Dossiê elaborado pelo Sinte aponta que 90% das escolas estaduais têm problemas estruturais
Servidores estaduais da Educação entraram em greve na última
quarta-feira, 14, para cobrar do Estado melhorias no setor. Segundo o
coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio
Grande do Norte (Sinte/RN), Rômulo Arnaud, a entidade produziu um dossiê que
indica que 90% das 700 escolas estaduais enfrentam problemas estruturais.
"No entanto, os problemas não se restringem à parte
estrutural. A falta de professores e de funcionários também é uma realidade. Já
existia um déficit muito grande e agora com a readequação da carga horária, a
situação piorou. Ao longo dos anos, o corpo de funcionários foi diminuindo.
Hoje a parte de funcionários se restringe à direção e supervisão. Há muitos
funcionários terceirizados, inclusive temos várias denúncias de atraso de
salários", esclarece Rômulo Arnaud.
O coordenador-geral do Sinte ainda acrescenta outros
problemas. "Também faltam laboratórios e bibliotecas. Outra constatação
são os problemas elétricos e hidráulicos. Existem escolas boas e bem
estruturadas, mas são a minoria. Inclusive, temos denúncia de superlotação de
salas para evitar a convocação dos concursados", afirma.
A equipe de reportagem do jornal O Mossoroense percorreu
algumas escolas estaduais e percebeu as dificuldades. A Escola Estadual
Francisco Antonio de Medeiros, que fica no bairro Belo Horizonte, tem vários
problemas de infraestrutura e já foi alvo de ação civil pública ajuizada pelo
Ministério Público do Rio Grande do Norte (MP/RN) para que o Estado seja
obrigado a realizar obras de reparo na unidade.
Segundo o MP/RN, existe uma série de problemas que colocam
em risco a integridade física dos alunos, como infiltrações sobre várias partes
das lajes, causando condução de corrente elétrica pelas paredes úmidas; fiação
elétrica desencapada dentro das salas de aula, no pátio da recreação e em
locais de extremo risco; não há quadra esportiva; oxidação de ferragens;
edificação sem acessibilidade, além de inexistência de projeto contra incêndio
e pânico e do Habite-se.
A supervisora Sedma Carlos comenta que a reforma nunca
chegou. "Estamos há mais de dez anos esperando por essa reforma. São
muitos problemas hidráulicos, quando chove as paredes dão choque. Não há
laboratório de informática nem quadra de esportes. As portas, janelas e quadros
estão quebrados", diz a supervisora.
Outro problema é a falta de servidores. "Não temos
segurança, nem secretária-geral, nem porteiro à tarde. Está faltando professor
de Química desde o início do ano e com a readequação da carga horária a
situação irá piorar", acrescenta Sedma Carlos.
Caic do Belo Horizonte está interditado desde 2010
Os problemas de estrutura não se restringem à Escola
Estadual Francisco Antonio de Medeiros. Outra unidade de ensino que enfrenta
problemas há muitos anos é a Escola Estadual Monsenhor Francisco de Sales
Cavalcanti, que funcionava no Caic do bairro Belo Horizonte. O Caic está
interditado desde 2010 e servidores e alunos foram encaminhados para o prédio
da Escola Estadual Ambulatório Pereira Lima.
Já foi feita uma primeira reforma no Caic, mas os problemas
no sistema hidráulico e elétrico do prédio não foram solucionados e o Corpo de
Bombeiros não liberou o local para funcionamento. O Ministério Público também
ingressou com uma ação civil pública na Justiça para que o Estado execute os
reparos no Caic já que a pequena reforma não atendeu às medidas de proteção apontadas
por perícia técnica.
Apesar dos problemas no Caic, eles não foram resolvidos com
a mudança de sede da escola. O prédio da Escola Estadual Ambulatório Pereira
Lima também tem uma estrutura precária. A supervisora Maria das Graças Santos
conta que os alunos já assistiram aula até mesmo no alpendre. "Tivemos que
transferir a biblioteca de lugar para poder abrigar uma sala de aula. Não temos
laboratório de informática e a quadra de esportes ficou no Caic", destaca.
Devido aos inúmeros problemas, a escola vem perdendo muitos
alunos. "Além de a escola ser longe, os estudantes ainda são obrigados a
conviverem com esses problemas estruturais. Além de não ter professores, o
corpo funcional foi sendo diminuído ao longo dos anos e hoje não temos porteiro,
por exemplo", denuncia a supervisora.
A equipe de reportagem do jornal O Mossoroense também esteve
na Escola Estadual Onzieme Rosado Fernandes. A unidade de ensino funciona em
uma casa que foi alugada e adaptada para receber os alunos. "Não temos
muitos problemas de estrutura. O nosso maior problema agora é a falta de
professores, depois que a carga horária foi reduzida. Falta professor de
Matemática, Ciências, Arte e Inglês", diz a diretora Bernadete Fernandes.
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