Educação deve ser visto, antes de tudo, como um problema econômico
Educação no Brasil nunca foi prioridade, isto é um fato. Nem nos Governos passados, nem neste Governo, e provavelmente não será no que vier, seja ele qual for. Uns foram piores, outros menos piores, mas no fundo nunca levaram a sério.
A raiz deste problema está no fato de que encaramos educação apenas como um problema social, assim como a distribuição de alimentos e a assistência a saúde. Mas como fome e saúde não esperam, a educação ficou em segundo pleno até mesmo nestas áreas.
Em outros países a área educacional é tratada como um problema econômico. Depois que alguns economistas neoclássicos, partindo do Modelo de Crescimento Econômico de Solow, chegaram à conclusão de que educação é fator significativo no crescimento do produto, esta foi encarada de forma diferente.
Queiramos ou não, o mundo funciona deste jeito. O maior exemplo é a escravidão, que só acabou depois que perceberam que era mais produtivo ter um funcionário do que um escravo. Ou ainda o nosso caso recente do Bolsa Família, onde a elite percebeu que um programa mínimo de renda é capaz de mudar rapidamente o panorama econômico de uma região, criando mercado e oportunidades. Hoje não se discute mais a importância do programa, pois ele praticamente se consolidou. E não acreditem que isso é apenas por causa dos votos da população pobre, ou porque tivemos um Governo mais popular.
A história mostra que as elites só funcionam impulsionadas por incentivos econômicos.
Países que encararam a melhoria do processo educacional como importantes para o crescimento econômico deram outra musculatura ao setor, seja ele público ou privado, e efetivamente transformaram a vida do país. Basta ver o exemplo da Coreia, Finlandia e Alemanha. Ou para ser mais perto da nossa realidade, o caso do Chile.
Infelizmente o mundo joga o jogo da elite, que está preocupada apenas com seu bolso. E enquanto não convencermos esta de que nossa falimentar escola básica precisa de mudança urgente, nada vai melhorar. Aqui no Brasil somos sempre reativos, encarando o ensino apenas como um direito do cidadão, quando deveríamos enxergar como uma oportunidade para a melhoria coletiva.
Lógico que mexer nesse ponto é tratar de alguns fatores que são simplesmente jogados para debaixo do tapete. Salários ridículos aos professores, politicagem incorporada ao setor, corporativismo exarcebado de parte dos edukocratas e condições messiânicas de trabalho são ponto comum em qualquer ponto da cadeia produtiva educacional brasileira.
E enquanto nossas elites não assumirem a concepção de que investir em educação é condição sine qua non para uma vida próspera e uma economia robusta, salário de professor vai continuar menor do que o de um ambulante e merenda escolar ainda vai ser motivo de muito escândalo jornalístico.
Pier lu
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