segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Empenho de parlamentares pela educação não é visto com bons olhos

Inclusão de disciplinas melhoraria o ensino brasileiro?

A intenção é boa, mas o empenho dos parlamentares pelo oferecimento de um máximo de educação para os jovens brasileiros não é visto com bons olhos pelos especialistas da área.

"Nós vemos com muita reserva essa inclusão através do poder central porque a autonomia de entes federados, redes municipais e estaduais, tem que ser respeitada", diz Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação).

Isso é, a rede tem total liberdade para criar um currículo que reflita a realidade local. "Antes de mexer nos números, tornar mais ou menos disciplinas obrigatórias, é preciso mexer na qualidade do ensino", aconselha.

Por isso está hasteada a bandeira da escola que existe para garantir o direito de aprender. Mas aprender o quê? "Aprender a aprender, a tratar uma informação, fazer o aluno entender, interpretar e discernir".

Mão dupla

Em tempos de lei seca, a educação no trânsito se mostra uma disciplina pertinente para os aprendizes de condutores. Pelo menos cinco projetos pedem a inclusão do Código Nacional de Trânsito ou apenas uma aula de noções básicas do tema.

"É um tema importante, mas é mais eficaz ter uma aula por semana ou o aluno ver a mãe não parar em fila dupla, saber que não pode beber e dirigir? Eles não aprendem com aula obrigatória, e sim com experiencias dentro e fora da escola", afirma Pilar.

A cartilha da boa aula, para a secretária, segue o raciocínio da interdisciplinaridade. "Um texto de português pode levantar discussões sobre trânsito. A professora pode levar uma matéria de jornal e trabalhar com interpretação", orienta.

Enquanto isso, na sala de justiça...

Sobre a inclusão de direito constitucional que tramita na Assembléia Legislativa de São Paulo, Pilar é incisiva. "Eles são muitos novos para ter contato superficial com esses conteúdos sem aprofundar".

A sugestão da secretária para ensinar essa disciplina é levar o aluno para passear. "Tem que dar acesso à maior capacidade de leitura e mostrar ao estudante uma produção cultural da cidade em que vive. São nesses processos que ele aprende o que é constituição".

Para Pilar, é preciso tornar as escolas mais contemporâneas e sintonizadas com a geração de hoje. "E só incluir uma matéria como obrigatória na grade não garante que eles aprendam".

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