A crise "babélica" de quem ainda não se encontrou no poder
Insofismável: o Governo Rosalba Ciarlini (DEM) vive uma crise. Não é apenas financeira, além de administrativa, com inclinação para o descarrilamento político. Temos também uma crise “babélica”, de linguagem. De álibi.
O discurso não se sustenta. Começa de um jeito, passa para outro, pega atalho, dá uma pirueta e forma um oito.
Vejamos uma síntese desse emaranhado de argumentos e hipotéticos sofismas.
De saída, o Governo Rosalba Ciarlini alarmou: avisou que o Estado estava quebrado, por isso não poderia pagar as melhorias salariais a várias categorias de servidores. Era seria a razão. Faltaria dinheiro.
Depois, chegou a informar que o problema mais direto estava relacionado à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Ou seja, admitia pagar, mas num tempo mais adiante, quando houvesse condições em caixa e dentro da obediência à LRF.
Agora, mais recentemente, o principal porta-voz do governo, chefe de Gabinete Civil Paulo de Tarso Fernandes, entra noutra seara. Fala sobre ilegalidade das leis que asseguraram novas remunerações aos servidores.
Mistura deputados da legislatura passada e ex-governadora Wilma de Faria (PSB), numa caldeirada indigesta. Todos teriam sido irresponsáveis, na aprovação de cerca de 15 projetos com essa mesma essência, sem um estudo de impacto na folha de pessoal.
Em resumo: o Estado vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para sustentar a aspiração de simplesmente não pagar. Com ou sem limite prudencial da LRF, quebrado ou superavitário o Estado.
Quer zerar tudo.
Os efeitos colaterais desse comportamento oscilante, intempestivo e que alimenta o confronto, são ainda imprevisíveis.
Como há um fosso, um hiato, que novamente começou a separar sobremodo Estado dos servidores, tudo pode acontecer, em prejuízo ao administrado. Falo sobre o cidadão comum, que precisa de segurança, saúde, educação etc. a contento.
Claro que o Estado não pode arrecadar tão-somente para servir aos seus funcionários. Claro que é necessário uma sobra além do custeio, para investimentos.
Encontrar essa fórmula, pela via do confronto, é quase impossível.
A crise babélica revela que método e mentalidade desse governo são atrasados. Até o momento, apenas bota mais querosene na fogueira, vociferando em vez de falar.
Está ruim? Pode piorar.
O Estado não é a Prefeitura de Mossoró e o Rio Grande do Norte não é Mossoró.
Carlos Santos
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