sábado, 10 de outubro de 2009

Nobel de Obama é muito mais pelo que ele pode fazer do que pelo que tenha feito

Há dois anos Barack Obama era um ilustre desconhecido senador pelo estado norte-americano de Illinois. Há um ano ele foi eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Hoje ele acordou Nobel da Paz. Não há dúvidas de que Obama também é o cara. Acontece, porém, que a escolha de seu nome para o Nobel 2009 gerou muito mais polêmica na comunidade internacional que sua eleição para presidente. Muito estão se perguntando: ele merece?

Não obstante ter feito claras manifestações pela paz, o governo de Obama ainda é muito recente para superar a cultura belicista ianque, alimentada pelos chamados ‘falcões’, ao que parece, ainda com muita influência sobre a Casa Branca.

O atual presidente herdou duas guerras em andamento do antecessor Bush filho, Iraque e Afeganistão. No Iraque, decretou o fim da guerra e fez um calendário de retirada das tropas. Já no Afeganistão, anunciou que não reduzirá as tropas e ainda pode assinar essa semana decreto enviando mais soldados.

Com relação à Cuba, o governo Obama liberou viagens de norte-americanos ao país e aumentou o limite de remessas de dólares de cubanos radicados nos EUA a seus familiares. Mas renovou o decreto que mantém o embargo econômico e penaliza a ilha há mais de 40 anos.

A gestão também fechou a kafkiana prisão de Guantánamo, em Cuba. Mas quer instalar sete bases militares na Colômbia, ameaçando a soberania sul-americana.

Dá para notar as contradições de um governo que convive internamente com gente que há anos não faz outra coisa além de brincar de War.

Os feitos de Obama, por si só, não justificariam o Nobel. Mas o comitê organizador parece, pela primeira vez, ter optado mais por reforçar politicamente a posição pacifista de uma personalidade e apostar no que ela pode fazer do que propriamente homenageá-la pelo que já tenha feito. O prêmio fortalece o novo presidente no seu enfrentamento aos ‘falcões’ e viúvas de Bush.

A escolha pode ter soado estranha para quem está acostumado a ver o Nobel da Paz indo parar nas mãos de figuras incontestes como Madre Teresa de Calcutá, reverendo Desmon Tutu, Nelson Mandela e outros que realizaram grandes feitos.

Mas não esqueçam que, em 1906, outro presidente dos EUA ganhou a comenda da paz. Falo de Theodore Roosevelt, aquele cuja política exterior ficou conhecida como “big stick” (cacete grande, em português claro).

Nem precisa dizer mais nada, né?!

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