segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para que servem pesquisas encomendadas por candidatos

Deu muita discussão, ontem, aqui a reportagem da Folha de S. Paulo sobre duas empresas de pesquisas contratadas para trabalhar na campanha de Gilberto Kassab, candidato do DEM a prefeito de São Paulo.

A reportagem dizia que os pesquisadores davam um porta-retrato de presente a quem topasse ser entrevistado. E que um deles induzira um dos entrevistados a dizer que aprovava a administração de Kassab. Sugeria, por fim, que oferecer brindes a entrevistados poderia configurar crime.

Escrevi que não - não é crime. Esse tipo de pesquisa, chamada de qualitativa, serve para orientar a campanha de um candidato. Não é para ser publicada. E se um pesquisador induz entrevistados a dizerem o que ele quer ouvir está prestando um péssimo serviço ao seu cliente - no caso, o candidato.

Poderia ter dito outras coisas que só agora me ocorrem. Por exemplo: o candidato quer saber se ataques que sofre estão diminuindo suas chances de se eleger. Então ele encomenda uma pesquisa com um grupo de eleitores seus. E outra com um grupo de eleitores indecisos.

O candidato está em dúvida quanto à utilização de uma determinada peça de campanha - digamos um vídeo onde ridiculariza um dos seus adversários. Ao invés de levá-lo ao ar com base na intuição, manda testar o vídeo com grupos de eleitores - seus, dos outros e indecisos.

Em campanhas com muito dinheiro, os candidatos testam tudo, tudo mesmo antes de usar. Testam slogans, jingles e propostas de governo. Nada fazem de relevante, não dão um piu, sem a ajuda de pesquisas. As qualitativas não estão interessadas em apurar percentuais.

O objetivo delas é extrair dos eleitores o que se passa lá no fundo do seu coração. São pesquisas que demoraram horas para ser aplicadas junto a pequenos grupos de eleitores reunidos numa sala fechada e tratados a pão-de-ló. Dá-se o brinde em troca do tempo deles - não do voto.

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