sábado, 17 de maio de 2014

Mossoró mudou? Há controvérsias.

O empresário Diran Ramos do Amaral, de saudosa memória, tinha entre suas preocupações o acompanhamento do crescimento sustentável da capital do Oeste potiguar. Diran não era ecologista. O crescimento sustentável que ele observava nos demais polos econômicos do interior do Nordeste era o que roubava o seu sono.
— Mossoró não pode apostar apenas na presença da Petrobras, repetia o empresário.
A mecanização das salinas e os ciclos de altos e baixos de setores da agro-indústria alimentavam suas preocupações com o futuro do emprego-urbano, diante das migrações campo-cidade.
Por conta própria ele visitava regularmente Campina Grande (PB), Caruaru (PE), Crato (CE), dentre outros centros nordestinos do porte de Mossoró, e anotava tudo sobre a presença estatal nessas regiões – o que facilitava o crescimento e também onde o Estado atrapalhava o desenvolvimento local.
Tive a oportunidade de alongar muitas conversas com Diran quando o tema era o futuro dessas cidades que representam o mínimo da interiorização da economia, algo difícil de ser materializado, principalmente no semi-árido brasileiro.
E em todos esses momentos ele emitia sinais de fragilidades em outros centros (à exceção de Campina Grande), temendo que um dia esse recuo das inversões econômicas pudesse chegar a Mossoró.
Casado com uma Rosado, Diran tinha canal aberto com o clã mossoroense, mas seu projeto de vida nunca foi a política, mas cumpria o papel de protagonista que cabia ao irrequieto empreendedor. Não deixava escapar qualquer iniciativa adotada pelos estados nordestinos sem levar ao conhecimento de Vingt Rosado, deputado federal de várias legislaturas.
Muito do trabalho de Vingt (“o vereador de Mossoró no Congresso Nacional”) tinha a caligrafia de Amaral. Só não dava pitaco quando o assunto era o dia-a-dia da política mossoroense, pelo menos publicamente. Quando a conversa passava para o processo político-eleitoral, ai ele economizava o verbo “para não perder a amizade”.
Diran faz muita falta a Mossoró.
A cidade que ficou mais de um ano na expectativa de confirmação de um mandato teve que retornar às urnas para substituir a prefeita constitucionalmente eleita e afastada após lutar contra dezenas de ações na Justiça Eleitoral.
Abertas as urnas e confirmada a eleição do interino Francisco Silveira Júnior (PSD), era fatível que grupos políticos assumissem a condição de vitoriosos. Faz parte. O vice-governador Robinson Faria e a deputada federal Fátima Bezerra certamente vão tentar fazer uma limonada com o pleito suplementar.
Sem entrar no mérito das ações eleitorais, é prudente registrar que ninguém até aqui cuidou de avaliar os prejuízos decorrentes dessa insegurança. A economia de Mossoró não aguentava mais uma temporada de indefinições.
Mossoró mudou? Há controvérsias.
A própria Justiça Eleitoral cuidou de afastar os concorrentes e o vereador-prefeito acabou sendo o único vitorioso (só perdia pra ele).
Havia no ar uma certa frustração do eleitor com a judicialização do processo eleitoral que culminou com o afastamento da prefeita Cláudia.

Na véspera da eleição suplementar, em declarações rápidas à imprensa, a governadoraRosalba Ciarlini deixou escapar uma frase que resumia esse sentimento e aquela frustração: “Espero que desta vez seja respeitada a vontade do povo”.


por Aluisio Lacerda 

0 comentários:

Blog do Prof. Ozamir Lima - Designer: Segundo Freitas