sábado, 22 de novembro de 2014

Filosofia pode apontar respostas à vida

Qual é o sentido mais importante da vida do homem? Sobreviver? Casar e ter filhos? O que vai gerar uma realização plena para o homem, enquanto ser humano, para que ele não sinta mais aquela angústia no peito quando não se tem respostas para a vida? A filosofia pode ter apontar uma resposta alguns desses questionamentos. 

“Então, às vezes a gente tem conhecimento técnico, faz universidade, tem dinheiro, enfim, tem muitas coisas que a gente pode fazer na sociedade hoje, mas nenhuma delas — o fato de a gente viver, ter dinheiro, ter doutorado, que seria o ápice da educação, ou ter um bom casamento — essas coisas parece que não trazem uma resposta concreta para o homem, porque a gente ainda fica querendo entender a sociedade”, comenta a psicóloga Graziele Andrade, diretora da Nova Acrópole Organização Internacional.

“E é só olhar ao nosso redor, a violência, a saúde, tudo ao nosso redor, fora do lugar.  Será que está tudo certo?” questiona ela. 

Então, a filosofia serveria justamente para resgatar princípios e ideias que podem iluminar um momento histórico para ajudar o homem a encontrar respostas pra vida, como indica a psicóloga. E o que a escola ensina aos seus alunos? 

“De uma maneira bastante sintética, a filosofia tanto do oriente quanto a do ocidente. A gente estuda desde Kant, Aristóteles, Platão, também estuda Confúcio, lá na China, estuda tratados da Índia, como o Baghavad Gita, Mahabharata, estuda Tibet, Buda. Fazemos um apanhado da filosofia do oriente e do ocidente para ver as ideias que todos eles  trouxeram e se elas podem trazer respostas para o homem”, analisa Graziele Andrade. 

Ela questiona se o que a gente vive hoje é realmente o ápice da civilização, ou será que existe uma forma de vida que a gente pode ter, ou ideias que podem iluminar  o homem e a sociedade, e que podem trazer um grau maior de felicidade para o homem? “Se talvez a gente conseguir olhar  o homem por dentro, a gente veria que as fotos não são tão bonitas quanto as do Facebook.” 



Bate papo - Graziele Andrade
Psicólogo

Falando em rede social, as eleições revelaram sentimentos escusos da sociedade brasileira; manifestações de ódio, preconceito e até separatismo. Você acha que veio à tona um pensamento que não se conhecia do brasileiro?
Hoje a gente não está sendo formado de fato, educado para que a gente aprenda a lidar conosco mesmo. Então, na prática, tem um ódio velado, uma angústia, uma rebeldia., qualquer coisa que de alguma forma nos angustia, a gente acaba encontrando um bode expiratório, e acaba projetando isso dentro de uma situação, que seja num momento eleitoral, numa manifestação.  A gente começa a ver uma violência velada no homem porque isso tem dentro da gente e a gente não sabe não sabe lidar com isso. Então, é sempre encontrar uma forma de expurgar os próprios males.  Está tudo fora do lugar. Uma eleição para o ser humano é como fosse uma nova esperança, uma nova possibilidade de fazer com que as coisas dêem certo. Eu acho isso muito bonito no homem; essa coisa intrínseca que ele tem de não desistir, de achar bom, uma hora as coisas vão melhorar, uma hora as coisas vão começar a dar certo. 

Se a filosofia é o amor pela sabedoria, o que resultou da sociedade brasileira após a retirada da disciplina dos currículos escolares no passado?
Eu diria que o problema é um pouquinho mais profundo ainda, porque não só de retirar a própria ideia da filosofia dentro das escolas, mas a própria visão de educação que a gente tem hoje de que é muito mais instrução do que  uma formação humana. Por que a filosofia não é apenas uma disciplina. Claro que dentro dos estudos acadêmicos  seria uma disciplina nas escolas, mas na verdade ela é um estudo sobre a vida. Ela ajuda a refletir sobre todos os aspectos da vida, inclusive todas as outras matérias e disciplinas, inclusive pra pensar na própria educação humana. Educação vem, mais de despertar o homem para o bem, para que ele busque valores, que sejam humanos, para que ele encontre respostas à sua vocação na sociedade do que o ato simplesmente de instruí-lo o tempo todo. E a filosofia, concordo plenamente, ela foi deixada de lado e há muito tempo já. A visão que a gente tem de filosofia é que ela é uma coisa muito subjetiva, que é só pensar, pensar, e não chegar a conclusão nenhuma. Quando os alunos chegam aqui brincando, contando pra gente que vão comentar com algum amigo que estão estudando filosofia, aí eles falam “ah, mas pra que você está fazendo isso? Vai servir pra que? Vai ganhar mais dinheiro com isso?” Se você conversar com alguns alunos nossos, é impressionante; em duas ou três aulas como eles já ficam impactados com as reflexões que são geradas a partir desse estudo, porque a gente está tão mecânico hoje e a gente não para pra pensar um pouco sobre a vida.  A proposta nossa é resgatar uma vez mais o conhecimento desses clássicos da humanidade e mostrar como eles podem ser úteis pra ajudar os homens a ter uma vida com mais qualidade, com mais profundidade e com mais autenticidade. E autenticidade significa a gente ser capaz de refletir por nós mesmos sobre as coisas. A gente acha que pensa sobre as coisas, mas na verdade é muito mais um reflexo do que a gente lê, do que a gente vê na televisão, do que algo que a gente mesmo encontrou, que é o que o mito da caverna, de Platão, retrata, as sombras. 

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