segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Projetos da Câmara para inclusão de disciplina deixariam alunos 16 horas na escola

Mariana Tramontina
Em São Paulo

Inclusão de disciplinas melhoraria o ensino brasileiro?

Da Câmara dos Deputados vieram os projetos que obrigaram a inclusão das disciplinas de filosofia, sociologia e música na educação básica. Se fossem aprovadas todas as 50 propostas de novas matérias que tramitam na casa, os alunos do ensino fundamental e médio passariam 16,3 horas na escola por dia.

O período é o triplo do tempo que os estudantes já ficam no colégio diariamente, que é de cinco horas em média. Mais que isso, o tempo que precisariam é ainda quase o dobro da escola integral proposta pelo MEC (Ministério da Educação), que tem jornada de oito horas diária. E isso se essas matérias fossem ministradas somente uma vez por semana.

A pergunta é: a Câmara tem competência para escolher o que os estudantes devem ou não estudar? "Nós vemos com muita reserva essa inclusão através do poder central porque a autonomia das redes municipais e estaduais tem que ser respeitada", diz Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC.


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Tramitam na Câmara mais de 50 projetos de inclusão de disciplinas na educação básica. Rio Amazonas, reciclagem, poluição, acidentes ecológicos e os temas atuais que envolvem a natureza refletem não só nos noticiários, mas também nos gabinetes dos parlamentares. Pelo menos oito projetos propõem a introdução da educação ambiental nas escolas.

Aprender a cooperar
Entre as propostas mais curiosas para que os jovens aprendam nas aulas diárias estão as disciplinas específicas de cooperativismo; noções de legislação fiscal e tributária; planejamento financeiro pessoal e familiar; empreendedorismo; direitos da mulher; segurança pública e "qualidade total".

Algumas ementas sugerem a volta da matéria de moral e cívica (incluindo ética), enquanto outras parecem apenas fazer volume na lista ao pedir itens já existentes no currículo --como a inclusão de teorias sobre a origem dos seres vivos na disciplina de biologia.

Nessa mesma linha, seguem os políticos aspirantes a professores na elaboração do conteúdo disciplinar: "inclui a discussão sobre 'Educação para o Pensar' pela disciplina de Filosofia" ou "inclui o tema 'Educação Alimentar' no conteúdo das disciplinas de ciências e biologia".

E há parlamentares completamente insatisfeitos com a educação brasileira: estes, mais radicais, pedem reformulação de todo o currículo escolar do ensino básico.

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