domingo, 3 de agosto de 2008

Mesmo proibidos pela Igreja, padres tentam trocar paróquias pelas prefeituras

Em 2004, o padre Luiz Araújo Ferreira, de Bonfinópolis de Minas, a 516 quilômetros de Belo Horizonte, decidiu descer do púlpito e subir em um palanque eleitoral. Ele conta que, motivado pelo clamor da população para que se candidatasse a prefeito, foi pedir a permissão ao bispo da sua diocese, em Paracatu, para deixar a batina de lado e seguir carreira na política da pequena cidade da região noroeste. Não obteve a autorização de dom Leonardo de Miranda Pereira, mas não desistiu. Mesmo suspenso pela Igreja Católica - que não permite que padres se filiem nem se candidatem a cargos públicos -, padre Luiz filiou-se ao PT, e acabou ganhando as eleições daquele ano. Hoje, com 70% de aprovação de sua administração, tenta a reeleição e já pediu o afastamento definitivo da Igreja. "Entrei na política contra a vontade do bispo e fui suspenso de uso de ordem", conta o padre prefeito. No jargão eclesiástico, isso quer dizer que ele não pode mais celebrar missas, casamentos ou batizados. Mas padre Luiz não se arrepende; acha que entrar na política é unir fé e vida. "É na política que temos os recursos para ajudar os mais necessitados", diz.

O Código de Direito Canônico proíbe a participação de padres católicos na política partidária. Entretanto, a proibição não é taxativa e deixa espaço para o diálogo com os bispos, superiores diretos dos sacerdotes. "Há exceções: se o bispo entende que há uma necessidade, ele pode autorizar", conta dom Hugo Cavalcante, assessor para assuntos canônicos da Confederação Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB).
Fonte:Istoé

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