domingo, 26 de abril de 2015

Mente em colapso

Isaac Ribeiro
Repórter

A festejada e famigerada “vida moderna” aparentemente oferece muitas facilidades e vantagens para o dito cidadão comum. Mas também tem o seu ônus. Há quem nem suspeite, mas o avanço das doenças neuropsiquiátricas pode ser uma pequena pista da conta a ser cobrada. Mas será apenas isso mesmo? Nunca se viu tanta gente reclamando de depressão, ansiedade, esquizofrenia, síndrome do pânico, bipolaridade e outros transtornos. 

O tema foi abordado durante o IX Encontro de Anatomia, encerrado, ontem, na UNI-RN, mais especificamente na palestra da professora e pesquisadora Alessandra Mussi, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Alex Régis
Cresce casos de doenças neuropsiquiátricas como depressão, ansiedade, esquizofrenia, síndrome do pânico e bipolaridade
Cresce casos de doenças neuropsiquiátricas como 
depressão, ansiedade, esquizofrenia, síndrome do pânico
 e bipolaridade

De acordo com a pesquisadora, essas doenças podem ser consideradas “o mal do século” pois são altamente debilitantes, o que provoca uma perda socioeconômica considerável, já que afasta o indivíduo do trabalho e ainda leva a gastos extras. “Hoje os governos gastam bilhões em saúde pública e as doenças neuropsiquiatricas têm uma parcela deste gasto”, comenta Alessandra.

Doenças democráticas
Apesar de seu crescimento, flagrante, ainda é complicado correlacionar um grupo específico com um determinado transtorno neuropsiquiátrico. Isso porque  elas surgem independente do status social ou qualquer outro tipo de segmentação, seja cultural, de raça, de educação. Alessandra Mussi esclarece que o que se tem são dados referentes a faixa etária e a gênero. Por exemplo, a ansiedade tem maior incidência em mulheres, e o Parkinson mais em homens. 
“Esquizofrenia surge em adolescentes ou no início da vida adulta. Os estudos mais atuais trazem que algumas dessas doenças podem estar relacionadas aos hormônios, o que explicaria sua maior incidência em jovens ou em idosos e também sua relação com o sexo”, explica a pesquisadora da UNIFESP.

Desde a concepção

A psiquiatra Paula Borba enfatiza estudos recentes que relacionam as estruturas cerebrais e a neuroquímica do cérebro com todas essas patologias. “Por isso, muitas são chamadas de transtornos para frisar que não existia uma neurobiologia clara envolvida no processo.” Ela ainda afirma ser necessário entender todos os fatores envolvidos no desenvolvimento das doenças neuropsiquiátricas, pesquisando desde antes a concepção do feto, aspectos da gestação, pós-parto e perinatais, genética da família e até fatores ambientais. 

“Antes da concepção, estuda-se que fatores dos reprodutores como uso de medicamentos, álcool, cigarro, drogas ilícitas, estado de nutrição da mãe já sejam potenciais riscos para o desenvolvimento destas doenças. Durante a gestação, o estado emocional, uso de medicamentos, intercorrências obstétricas também são fatores desencadeadores. Existe então uma complexo e extenso olhar de toda a formação e desenvolvimento do Sistema Nervoso Central do indivíduo.”


TN

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