sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Potiguares caem em golpe de veículo fantasma

A oferta é boa. Uma entrada em torno dos R$ 2 mil e prestações a perder de vista, por volta dos R$ 500, por um carro novo, ou seminovo. A conversa é bonita: o carro não está em Natal, mas você pode conhecê-lo pelo site ou ir até Apodi ver o veículo, sem pagar nada e sem compromisso. Porém, na hora que o cliente se propõe a fazer a viagem, o vendedor dá a má notícia de que outro interessado já se adiantou e está prestes a fechar negócio. Diante da iminência de perder essa oferta de ocasião, só resta uma alternativa: depositar logo o valor da entrada e assegurar a preferência na compra.

Foi atraído por essa oferta e levado por essa conversa que mais de dez norte-riograndenses já caíram em um golpe que tem se repetido desde o início do ano. Através de anúncios em jornais de grande circulação, os estelionatários chegam às vítimas, que após diversas ligações terminam por depositar o dinheiro da suposta entrada do veículo e só então acabam descobrindo que tudo não passa de uma fraude.

Uma das vítimas, o natalense João (nome fictício), se interessou por um Gol, pelo qual teria de pagar R$ 1.800 de entrada. Após fazer contato com os vigaristas, através de telefones celulares, estes ganharam sua confiança ao não falarem em adiantamento e também o convidarem a conhecer o veículo pessoalmente, ou pelas fotos expostas nos sites www.empresasfinavel.com.br e www.crisautos.com.br, que apesar dos endereços diferentes levam à mesma página da Internet.

Quando João pretendia viajar para Apodi, local onde a loja fictícia funcionaria no Rio Grande do Norte (as outras duas filiais seriam em Creteus–CE e Floresta–PE), foi informado por um dos golpistas de que o carro estava para ser vendido a outra pessoa. “Eles inicialmente não falam em dinheiro, perguntam se não tem como mandar alguém lá, mas quando você resolve ir, dizem que está para ser vendido, a menos que deposite a entrada e aí a preferência é sua”, descreve.

João foi orientado a embarcar no ônibus até Apodi, que estariam lhe aguardando na rodoviária do município. Ele começou a desconfiar quando o motorista informou que não havia rodoviária na cidade. Ao chegar ao destino, ninguém estava à sua espera e até o endereço dado pela quadrilha, na BR-405, inexiste. “Lá me disseram que diversas outras pessoas procuraram essa loja, que na verdade nunca funcionou”, lamenta.

A conta na qual João depositou o dinheiro da suposta entrada estava em nome de João Mendes, o mesmo pelo qual se identificava a pessoa que atendia o telefone (cujo DDD é local) e teria sido aberta em São Paulo. A vítima tentou desmascarar o golpista, fazendo outra pessoa ligar, fingindo interesse em um veículo e tentando marcar um encontro pessoal, porém em nenhum momento o estelionatário caiu na armadilha.

Depois o próprio João conseguiu falar com o falso vendedor, que não só admitiu o golpe, como tripudiou da vítima, chamando-o de “otário”, entre outros nomes, além de “dar conselhos” de como não cair nesse tipo de fraude. “Disse que fazia aquilo há mais de 20 anos e que não era pego porque subornava a polícia e afirmou que preferia pagar R$ 10 mil a um policial, do que devolver meus R$ 1.800. Disse também que já tinha matado gente e que tinha meus dados (os compradores informam para que o “veículo” seja transferido) e fez ameaças”, conta João.
Tribuna

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