sábado, 21 de setembro de 2013

Sebos ganham preferência dos leitores

Canindé do Sebo é o livreiro mais antigo de Mossoró, no ramo há pelo menos 17 anos
As livrarias estão fugindo de Mossoró. Por hora, o município de mais de 280 mil habitantes dispõe apenas de uma loja, localizada no único shopping da cidade. A Saraiva substituiu a Siciliano quando esta fechou em 2010, por falta de clientes. No mais, o mossoroense encontra algumas publicações na sede da editora Queima Bucha ou nas papelarias Independência e Asa Branca. A outra opção são os sebos, que ao contrário das livrarias, estão cada vez mais populares e se beneficiando de algo que segue em sua contramão: a internet.
Francisco Canindé Cordeiro de Freitas é conhecido na cidade como Canindé do Sebo. Há 17 anos no ramo, é o livreiro mais velho em atividade. Sua loja, um cubículo 3 x 3, fica localizada no shopping Oásis, no centro da cidade, mas ele já rodou por vários outros pontos. Chama atenção a desorganização do lugar. Livros entulhados impedem que o cliente entre no espaço, mas quem disse que isso é preciso? Basta perguntar que, como uma máquina, ele sabe não só se possui o título, mas onde ele está guardado. Mais que isso, provavelmente, Canindé já tenha lido a obra e pode comentá-la em detalhes.
Ser livreiro é uma paixão para Canindé, mas ele não nega que começou o negócio por necessidade. À época, por volta de 1996, ele entrou no ramo quando Gustavo Luz, o primeiro sebista de Mossoró, estava saindo. O dono da editora Queima Bucha tinha outros planos e Canindé o ajudou a se livrar do estoque de livros antigos. Como vendeu com certa facilidade seus primeiros livros, ele decidiu seguir carreira. Fez o nome próximo ao Colégio das Irmãs e hoje tem bala na agulha para manter seu escritório no coração comercial da cidade.
Quase sempre, Canindé recebe uma visita ilustre em seu sebo. Marcos Pereira é outro livreiro conhecido da cidade por dois motivos: o primeiro, por ter um dos acervos mais cobiçados; e o segundo, por ter feito fama com uma loja que só abre aos sábados, por isso o nome Sêbado. Marcos é dentista, por isso só pode abrir a loja, instalada em um conjugado da própria casa, uma vez por semana. Pela manhã, ele recebe os clientes e fregueses, mas à tarde, dedica-se aos amigos que vão lá ouvir música, cantar, recitar poesia e beber o que levam.
O Sêbado é uma tradição para os boêmios e artistas, mas também tem atraído muita gente nova que se volta à nostalgia dos livros raros ou mesmo dos vinis. Há oito anos no ramo, percebe-se que Marcos tem mais prazer do que trabalho naquilo que faz como hobby. “O Sêbado é um prazer que se renova a cada dia; o prazer compensa o trabalho”, garante.
Atualmente, Mossoró tem quatro Sebos abertos. Além do de Canindé e do de Marcos, funcionam ainda o de Maria Fernandes, também no Centro, funcionando há 10 anos, e o mais recente, o de Rafaela Costa, localizado próximo à Biblioteca Municipal. Contrariando as expectativas, os microempresários dos livros dizem que a vida de sebista não é fácil, mas garantem que a clientela só aumenta.
DEFATO

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