se muito que a política vive um dinamismo muito grande, eu também estou inserido entre aqueles que participam desse dinamismo da política, principalmente da política do nosso Estado e região. A minha mudança de partido começou na campanha de Garibaldi e Wilma. Houve um desentendimento entre mim e o secretário Klingen, daí houve uma ruptura no grupo. Então, a partir disso, essas divergências foram aumentando. Procuramos os líderes maiores no Estado, no caso Garibaldi e Henrique, e mostramos que não havia mais condições de diálogo entre essas duas partes que estavam divididas. A minha única exigência para permanecer no partido era que a direção do PMDB fosse entregue a mim, pois militava há tantos anos dentro do partido, tendo, assim, condições de conduzir o PMDB. Relutamos muito, mais de três meses de espera, até que Garibaldi me telefonou e disse que tinha feito a opção pelo outro grupo, me agradeceu por tudo que eu fiz no PMDB e disse que queria continuar com a minha amizade, mas, politicamente, dali em diante estaríamos em campos diferentes.


GO – O senhor falou também do desentendimento com a outra ala do PMDB. Qual o real motivo dessa discórdia?

JP – O real motivo é porque quando eu estava com seis dias de cirurgiado da próstata, o secretário Klingen achou bom fazer uma proposta para apoiar os candidatos que eu estava apoiando. Eu apoiei Fernando Bezerra e Wober Júnior, diferente dos outros que eles pretendiam apoiar, que era a senadora Rosalba e o filho de Garibaldi, Walter Alves, mas eles acharam melhor apoiar a senadora e o deputado estadual. Eu disse a Garibaldi que havia um compromisso muito sério em apoiar Fernando por causa da verba que ele conseguiu para construir o Terminal Turístico de Apodi, em torno de R$ 3 milhões, e apoiei o deputado Wober Júnior porque ele é meu amigo e estava me ajudando muito na administração municipal. Eu acreditei que essa parte do PMDB continuasse a aceitar a minha orientação, no entanto, eles sugeriram coisas que eu não tinha condições de realizar.


GO – Depois disso, o senhor passou a observar quem estava do seu lado e viu que a maioria dos vereadores do PMDB preferiu seguir a sua orientação...

JP – Sim. Diante desse posicionamento do grupo dissidente, os nossos amigos e correligionários acharam melhor continuarem ao meu lado, seguindo a nossa orientação, e assim estamos até hoje.


GO – Como surgiu a opção partidária pelo Partido da República (PR)?

JP – Quando eu estava para definir qual o partido eu deveria seguir, vários presidentes de partidos me fizeram propostas e, então, eu fiz uma análise da melhor proposta, não para mim, mas para o desenvolvimento e crescimento de Apodi. A pessoa que apareceu com uma proposta melhor para Apodi foi o deputado João Maia, que acreditou em nós e nós acreditamos nele, pela sinceridade e pelo conhecimento dos problemas da nossa região, então, a partir daí, resolvemos tomar essa decisão pelo PR, do deputado João Maia.


GO – O senhor acha que o PMDB do Estado optou por um grupo que tencionava ter um projeto família, independente do desenvolvimento de Apodi?

JP – Realmente, a maneira como eles conduziram o partido foi um problema familiar. A tradicional família Pinto resolveu lançar a cadidatura antes de ouvir o povo, antes de consultar todo o grupo liderado por mim, e então, ficou difícil aceitar isso. Eles anteciparam um processo e não havia necessidade disso. Até agora, no PR não temos candidato. Vamos ouvir todas as bases do partido, para saber quem será o futuro prefeito de Apodi. Eu sempre digo que nós devemos nos unir e buscar um prefeito que seja muito melhor que eu, por que a responsabilidade desse prefeito é muito grande. Nós sentimos que, com a nossa chegada na base da governadora Wilma, houve uma aceitação grande da parte dos nossos antigos adversários. Não queremos prejudicar o projeto de quem quer que seja, mas sim somar, com todo o grupo unido e com a orientação da governadora, do deputado federal João Maia, deputado estadual Wober Júnior, e em um consenso geral encontrarmos um nome que agrade não só aos líderes, mas também a opinião pública.


GO – O senhor falou da crise com o núcleo da família Pinto até uma conversa com os líderes maiores do PMDB. Nesse período, o senhor tentou contato com o presidente do PMDB, Henrique Eduardo Alves, ou com o senador Gaibaldi Filho?

JP – Sim. Várias vezes. A primeira vez, eles marcaram para abril essa decisão, depois marcaram para junho, depois julho e foram adiando, somente agora, no mês de setembro, nós tivemos o desfecho, quando Garibaldi me telefonou e me disse que estávamos em fronteiras diferentes na política, mas que gostaria de continuar com a nossa amizade.


GO – Foram 30 anos filiados ao partido, ou seja, três décadas, para tomar a decisão de deixar o PMDB. Isso foi traumático?

JP – Foi uma decisão muito traumática não só para os nossos liderados, mas também para os nossos eleitores, que tinham, durante todos esses anos, na minha pessoa o líder maior de todo o processo do PMDB em Apodi. Mas, aos poucos, tudo está fluindo muito bem. A aceitação popular está muito boa. Vamos continuar mostrando a verdade aos nossos eleitores. Tenho certeza que os nossos admiradores estão decididos a marchar ao nosso lado.


GO – Como o senhor foi recebido dentro da base do governo?

JP – Dentro da base do governo, no primeiro momento ocorreu um impacto muito grande, muito pertubado por causa da incompreensão de algumas pessoas, embora em outra parte estava bom. Eu até tive surpresa por causa que há radicalismo em Apodi e o grupo me aceitou muito bem, a cada dia essa aceitação, com as conversas, os esclarecimentos, os diálogos que estamos tendo, está mostrando a real importância desse grupo coeso, forte, que estamos formando para o futuro de Apodi. O que queremos é uma união, para buscarmos melhores condições para o desenvolvimento de Apodi.


GO – De uma amizade acima das questões políticas, o senhor não esperava um desempenho maior tanto de Henrique Alves quanto de Garibaldi Filho para a sua permanência no PMDB?

JP – Não só a minha pessoa, mas também os vereadores sempre chegavam no meu gabinete e reclamavam dessa indiferença tanto de Garibeldi e, principalmente, de Henrique, que foi alheio a tudo isso, sem nenhuma definição. Até hoje, Henrique não me agradeceu por nada que eu fiz no PMDB, a não ser em uma reportagem de jornal, pessoalmente ou por telefone, eu nunca ouvi uma palavra dele de presidente estadual do PMDB em agradecimento a minha pessoa. Então, todos que estavam ao nosso lado sentiam essa indiferença, essa maneira indecisa, de buscar um concenso junto ao grupo como um todo.


GO – Por conta disso, o senhor prevê o desligamento de outras lideranças com o PMDB?

JP – Não restam dúvidas que várias pessoas que têm uma militância, uma liderança, não só na cidade, mas também na zona rural de Apodi, estão decididas a fazer a filiação ou no PR ou no PPS. Uns fizeram a opção por um partido e outros pelo outro, mas, não tem diferença, o que nós queremos é que todos estejam com o mesmo pensamento, o de somar, não estamos chegando para atrapalhar projeto político de qualquer um que já esteja na base da governadora Wilma de Faria. Mas, na hora da decisão, é preciso que se pese, que avalie sem muita paixão, sem muito radicalismo, porque é uma decisão muito difícil de tomarmos diante do nosso eleitorado, que hoje já tem uma consciência política muito grande. No município de Apodi, podemos dizer que o nosso eleitorado eh politizado.


GO – Agora, decidido como membro do Partido da República, como vai ser construído o trabalho de formação de uma aliança para as eleições do próximo ano?

JP – A partir de agora, com essa decisão já tomada, nós estamos buscando o maior número de lideranças, tanto na cidade como na zona rural, para somar conosco para a vitória do sucessor, mas, até agora, não temos candidato. Existem os pré-candidatos, mas definição mesmo ainda não tomamos, porque na audiência que tivemos com a governadora, na Governadoria, ela foi muito clara quando disse que aquele momento era de administração e buscar recursos para Apodi se desenvolver, a parte política ficaria para o próximo ano. Nós só iremos tratar de definição de candidato no próximo ano, acredito que até depois do Carnaval é que nós vamos decidir, vamos fazer pesquisas, ouvir a opinião públia de Apodi, para sentirmos quem o eleitor de Apodi quer para administrar essa cidade.


GO – Alguns nomes estão sendo citados, até pela imprensa ou especulados pela cidade... O senhor defende que sejam realizadas pesquisas eleitorais e, a partir daí, qualquer que seja o grupo que ganhe, todos apóiem esse candidato?

JP – Com certeza. Isso é muito importante, pois quem elege o candidato é o povo e se esse candidato não tiver aceitação popular, fica difícil para os líderes trabalharem esse nome. É por isso que vamos avaliar o que se propõe, conversar, mostrar, porque campanha é difícil. Eu gosto muito de dizer que quando a pessoa se propõe a ser candidato é a metade da sua candidatura, a outra metade é complicada, tem a parte de estrutura, financeira, a conquista do eleitor, e tudo isso se soma para se ter uma vitória. É por isso que temos que estar sempre com os pés no chão, desarmados, para fazermos, daqui à eleição, uma análise muito séria e não errarmos na escolha do candidato a prefeito de Apodi.


GO – Já podem ser anunciadas algumas ações no campo administrativo desenvolvidas em parceria com o Governo do Estado?

JP – Sempre existiu parcerias com o governo estadual, na segurança pública, na educação, na saúde. Em todas essas áreas da administração, sempre mantemos parcerias pontuais. Nós sempre fazemos isso, porque entendemos que um município sozinho não tinha condições de caminhar, junto ao Governo do Estado tudo fica mais fácil. Vamos redobrar essas parcerias, porque agora fazemos parte da base do governo da governadora Wilma, então tudo flui com naturalidade, o entendimento dos secretários com relação aos prefeitos é outro. O prefeito que não tem um apoio do governo luta com muita dificuldade. O governo tem muito a oferecer àquele município que está na sua base.


GO – Existem ações prioritárias para Apodi?

JP – Marcamos um audiência com o secretário de Ação Social do Estado, com o secretário de Saúde também, e vamos ver nas outras secretarias o que podemos somar para um melhor desempenho na Prefeitura de Apdi, em benefício da nossa população. A Prefeitura de Apodi tem sido premiada em função de ações que tem desenvolvido ao longo da sua administração.


GO – Qual a avaliação que o senhor faz da sua última administração?

JP – Estou consciente de que nessas três administrações eu tenho feito o possível e o impossível, mas o município está descapitalizado pelo Governo Federal. As verbas que chegam são poucas para o tamanho não só territorial de Apodi, que é 1563 km², com 18 mil habitantes na zona rural e 17 mil na cidade. Só na zona rural, nós temos 203 comunidades rurais. Tudo isso são pessoas carentes, precisando de estrada, de saúde, educação, assistência social, enfim, melhores condições de vida. Administrar Apodi hoje é um verdadeiro heroísmo. Aquele que me substituir deverá está consciente de que vai administrar um município com muitas dificuldades.


GO – Na sua opinião, a proposta de emancipação da comunidade de Lajedo seria uma solução ou um problema futuro?

JP – No momento, eu não como Soledade se emancipar, porque não tem as estruturas básicas de um município, para caminhar com as suas próprias pernas. Então, ia ser uma divisão, mas ia depender de tudo de Apodi, como educação, saúde, segurança. A estrutura de Soledade ainda não oferece aos moradores condições de uma municipalização. Acredito que com o desenvolvimento futuramente poderá acontecer.


GO – O senhor está concluindo o seu mandato à frente de uma cidade oestana. Em termos de avaliação, quais são as marcas administrativas desse último mandato?

JP – Nesse meu terceiro mandato, nós temos feitos obras estruturantes para o povo de Apodi. Sabemos que Apodi é uma cidade de potencial turístico muito grande, tanto que hoje está no calendário nacional do turismo com o Lajedo de Soledade, que está sendo votado para ser uma das Sete Maravilhas do RN, é importante que todo apodiense dê esse voto, para que Apodi seja votada como uma das Sete Maravilhas do Estado junto com o Lajedo. Estamos na segunda etaa de construção do nosso Terminal Turístico, que vai ficar muito bonito, e também fizemos a Praça da Bíblia, que foi indicação dos evangélicos, em Apodi temos hoje, aproximadamente, seis mil evangélicos, e eles sentiram falta de um lugar público onde pudessem realizar as suas comemorações. A Praça da Bíblia é considerada uma das praças mais bonitas do interior do Rio Grande do Norte. Para a juventude, nós fizemos quadra de esportes na zona rural e na cidade também; além das duas escolas que construímos, estamos licitando a terceira escola para Apodi; na área de saúde, estamos gastando, por ano, aproximadamente R$ 500 mil, sempre voltado aos mais necessitados. As ações da Secretaria de Saúde são importantes com o trabalho que está sendo feito com os agentes de saúde, que fazem um trabalho muito bom. Agora, com a nossa união com a governadora, acreditamos que iremos dar um salto de grande melhoria para os habitantes de Apodi.


GO – Como o senhor analisa as promessas feitas pelo Governo Federal em torno do Pac?

JP – Nós já estamos no Pac, que no município de médio e pequeno porte está sendo conduzido pela Funasa. Nós já encaminhamos a solicitação do restante do saneamento de Apodi. Estou com os valores catalogados pela Caern, dá um motante de R$ 6 milhões. Além do saneamento, temos um problema muito sério: somos endêmicos em doença de Chagas. Ainda temos, aproximadamente, 150 casas de taipa, que precisam ser demolidas e fazer de alvenaria, para extinguir a doença de Chagas no Brasil.


GO – O senhor acha que o Fundo de Participação do Município tem sido suficiente para a demanda de Apodi?

JP – Se não fosse por nós, Apodi já tinha fechado. Só com o Fundo de Participação, Apodi não teria condições de ser administrado, a não ser se algo sobrenatural chegasse e fizesse um milagre, para podermos administrar Apodi apenas com o repasse do FPM, que a cada ano está diminuindo e, com essa diminuição, não só o município de Apdi, como todos os municípios brasileiros enfrentam dificuldades para cumprir seus compromissos, com assistência à população.


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