A evolução pela linguagem
Ciência Hoje Online:
Evolução? Mudança!
A partir da falsa dicotomia língua primitiva X língua sofisticada, o linguista Sírio Possenti reflete sobre as adaptações da língua em diferentes sociedades, que adotam critérios próprios, de acordo com seu gosto e suas necessidades.
. Durante algum tempo (no século 19, basicamente, mas é incrível como o tempo ideológico não passa!) acreditou-se que as línguas evoluem. Segundo o sentido mais comum da palavra, defendeu-se que haveria línguas primitivas, precárias (crença que ainda persiste em muitos domínios). Elas seriam faladas por sociedades também primitivas. Ambas evoluiriam, tornar-se-iam mais sofisticadas, adquiririam mais recursos, capazes de permitir a expressão de formas de pensamento mais complexas.
. A tese caiu por terra em decorrência de dois argumentos: a) a análise das línguas ditas primitivas por gente que sabia o que estava fazendo mostrou que não há línguas primitivas, se elas forem consideradas ‘em si’, isto é, objetivamente, e em cada um de seus subsistemas (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica); b) a comparação com as línguas ditas civilizadas mostrou claramente que certos subsistemas (como o dos casos) são partilhados por línguas ditas de civilização e línguas ditas primitivas. Portanto...
. Na verdade, um terceiro argumento foi muito relevante: o latim e o grego, línguas altamente flexionais, sempre foram considerados exemplos de línguas ‘evoluídas’. Ora, essa avaliação deveria fazer com que o inglês fosse considerado ‘primitivo’, já que praticamente não tem flexões (poucas de número, nenhuma de gênero, pessoas verbais quase invariáveis etc.). Ora, considerada a ‘produção’ em inglês – literária, filosófica, científica etc. –, a tese é completamente insustentável. Portanto...
. Leia o texto na íntegra http://migre.me/9esCM
Evolução? Mudança!
A partir da falsa dicotomia língua primitiva X língua sofisticada, o linguista Sírio Possenti reflete sobre as adaptações da língua em diferentes sociedades, que adotam critérios próprios, de acordo com seu gosto e suas necessidades.
. Durante algum tempo (no século 19, basicamente, mas é incrível como o tempo ideológico não passa!) acreditou-se que as línguas evoluem. Segundo o sentido mais comum da palavra, defendeu-se que haveria línguas primitivas, precárias (crença que ainda persiste em muitos domínios). Elas seriam faladas por sociedades também primitivas. Ambas evoluiriam, tornar-se-iam mais sofisticadas, adquiririam mais recursos, capazes de permitir a expressão de formas de pensamento mais complexas.
. A tese caiu por terra em decorrência de dois argumentos: a) a análise das línguas ditas primitivas por gente que sabia o que estava fazendo mostrou que não há línguas primitivas, se elas forem consideradas ‘em si’, isto é, objetivamente, e em cada um de seus subsistemas (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica); b) a comparação com as línguas ditas civilizadas mostrou claramente que certos subsistemas (como o dos casos) são partilhados por línguas ditas de civilização e línguas ditas primitivas. Portanto...
. Na verdade, um terceiro argumento foi muito relevante: o latim e o grego, línguas altamente flexionais, sempre foram considerados exemplos de línguas ‘evoluídas’. Ora, essa avaliação deveria fazer com que o inglês fosse considerado ‘primitivo’, já que praticamente não tem flexões (poucas de número, nenhuma de gênero, pessoas verbais quase invariáveis etc.). Ora, considerada a ‘produção’ em inglês – literária, filosófica, científica etc. –, a tese é completamente insustentável. Portanto...
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