O sentimento de amor à natureza dos encapuzados
Em artigo no O POVO deste sábado (10), o editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura do O POVO, Luiz Henrique Campos, comenta da postura de manifestantes que usam capuzes e agridem trabalhadores. Confira:
Os acontecimentos da última quinta-feira (8), iniciados na madrugada com a retirada dos acampados da área do Cocó, e que culminaram com o embargo da obra de construção de dois viadutos no encontro das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior, deveriam servir de profunda reflexão para os gestores da área de segurança do Município e do Estado, mas também por parte das lideranças dos manifestantes.
Não vou tratar da Polícia e da Guarda Municipal, em vista do que já foi amplamente exposto em outros veículos por ocasião de manifestações anteriores.
Não posso me furtar, todavia, de tecer comentários sobre atos cometidos por pessoas ligadas aos protestos, quase sempre tratadas como vítimas nessas ocasiões, sem que se levem em conta atitudes por elas perpetradas. Naquele dia, acompanhei de perto os momentos de tensão quando estive no local durante o período da tarde/noite, e fiquei impressionado com a forma como os manifestantes se preparavam para possível confronto. Das barricadas montadas ao longo da Santana Júnior, utilizando pedras, camburões, placas e fogo, até as agressões e intimidações contra jornalistas, a sensação que ficou é de que, se o sentimento de amor à natureza daquelas pessoas for medido por tais gestos, não sei qual seria o destino do Cocó com eles no poder.
Para além disso, será que, para demonstrar amor ao Cocó, é preciso constranger as pessoas deixando-as presas nos carros sem poder atravessar as barreiras? Em muitos desses veículos vi crianças e idosos, apavorados, diante da possibilidade iminente de um confronto, em que estariam entre os manifestantes e a Polícia, correndo, sim, risco de morte. Que amor à natureza justifica isso? E que lideranças são essas que ligam para professores das escolas públicas mandando liberar os alunos das aulas com a orientação de se dirigir ao Cocó, sob o argumento de ver a “derrocada do capitalismo”?
E o que leva pessoas a defenderem a natureza usando capuzes? Por que não podem ser identificadas e agridem os fotógrafos e cinegrafistas? Não há santos na Polícia, mas também não são só vítimas os manifestantes. Basta tirar o capuz ideológico para ver isso.
0 comentários:
Postar um comentário