quinta-feira, 16 de abril de 2009

Rede Globo atuou como polícia na operação Satiagraha

O delegado federal Amaro Ferreira, encarregado de um inquérito interno para apurar eventuais abusos cometidos pelo seu colega Protógenes Queirós na operação Satiagraha, chegou a pelo menos uma conclusão que causa espanto: segundo ele, a TV Globo forneceu equipe e equipamento para que a PF filmasse um jantar entre representantes do banqueiro Daniel Dantas e agentes da polícia. Neste encontro, teria ocorrido uma tentativa de suborno dos policiais. O filme tornou-se peça fundamental do inquérito contra Daniel Dantas e outros acusados de fraude e desvio de recursos.

Protógenes, segundo o delegado Amaro, usou uma equipe da TV Globo para filmar o encontro no restaurante El Tranvia, em São Paulo. A TV Globo, dizem os jornais, não vai se pronunciar sobre a denúncia.

Pois devia.

Tinha o dever de explicar à opinião pública, eventualmente às autoridades, em nome do que uma emissora de televisão, simplesmente a maior do país, decide se transformar em ajudante de policiais.

Desde quando o telejornalismo da Globo ganhou insígnia da PF e autorização para fornecer pessoal e equipamento para policiais em meio à investigação de crimes?

É possível entender que a TV Globo tente, depois de concluído um inquérito da PF ou de qualquer polícia, aproximar uma equipe sua dos agentes para filmar as prisões. Todas as emissoras, se pudessem, fariam o mesmo. Só não o fazem porque, de maneira geral, os delegados que presidem inquéritos dão preferência à Globo, por exibicionismo ou sabe-se lá que razões ainda menos dignas.

O que a TV Globo decididamente não tem direito de fazer é emprestar cinegrafista e câmera para ajudar um elegado a produzir provas numa ação investigativa.

É abusivo.

É possível que seja criminoso.
É desvio de conduta que devia chamar a atenção do ministério das Comunicações.
Garotinho

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