domingo, 29 de setembro de 2013

Sedentarismo adoece

Natal tem sido apontada nas pesquisas como uma das cidades mais sedentárias do Brasil. O Vigitel 2011, estudo do Ministério da Saúde que monitora a frequência e a distribuição dos fatores de risco e proteção para a Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), inclui a capital potiguar em algumas categorias. E todo esse sedentarismo é refletido no avanço dos males do coração.

Natal apresenta um índice de 52% de excesso de peso entre seus habitantes adultos. Acima da média nacional, que é 51%. No quesito obesidade, a cidade também ocupa lugar de “destaque”, estando com 21%, empatada com Rio Branco (AC) e Campo Grande (MS).

O cardiologista Carlos Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no RN, considera os níveis alarmantes. Ele chama a atenção também para o avanço das doenças cardiovasculares nas regiões Norte e Centro-Oste, além da Nordeste. 
“Será que o pessoal no Nordeste não está tendo atenção com os hábitos de vida, não está indo ao médico para ter orientação ou será que foi um erro estatístico?”, questiona Faria.

Para outras informações e orientações sobre prevenção de doenças cardiovasculares, consulte o site da Sociedade Brasileira de Cardiologia (www.www.cardiol.br). 

Seguindo tudo à risca
A personal trainer Aline Melo, 26 anos, não se preocupa apenas com a saúde de seus alunos. Ela não se descuida e diz estar sempre atenta ao seu bem-estar e ao funcionamento de seu organismo. Por isso, anualmente, faz um checape completo, vai ao cardiologista, faz teste de esteira, verifica a pressão arterial. 


Divulgação

Aline Melo, 26, é personal trainer e cuida do coraçãoAline Melo, 26, é personal trainer e cuida do coração

Todos os dias Aline também pratica uma hora de atividade física, alternando entre aeróbica (duas vezes por semana) e musculação. “Ter um sono bem tranquilo ajuda no rendimento do dia-a-dia.”

Aline também não se descuida da alimentação, incluindo sempre azeite em todos os pratos, e preferindo peixes e vegetais. Mas também evitando frituras e doces. 

Para a personal trainer, as pessoas se descuidam muito da saúde, principalmente com relação à atividade física. “Falta disposição e interesse. Elas querem um milagre! Só pensam em estética, mas quando surge uma osteoporose ficam lamentando”, comenta Aline, que também vê problemas na alimentação da população. “É tudo uma questão de hábito.”

bate-papo - Carlos Faria - presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no RNSobrepeso e obesidade têm avançado em todo o Brasil

Natal tem sido apontada como uma das cidades mais sedentárias do Brasil. Isso tem se refletido também nos índices de doenças cardiovasculares?
Tem aumentado. Uma pesquisa do Ministério da Saúde trouxe uns dados preocupantes, de que aqui no Nordeste a incidência de doenças cardiovasculares tinha aumentado, assim como nas regiões Norte e Centro-Oeste. Enquanto que no Sudeste e no Sul tinha diminuído. Será que no Nordeste o pessoal não está tendo atenção com os hábitos de vida; não está indo ao médico para ter uma orientação; ou será que foi um erro estatístico? Se não era notificado antes e está notificando agora significa que vai aumentar o número de pessoas com doenças cardiovasculares. Mas mesmo assim deixou um alerta. Nesse mesmo período, a pesquisa Vigitel 2011 trouxe outro dado muito preocupante para nós aqui de Natal. A cidade tinha o maior número de pacientes obesos e com sobrepeso. E esse perfil não mudou muito agora não! E no geral, no Brasil todo, aumentou muito o número de pacientes com sobrepeso e com obesidade. 
Magnus Nascimento
Carlos Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no RNCarlos Faria, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia no RN

Como você vislumbra o futuro desse homem dito moderno, vivendo em meio a tanto estresse, má alimentação e sedentarismo?
A epidemiologia das doenças tem uma transformação que é da própria evolução. Se você for considerar, por exemplo, o Brasil de anos, décadas atrás, havia uma epidemiologia que as pessoas morriam de desnutrição, de doenças infecciosas. Hoje ainda morre-se disso também, mas a incidência é menor. Naquela época, não se tinha doenças como câncer, os percentuais era menores; e o percentual de doenças cardiovasculares também era menor. Hoje os dois são maiores. Duas coisas aconteceram: a informação chegou mais, quer dizer houve uma ação não só da parte estatal mas da própria comunidade, de uma maneira geral, dos meios de comunicação, orientando essas pessoas; e houve com que deixasse de ter doenças infecciosas e viessem as doenças modernas, do primeiro mundo, que são as doenças cardiovasculares e o câncer. Isso já era assim nos Estados Unidos. Mas na África ainda existe muita gente que morre de doenças infecciosas. Lá não chegou o padrão, mas vai chegar um dia que a África vai ficar com um padrão epidemiológico igual do Brasil e dos Estados Unidos ou da Europa mais desenvolvida. Tem isso e também existem algumas doenças que têm aumentado muito por falta de orientação, como é o caso da diabetes, que tem aumentado muito a incidência; da pressão arterial, que podia diminuir mais; e das doenças cardiovasculares, que têm aumentado de uma maneira geral. Mas é por isso que nós fazemos essas campanhas porque depende não só do médico, como depende da forma de o médico convencer a população que ela tem de mudar o estilo de vida. 

Se o homem continuar neste ritmo, ele vai morrer mais do coração?
Vai! Mas tem uma coisa que, de certa maneira, ameniza: a evolução da Medicina. Novos meios de diagnósticos, que se pode fazer de forma cada vez  mais precoce. Talvez até um pouco dessa incidência menor dessas doenças cardiovasculares  e maior agora também se deva a isso. Porque antes as pessoas morriam e não se sabia de que. A tendência é aumentar muito, porque houve uma mudança. A obesidade, por exemplo. Nos EUA é um problema enorme. Eles gastaram milhões e milhões em prevenção em prevenção de doença, para ver se mudava o hábito de alimentação deles.  



Fonte:TN

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