sábado, 8 de dezembro de 2012

Formação de médicos: quadro estarrecedor


Em artigo no O POVO deste sábado (8), o editor adjunto do Núcleo de Conjuntura do O POVO, Luiz Henrique Campos, fala sobre o despreparo dos médicos recém-formados. Confira:
É estarrecedor o dado divulgado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) segundo o qual mais da metade, 54,5%, dos médicos recém-formados do Estado foi reprovada no exame realizado pelo órgão, que este ano se tornou obrigatório. Os atuais formandos acertaram menos de 60% da prova, com 120 questões de múltipla escolha envolvendo temas das nove principais áreas da Medicina, como clínica médica, saúde mental e ginecologia. As questões, conforme o Cremesp, eram básicas, tratando de itens de média e baixa complexidades. Para se ter ideia desse drama, em países como o Canadá e os EUA, a média de aprovação é de 95%.
É bom ressaltar também que para obter o registro profissional em São Paulo é necessário apresentar o documento que comprove presença na prova, mas não ser aprovado no exame. Ou seja, independente do que indicou a prova, todos os reprovados podem exercer a Medicina sem qualquer restrição. Coincidentemente, no dia em que o Cremesp divulgou os dados, o MEC revelou que um terço das faculdades no País, e aí não se incluem somente os cursos de Medicina, foi reprovada em avaliação com base nos critérios estabelecidos pelo ministério. Diante do que se constatou em São Paulo agora, estado mais rico do Brasil, não seria exagero imaginar em que circunstâncias estariam atuando os profissionais médicos nos demais estados da federação.
Para agravar o quadro, segundo a avaliação do Cremesp, como há falta de médicos em áreas mais carentes, o destino do mau profissional acaba sendo este. Em um país no qual 90% da população é usuária de alguma forma do Sistema Único de Saúde (SUS), vê-se o quanto a população está vulnerável a esse tipo de médico. Além disso, se conseguir atendimento já é difícil para as camadas mais pobres, pior ainda é saber avaliar se o médico está adotando os procedimentos corretos.
Infelizmente, a questão da saúde, tema hoje com a pior avaliação segundo pesquisas de opinião, ainda tem que enfrentar a péssima formação dos profissionais médicos, colocando em risco os pacientes submetidos a esse serviço diariamente.

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