domingo, 2 de setembro de 2007

TEMPO



Às vezes a gente descobre que ama mais as pessoas do que elas podem nos amar e se sofre muito com isso durante algum tempo. E o tempo passa e a mágoa costuma ficar acumulada como sujeira nos cantos, tomando conta aos poucos de tudo. Depois a gente faz de conta que não ama e que não se envolve e não sente nada e a gente se engana, por que pensa que assim é melhor.



A gente se acostuma com o cheiro do asfalto, por que esta sempre se perdendo, se acostuma ao gosto amargo, porque tem medo da pimenta e não provou mais o mel. Parece que não se sabe mais amar e não se tem mais sede e nem frio, não se quer mais amar. E a gente sofre muito com isso durante algum tempo. Sofre sem perceber que é tempo demais pra não sentir. Tempo perdido. Tempo, até a gente se descobrir diferente, tão doce e frágil. E a gente se sente cansada, por que parece que a vida vai se desmanchar em cristais de açúcar, então a gente chora, desaba, se desmancha, em qualquer lugar, no chuveiro, no banheiro do trabalho, no ponto de ônibus, no colo da amiga ou no travesseiro. E não se esconde mais e nem se esconde, dói... por que não há mais onde esconder, tudo o que se sente.




E então, quando não se espera mais nada e tudo parece ter sido em vão, a gente se olha no espelho e se reconhece e se percebe, se encontra e parece ser tão fácil ser a gente mesmo... Transparente, sensível. E assim frágeis, descobertas, desmanchadas, a gente perdoa, nosso jeito de amar.... e se torna tão suave, tudo que toca a nossa pele... e tão forte qualquer sentimento que chega de repente. E a gente aprende que pode amar... Assim do nosso jeito. Que merece sentir, tentar, provar. Porque nem sempre as pessoas amam Mas a gente ama... E não precisa mais esconder. Amor de uma hora ou pra vida toda. Amor pra vida toda de uma hora. Amor de raposa, de feiticeira, de valdirene ou marinete. Amor perdido, traído ou fingido e tudo isso pode doer e já não se sofre tanto com isso, durante tanto tempo... Porque o açúcar se desmancha ... e as coisas que a gente sente ficam pra sempre... Com o gostinho quente e suave do doce se desmanchando na boca.


mona lisa budel

1 comentários:

Anônimo

Um texto meu por aqui ... que legal !!!

Obrigada ... vou adicionar seu blog nas minhas listas ...

abraços de ventos e momentos !!!

Blog do Prof. Ozamir Lima - Designer: Segundo Freitas