sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Projeto do Dnocs é inviável’, diz professor

JOSÉ DE PAIVA REBOUÇAS

Da Redação

Os bispos do Rio Grande do Norte se reúnem na segunda, 12, com as entidades da agricultura familiar do Estado, agricultores de Apodi e representantes de universidades para elaborarem, juntos, um novo documento que altera o projeto do Perímetro Irrigado do Apodi. A reunião está marcada para as 9h na Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte (FETARN). No encontro será discutida ainda a análise do professor João Abner Guimarães, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que atesta que o projeto apresentado pelo Dnocs é inviável para a região.

As entidades e os bispos se basearam nesse documento para iniciarem os protestos contra a implantação do Perímetro. Para João Abner, as falhas no projeto do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas começam pela oferta de água. Segundo ele, a barragem Santa Cruz do Apodi tem disponibilidade de 4 metros cúbicos por segundo: dois para evasão ecológica e abastecimento, que são obrigatórios, ficando apenas dois que só atenderiam até 3 mil hectares dos 5.200 anunciados pelo órgão federal.

De acordo com o professor, está provado que é inviável, economicamente, fazer transposição de água para irrigação em áreas com desnível acima de 60 metros. Na Chapada do Apodi, o desnível é de 80 metros. "O custo será muito alto", alerta.

Sobre o preço da energia subsidiado, João Abner disse que o Dnocs quer fazer com Apodi/Mossoró/Alto Oeste o mesmo que está fazendo com o Vale do Jaguaribe-Fortaleza. "Lá, 3,5 milhões de habitantes de Fortaleza não sabem, mas estão bancando a água para grandes produtores exportadores de frutas. O povo de Mossoró precisa saber que se este projeto for feito quem vai subsidiar esta água é ele junto com o povo do Alto Oeste. Isto na hipótese da Barragem de Santa Cruz ter água suficiente", argumenta.


Exemplos

De acordo com o professor João Abner, o Nordeste tem 240 mil hectares em perímetros públicos irrigados. Destes, apenas 100 mil estão em atividade e, assim mesmo, passando por sérias dificuldades. "O Nordeste tem 140 mil hectares prontos de distritos irrigados como este que querem fazer em Apodi, sem produzir nada por falta de viabilidade econômica. Um exemplo é o projeto do Baixo-Açu, que tem 7,2 mil hectares e só 2,6 mil hectares estão produzindo com as dificuldades que conhecemos. No Ceará, tem vários outros que não funcionam", acrescentou.


Desapropriações

Assim como os bispos, João Abner acha absurda a desapropriação de 13 mil hectares para a viabilidade do projeto, tomando as terras de pelo menos 150 pequenos agricultores. "Ora, como isso dará certo se na primeira etapa, de 5.200 hectares, vai faltar água para Mossoró e Alto Oeste?", contestou.


Proposta dos agricultores

Uma das alternativas que será discutida na reunião de segunda-feira, no documento que será enviada à Casa Civil, é de aproveitar a água disponível para potencializar a região do Vale do Apodi. De acordo com estudos realizados no próprio município, é possível irrigar toda a região do Vale por gravidade, perenizando, inclusive, o rio Umari (um braço do rio Apodi), beneficiando mais ou menos 2 mil famílias, de Apodi, Felipe Guerra e Caraúbas, que poderiam produzir de forma agroecológica.

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